“O bom senso é a coisa mais bem distribuída do mundo: pois cada um pensa estar tão bem provido dele, que mesmo aqueles mais difíceis de se satisfazerem com qualquer outra coisa não costumam desejar mais bom senso do que se têm. Portanto, a diversidade de nossas opiniões não decorre de uns serem mais razoáveis que os outros, mas somente de conduzirmos nossos pensamentos por diversas vias e não considerarmos as mesmas coisas.”(René Descartes)
Amauri Nolasco Sanches Junior
Será que existe uma liberdade
plena? Existe uma maneira de falar o que pensamos? Acho que não.
Primeiro, ficamos preocupados com que as outras pessoas dizem de nós
e não achamos pertinentes dizer o que pensamos (não eu, mas, as
outras pessoas). Depois, o pessoal sempre fica preocupado em ficar
escolhendo um lado para ficar, porque parece que o povo não sabe ter
uma visão mais crítica dos assuntos. Mas, será mesmo que as
pessoas estão preparadas para não terem nenhuma opinião? Hoje todo
mundo sempre acha que tem opiniões e essas mesmas opiniões estão
certas, coisa muito estranha. Outra característica tem a nossa
cultura é que se tem que ter heróis e ídolos, como se as pessoas
são ídolos que devem ser adorados e não é bem assim. Tanto o
ex-presidente Lula – no seu primeiro mandato – tirou algumas
pessoas da miséria (eu tenho uma crítica muito longa sobre isso),
quanto o ex-juiz Sérgio Moro prendeu os corruptos, não passaram de
uma enorme obrigação.
Lula quando foi presidente uniu um
monte de beneficio em um só, para tentar tirar a maior parte dos
miseráveis – que sim, temos bastante nas periferias e no sertão
nordestino – da miséria errou em várias coisas. Por que eu vou
dar um cobertor para um morador de rua se ele vai continuar na rua?
No mesmo modo, não adianta beneficiar várias pessoas com
bolsa-família e a estrutura de onde vivem serem a mesma coisa, fica
igual o exemplo do morador de rua que eu dei, não adianta dar um
cobertor para ele, se ele quer ficar na rua. Não adianta ter
dinheiro e não ter um lugar bom para viver, e não tem como e nem
onde gastar esse dinheiro. Além disso, podemos dizer que o
ex-presidente era um funcionário publico e não fez mais que a
obrigação dele de arrumar e administrar o país, afinal, todos os
presidentes estão lá por voto e pagamos para ele resolver os
problemas administrativos.
Quando pensando no Moro temos a
sensação de uma pessoa que teve coragem de enfrentar muitas pessoas
corruptas e não teve medo nenhum. Mas, era um juiz federal e era
muito bem remunerado. Podemos colocar como um exemplo para os outros
juízes, mas, ele era – ou é ainda, mas agora, como ministro da
Justiça e Segurança Pública – um funcionario publico e ganhava
muito bem para fazer o papel que fez. Ou seja, as pessoas colocam
tanto o Lula como o Moro num patamar de ídolo,
como se fizeram algo bastante além daquilo que foram designados a
fazerem. Não são heróis, são funcionários públicos que deveriam
fazer o que fizerem.
As matérias tanto do The Intercept
Brasil, quanto os prints do Pavão Misterioso, são obras dessa mania
de colocar essas pessoas como seres acima do bem e do mal. Será que
não são humanos? Talvez, não são pessoas confiáveis ou pessoas
de moral duvidosa? O ex-presidente foi constatado que ele recebeu
propina de empreiteira, assim como, pagou parlamentares no esquema do
mensalão. Todos os processos tiveram provas e foram julgados
conforme os altos do processo e as delações que são pessoas que
eram ligadas no esquema. Não seria possível uma pessoa que usou o
velório da própria esposa – que todos nós sabemos que ele traiu
– como palanque politico, que colocou tudo em nome de parentes –
inclusive do filho – seja um inocente? Só por que ele fez com a
obrigação de melhorar algumas regiões, poderiam inocentar atos de
corrupção?
O Moro falar com procuradores não
quer dizer que ele não foi imparcial, pois, nosso sistema judiciário
está mais próximo do italiano do que do norte-americano. Então,
não teve nada demais de falar com os procuradores que se eu não me
engano, o próprio Moro disse que tentou sim, falar com os advogados
de defesa do réu. A questão gira em torno sempre do ídolo,
a pessoa que acha que essas pessoas deveriam ser endeusadas e não é
nada disso, só foram funcionários que fizeram o que fizeram e
ponto. O resto é papo furado.