Amauri Nolasco Sanches Júnior
– bacharel em filosofia, publicidade e propaganda e TI
No seu livro “O Pobre de Direita”, onde o sociólogo de
esquerda Jesse Souza tenta entender o porquê existe pobre de direita (porque
para eles tinha que ser todos de esquerda), escreve:
"Sua mensagem chega aos ouvidos especialmente receptivos dos herdeiros das indústrias sujas e poluentes, como fabricantes de armas, produtos químicos, mineração e petróleo. Esses setores, que terão lucros crescentes a partir de estão devido a cortes de impostos e a suspensão das pesadas multas por agressão ao meio ambiente, serão os principais financiadores da "revolução reacionária" que passou a se chamar, como sempre de forma cinica, de "libertarianismo."
Há uma questão interessante na crítica de Souza que reflete
bem a visão da esquerda dentro do universo libertário. Segundo o sociólogo, o
libertarianismo nasce de filhos de industriais, que ele coloca como
“herdeiros”, nas indústrias bélicas e poluentes. Mesmo se isso fosse verdade,
não sei se era verdade, existe uma ética libertaria. Se uma empresa polui, por
exemplo, segundo a filosofia libertaria, ela deve pagar pela limpeza da
poluição assumindo sua responsabilidade. Parece que a crítica dele – como um bom
brasileiro médio – não tem um aprofundamento das obras libertarias e um estudo
mais aprofundado. A visão dele é de um Paulo Kogos fosse um representante
“master”.
Voltando ao não aprofundamento das coisas, vi isso lendo o
livro de Mario de Andrade, pois me perguntei: por que o brasileiro gosta tanto
de poesia? Em um primeiro momento, podemos até fazer ligação com o modo que
fomos colonizados (com a elite mais fraca de Portugal) e como a cultura cabocla
se fez junto com as modas de viola que vem dos trovadores. Claro, que em algum
momento, houve uma migração de trovadores. Por outro lado, com o lema “menos
esforço, mais lucro”, a poesia não precisa muito de aprofundamento e a
tendencia do brasileiro médio de fazer piada com tudo. O escarnio era uma marca
muito bem-vista junto com os travadores.
O libertarianismo não é uma “revolução reacionária”, pois, é
contrarrevoluções e violência por causa do Princípio da Não Agressão (PNA); ou
seja, somos contra prejudicar outras pessoas. isso me faz refletir a critica
que o economista e filosofo Murray Rothbard sempre recebeu por organizar e
idealizar o libertarianismo norte-americano. Mesmo o porquê, mesmo a crítica do
libertarianismo com a esquerda e principalmente, o comunismo socialista, também
não via de bons olhos o conservadorismo norte-americano. Muito embora, Rothbard
teve que “abraçar” pontos dentro do conservadorismo para colocar uma certa
ordem ao movimento libertário de lá (que só tinha usuário de maconha que não
fazia nada).
Se fossem financiados por essas empresas poluentes iriam ter
esse tipo de filosofia? Muito difícil. A questão é, a grande maioria desses donos
de empresas são muitos mais conservadores de uma América que ganhou dinheiro
explorando recursos naturais, explorando petróleo, caçando animais de lá e da
África, dando entender que não iriam parar. O fato de ter libertários ou ANCAPs
reacionários – tem um monte – não quer dizer que a essência do movimento também.
Assim como há ancaps bolsonaristas, há anarquistas bolsonaristas. E nem todos
são fascistas, todos só acreditaram em uma suposta mudança que não aconteceu.
Como a esquerda/Lula, também não mudou nada a vida do brasileiro médio.
Mas, por outro lado – sendo o advogado do diabo – existem muito
anarcocapitalistas que “mancham” o movimento e isso inclui o filosofo vivo Hoppe.
Aluno de Rothbard – a pouco expulsou do movimento libertário norte-americano um
outro filosofo que se posicionou a favor de Israel – não entendeu nada que seu
professor escreveu em seus livros. Atitudes como esta, reforçam a certa critica
igual do Souza como se ele construiu um arcabouço narrativo por causa do
reacionarismo de alguns.