Amauri Nolasco Sanches Júnior
Faz tempo que não escrevo por causa das minhas tarefas e ultimamente venho estudando linguagem por causa das minhas inúmeras questões que evolvem inteligência artificial (IA), mas algo despertou meu lado escritor filósofo onde eu li um maravilhoso texto que tem a ver com fanatismo. Meu amigo do X (acho que posso chamar assim), o jornalista Miranda de Sá, que divide suas reflexões no seu blog e que nos fazem perguntar se aquilo, realmente, pode ser considerado fanatismo. E no texto, Miranda diz que “Trata-se de um vírus epidêmico no campo do pensamento para o qual a Filosofia não inventou uma vacina e nem as normas de comportamento social possuem a necessária eficácia para combate-lo.”.
Descordo do colega, pois, há uma grande resistência – isso desde tempos clássicos gregos – em assimilar pensamentos mais complexos e isso é uma questão de educação (somos uma hera utilitarista demais) e linguagem (os termos se simplificaram muito). Se o fanatismo é um “vírus epidêmico” e a filosofia seria a “vacina”, uma grande maioria da população é negacionista. Não tem senso critico porque ora o mundo ficou muito pratico entre a imagem e o som, ora porque há uma grande discussão na própria filosofia se a narrativa vigente vem de cima para baixo ou vice-versa. Lendo Peter Strawson com seu “Indivíduos”, descobri a metafisica descritiva e um meio de usar a linguagem mais assertivamente.
Strawson queria demonstrar uma linguagem muito mais clara e que faria parte do cotidiano, ou seja, a metafisica (como teoria da realidade) tenderia e seria muito mais útil, segundo ele, se fosse muito mais descritiva do que idealista. Ele nos faz lembrar que a realidade não se revela por sistemas abstrato, mas pela linguagem que usamos todos os dias. O fanatismo tem um caminho contrário, rejeita essa linguagem – ele quer dogmas, não descrição. E é por isso mesmo que a metafisica descritiva pode ser uma ferramenta poderosa contra o pensamento fanático: ela nos devolve o mundo como ele é, não como queremos que ele seja. Ou seja, o mundo é harmônico dentro de uma linguagem da verdade e não a linguagem da abstração idealista.
Mas o que seria “linguagem da verdade”? esse conceito eu construí a partir da leitura – ainda no começo da minha pesquisa – de Emanuele Severino (filósofo italiano) sobre Hegel, onde o filósofo alemão distingue a certeza (subjetiva) e a verdade (objetiva). Por exemplo, algumas pessoas têm certeza de que Fulano é honesto por causa das suas crenças que fazem acreditar em alguns discursos, mas a verdade nunca chega a realidade. Porque isso depende de ambientes e culturas, que constroem valores que podem ser éticos e podem não ser, gerando assim, um “loop” de certezas e nunca de verdades. Strawson diria que o importante não seria se “fulano” seja ou não honesto, mas o porquê acreditamos que ele seja honesto. Ai está um discurso abstrato (eu vou fazer) com o discurso descritivo (eu não fiz, mas eu dou a palavra que vou fazer).
A linguagem politica, seja ela bolsonarista ou petista/esquerda, beira ao populismo barato dentro de certas logicas linguísticas que estão dentro de discursos que são fáceis de serem entendidos Talvez, assim, existem meios de “gadificar” o discurso.
blog do Miranda: aqui