Eu vi isso no LinkedIn do perfil Talento Incluir:
“E se alguém dissesse para você que 44% das empresas enfrentam dificuldades na contratação de pessoas com deficiência devido ao despreparo do RH, você acreditaria?’”
Sim, podemos dizer que acreditamos
e temos prova como as empresas, assim como a sociedade, enxergam as pessoas com
deficiência como pessoas infantilizadas e inúteis. Mas, há uma outra visão que a
Lei de Cotas (com várias críticas em sua composição) tem que passar socialmente:
o profissional com deficiência existe e está muito preparado para assumir seu
posto onde foi qualificado (muitas vezes, isso não acontece). Muitas vezes, o
profissional de RH (recursos humanos) tende a não ser preparado de lhe dar com
o profissional com deficiência, nem na hora de uma entrevista (averiguação da qualificação)
nem na hora a lhe dar suporte de adaptações adequadas dentro da empresa.
Hoje, mesmo que alguns conceitos
dentro do capitalismo brasileiro seja atrasado, se deve adequar as questões de
lei (legislativas) dentro do que chamamos de diversidade. Não, diversidade não é
“coisa de comunista”. Nem “coisa da cultura woke”. Aliás, os webcomunistas e os
wokes, tem atrapalhado um pouco nossa luta pela inclusão, por acharem que a
luta é deles, mas, como a filosofa Djamila Ribeiro disse em um livro, temos
lugar de fala. A frase <nada sobre nós, sem nós>, diz muito esse “lugar
de fala”. E pelo que vimos nas nossas pesquisas, as feministas no final dos
anos 80 tiveram papel importante em cunhar uma filosofia que colocasse a deficiência
na discussão, e como ela esta em toda parte da sociedade, as empresas tem que
se adequar dentro da sociedade no qual estão inseridas. Daí, em várias críticas;
há um conceito que o capitalismo brasileiro é bastante atrasado.
O atraso tem duas origens: uma é os
vícios que nossa sociedade tem que são evidentes (como a filosofia “menos
esforço, mais lucro”), outro é que por ser diferente, não vai trabalhar como as
outras pessoas. Mesmo que o Brasil foi colonizado na modernidade, sua modernização
industrial só começa nos anos 30 com o governo Vargas. Por quê? Por causa da nossa
elite rastaquera (quando iam para a França, os franceses diziam que a elite brasileira
não tinha cultura e, pelo jeito, continua não ter), o Brasil se arrasta em
modelos antigos e em uma cultura empobrecida e emburrecida para ter seus próprios
interesses (gerando a corrupção). A não fiscalização da Lei de Cotas tem a ver
com isso, quando o conceito de medicalização chega em 1926 com o projeto
Pestalozzi, se cria um conceito de não utilidade da pessoa com deficiência enquanto
ele não for “curado”. Só que há um porém: deficiências não são curadas.
Nem a deficiência é uma situação e
sim, uma condição. A nosso ver, não aceitamos a questão da deficiência como um símbolo,
porque ela é real. Sendo real, está na sociedade e pode acontecer com qualquer
um. As empresas estão contratando para não pagarem a multa, não é uma questão de
aceitação da diversidade. E isso começa com a questão da aceitação da realidade:
muitos dos conceitos fantasiosos vem da “síndrome de LinkedIn” onde tudo é
maravilhoso, cheio de frases motivacionais, mas que não discute a raiz ética do
problema. Pois, inclusão não é só uma questão de “conscientização”, é uma questão
de mostrar que as pessoas com deficiência são qualificadas. Que apesar da deficiência,
temos muito a oferecer como profissionais e isso tem a ver com o profissional
do RH.
As empresas tem que se adequar dentro
do que se chama de Gestão de diversidade e inclusão, pois, em um mercado cada
vez mais composto de investidores e consumidores, a questão da diversidade e inclusão
pode ser um diferencial e um avanço. Mas, muitas empresas levam só como uma questão
de imagem e não realizam na pratica – já viu um jornalista ou um publicitário cadeirante?
– gerando uma desconfiança da própria sociedade. Em uma ida ao shopping, por
exemplo, há muito pouco vendedores com deficiência ou atendentes com deficiência.
Muito poucas pessoas com deficiência tem cargos de gerencia, ou do próprio RH. E
o preparo do profissional para lhe dar com a deficiência como algo concreto, é
qualificar esses profissionais desde a entrevista.
Amauri Nolasco Sanches Júnior –
Bacharel em Filosofia, publicitário e técnico de informática
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