O que finalmente eu mais sei sobre a moral e as obrigações do homem devo ao futebol... Albert Camus
Por Amauri Nolasco
Sanches Júnior
Em um mundo polarizado – que se criou dois polos opostos –
existem aqueles que são de um lado (de esquerda e defende ideias de esquerda) e
aqueles de direita (que defendem as ideias de direita), onde um lado pede
mudanças rápidas e o outro lado, pedem mais “cautela” para se fazer esse tipo
de mudança. Em um site de curiosidades chamado “Sabias Palavras” – nitidamente
de direita – fala de um vídeo da jornalista Liliane Ventura que fez severas
criticas sobre a imagem da cantora Anitta. Suas críticas se referem ao ir da
cantora em outros países e levar uma imagem das mulheres brasileiras para o
mundo. Ainda segundo o site, Liliane disse:
“Nós temos uma mulher que sai do Brasil e que teria o que contar, porque veio de um lugar sem eira nem beira. Ela tem história. Mas não, ela faz o papel de vagabunda”.
Antes de fazer um comentário (sempre na questão filosófica),
não gosto das musicas da Anitta e nem acho o que ela canta é diferente daquilo
que o Brasil sempre produziu como musica dentro da sua indústria cultural (sim,
o Brasil tem sua indústria cultural e seu centro é o SBT). Anitta (com sua arte
anal), não é diferente da Gretchen nos anos 80 e nos anos 90 teve programas
como banheira do Gugu ou coisas do gênero. Aliás, costumo me referir a essa
geração com suas postagens e as e-grls (que vou fazer um texto a parte), de
geração guguziana. Nunca tivemos tantas coisas mostradas como agora e
contaminamos os nossos vizinho, pois, já vi postagens de meninas colombianas
com musicas brasileiras (funk).
Agora vamos a opinião da “jornalista” – que sempre tira foto
com cara de “bunda” – que acompanhava sempre por causa das noticias que eu
escrevo (parei de seguir quando começou a ser “fanática”). Sempre quando
fazemos devidos julgamentos – bons ou ruins – devemos separar aquilo que é
publico e aquilo que é privado, pois, aquilo que se faz no palco não
devidamente as pessoas fazem em sua vida privada. A meu ver, as pessoas
deveriam se importar muito mais com as suas vidas do que as vidas das outras
pessoas.
A questão é: por que quando as pessoas começam a ficarem
mais velhas, começam a ter esse tipo de pensamento? Mesmo não gostando da
Anitta, não acho que ela é muito mais “vagabunda” do que outras mulheres que
fizerem o mesmo e, na verdade, nem gosto do termo “vagabunda”. Dá um ar de
“santidade” da pessoa que diz como se algum dia não fez nada de errado – e é
dito pela geração guguniana com mais facilidade – e sabemos que em todas as
gerações tiveram esse tipo de questão.
Mulheres brasileiras deveriam mostrar o que? O que Ventura
queria dizer “ela tem história”? indo muito mais além, por que a cantora faz “o
papel de vagabunda”? Pelo que eu sei, mulheres sempre foram “escravas” dos
homens, sempre fizeram esse “papel” ou para conseguirem o que comer ou onde
morarem, ou até mesmo, como sobrevivência. Desde muito milênios atras, as
mulheres foram tratadas como “vagabundas” como forma de satisfação masculina. O
que mudou é o poder da escolhe em ser “do lar” e fazer o papel que alguns
colocam de “vagabunda”. Quantos assédios acontecem por causa desse tipo de
pensamento? Que mulheres não tem direito de usar o que quiser? Agora mesmo
houve denúncias de garotas indígenas estupradas por garimpeiros ilegais por
causa de comida.
Ventura como jornalista deve saber que esse “tirar o Brasil essa
questão de turismo sexual” não é verdade, ainda se vem ao Brasil para terem uma
“transa” fácil. Essa “imagem” tem no mundo todo, mas, colocaram no pensamento
da geração guguziana – que até ontem se divertia com a banheira do Gugu e com
vídeos de gente caindo do alto e achando graça – que só o Brasil passa por isso
e no mais, a Madona sempre fez a mesma coisa e é tida como “rainha do pop”.
Como há dois pesos e duas medidas? Ou também fazem desse tipo de narrativa algo
padrão? Essa questão da “vagabunda” sempre foi uma questão muito mais de
ressentimento – como se homens rejeitados não devessem ser rejeitados ou
mulheres que não terem coragem de ser a mesma coisa – do que “´preservar’ uma
moral de rebanho como a maioria dos brasileiros adoram.
“Vagabunda” vs “do lar”
Liliane Ventura, como toda bolsonarista (leia-se,
reacionários), tendem a olhar o mundo de uma forma de uma visão antiga e que
não cabe no século 21. Como disse em um dos meus textos no Prensa, entre a
realidade e a verdade esta a normalidade. A verdade sempre vai se colocar como
algo subjetivo e sempre será algo imposto sobre prima dos valores que temos, ou
seja, tudo que convivemos sob o prisma da convivência da nossa cultura nos
recai no julgamento dessa verdade. A realidade é algo imanente – concreto e
objetivo – que tem a ver com aquilo que é sem que temos a percepção a todo
momento.
Portanto, condutas morais são verdades sociais. Segundo o
chatGPT:
“As verdades morais são geralmente consideradas como verdades sociais, ou seja, verdades que são consideradas válidas para uma sociedade ou grupo específico. Elas são construídas ao longo do tempo com base nas crenças, valores e normas compartilhados pelos membros da sociedade. No entanto, é importante notar que as verdades morais também são influenciadas por fatores culturais, políticos e históricos, e que podem variar entre diferentes sociedades e grupos. Além disso, é importante destacar que a moralidade é um campo de estudo que está em constante evolução, e que as verdades morais podem mudar ao longo do tempo.”
Ou seja, verdades sociais são o que somos enquanto povo e
não são realidades concretas. Realidades concretas se refere aos fatos e circunstâncias
que existem independente de nossa percepção ou interpretação. Ora, comportamentos
não são realidades concretas porque tem a ver com vontades e aquilo que desejamos
para obter felicidade e prazer, porque o ser humano sempre busca algo que não sabe
dizer. No caso da minha analise, a jornalista – como a maioria dos brasileiros –
acha (doxa) que comportamentos são imitáveis e se houver muitas mulheres como a
Anitta, Luiza Sonsa e afins, as pessoas vao imitar aquele comportamento. A imagem
do Brasil se mancha por causa da mania de não defender nosso país de abusos e
sim, ainda acontecem “turismo sexual”.
Sim, Jair Bolsonaro (PL) mesmo disse bem claro que os
estrangeiros podiam vim aqui transar com as meninas, mas, não podia pegar os
recursos. Ora, a jornalista deveria se informar mais. Mas, ao que parece, reacionários
bolsonaristas tem serias frustrações sexuais (não são santinhos, o próprio Bolsonaro
já disse que usava dinheiro publico para “comer gente”) e que tem varias características
de pessoas ressentidas. O fato é que a jornalista dizer que “aquilo é coreografia
de vagabunda” não vai mudar as questões entre o conceito da “vagabunda” e a “do
lar”. Como Ortega disse, eu sou minhas circunstancias e se muitas “meninas” começam
a ser assim, talvez, isso tem a ver com o abuso masculino que Pierre Bourdieu
denunciou.
referencia:
VÍDEO: Jornalista crítica Anitta e diz que cantora destrói a imagem das mulheres brasileiras