domingo, 16 de novembro de 2025

POR QUE CONCORDO COM A ESPECTRO CINZA?



"Eu sou eu e minha circunstância; se não a salvo a ela, não me salvo a mim".

 Meditaciones del Quijote (1914)

 

EspectroCinza >> por que eu protejo criminosos, mas odeio homens comuns?

 

 

isso daria um livro inteiro, mas no momento eu quero escrever um texto.

 

Texto que escrevo olhando na tela do meu computado refletindo sobre o que a Espectro Cinza (Glenda Varotto) disse em um vídeo que assisti e com um argumento impecável. Ora, ouvindo músicas do gótico oitetista-noventista pós-punk, tentando lembrar – assistindo alguns trechos – para argumentar aquilo que eu concordei. E ao mesmo tempo, lembrando aquilo que me fez fazer ligação do que ela disse e o que disse José Ortega y Gasset (1883-1955). As circunstâncias. Assim, as circunstâncias de Ortega tem a ver com o existencialismo, segundo nossas escolhas e a responsabilidade dessas escolhas. Por isso marxistas dizem que o existencialismo – que pensam estar morto – era uma filosofia burguesa, por causa da responsabilidade que cada escolha que temos. Para eles – que os pós estruturalistas herdaram – há um discurso de fetichização dos produtos e esse discurso faz com que tenhamos desejos. Só que há um problema: para alcançar o objeto de desejo muitas vezes, segundo os marxistas, se tendem a roubar ou a se prostituir.

Há um outro problema – segundo esse pensamento – se há pessoas que roubam e se prostituem, por causa da incapacidade de achar trabalho, como a grande maioria trabalha? Karl Marx (1815-1883), não era a favor de bandidos e até achava que “vagabundos” e prostitutas deveriam ser “eliminados”. Além disso, vamos fazer uma reflexão bastante profunda: por que vivemos em tempos que roubar, matar ou outra atrocidade, é menos relevante do que um membro da “machosfera” postar posts sobre as baboseiras que acreditam? Será que valores foram esquecidos? A Espectro no vídeo diz que um redpill, por exemplo, só é o que acredita porque teve seu desejo reprimido por causa da sua aparência, que também, tem a ver por causa da sua deficiência. Ora, no outro texto que eu escrevi sobre os INCELs, eu disse que teria todos motivos do mundo para ser um. Todas – ou a grande maioria – não quiserem ficar comigo, ora por causa da minha aparência, ou por causa do meu jeito de “ingênuo” que pensavam que eu era bobo. Eu conquistei uma sem querer. Mas, eu não tenho nada contra mulheres e nem as conquistas que tiveram, meu olhar sempre tem a ver mais da cultura medievalista moderna brasileira do que o feminismo.

Por outro lado, poderíamos nos perguntar: por que uma web puta, por exemplo, se torna isso? Elas são assistidas por outras garotas que não sentem vontade, ou exigem valores de não envolverem irmãos ou filhos, então, optam em só achar de mostrar o corpo de biquini (alguns dizem ser a mesma coisa, a meu ver, não é). talvez elas tenham sido criadas que o importante é o dinheiro, é o que você ganha e não o que você é e isso vale até para influenciadora como Virginia Fonseca. Por temos uma cultura elitista que ter dinheiro é um critério de ser sucedido, a visão distorcida não olha a ética e a moral de uma alta cultura onde os verdadeiros valores estão. Não estou dizendo que temos que ser moralistas “caga regra”, estou dizendo para gostar daquilo que faz bem, e que tudo que fazemos temos consequências. Ou seja, se você é uma web puta e no futuro não quer mais, vai ter suas fotos e vídeos por ai e muito pior na internet e isso vale com o crime, se se meter com o crime um dia será morto. Ou preso. Não tem como fugir dessa responsabilidade e as consequências desses atos. Mas, sendo incel ou outro tipo de “neomachista”, no máximo, vai morrer virgem. As músicas do funk proibidão, ou o que sabemos que acontece com meninas na favela, é muito pior do que um post de um incel.

Mas o que isso tem a ver com a filosofia? Tudo. Vamos ao caminho (metodós). Pelo que entendi do pensamento de Ortega, as circunstâncias são tudo que existe na realidade onde vivemos, então, ele está certo, a meu ver, temos que sentir o momento agora. O hoje é a questão da realidade possível, sentimos, vimos, falamos, se movimentamos e eu, escrevendo esse texto, sinto o teclado em meus dedos e fazendo barulho. Ou seja, minhas moléculas e suas vibrações, sentem as moléculas do teclado em vibração e o toque causa vibração no ar onde escoa o som. Isso é a realidade. O sensível (o que existe e o que sinto na realidade onde vivo) e o inteligível (no que estou pensando e imaginando em escrever). Ora, toda a realidade é aquilo que sentimos como aquilo que existe e tudo que existem, alguém imaginou e na imaginação tudo é perfeito. Mas, além das formas (Platão), tem a filosofia primeira (Aristóteles), onde, grosso modo, todo ser é ligado as causas e ao mundo. Hoje em dia, dizemos que a metafisica (ta meta ta physika), é a teoria da realidade. As circunstâncias tem a ver com as escolhas, com o ambiente, com a capacidade de superar algumas realidades.

A meu ver, não interessa muito o discurso (que os bolsonaristas chamam de narrativa por causa do Olavo de Carvalho), pois ou você aceira – de forma passiva – ou você não aceita rompendo a massificação. Isso esta perfeitamente no Mito da Caverna de Platão ou, contemporaneamente, no filme Matrix: ou você fica na Matrix e tem a aparência e faz o que a maioria faz na sua realidade, ou você sai de tudo isso e cria sua própria realidade. Daí entra em uma outra parte da filosofia – que hoje esta com Robert Sapolsky – que é o livre-arbítrio (que ainda não li o livro e não posso escrever agora). Somos livres mesmo para escolher? Eu penso que sim, não interessa se formigas não sabem ter liberdade, temos por causa da consciência da realidade e a noção de dor e prazer. Sabemos que se fizemos sexo muito teremos consequências no futuro – pelo menos com vários parceiros – e que se frequentarmos certos ambientes, esses ambientes além de nos moldar, terão consequências. Podem causar prazer (riquezas, luxo e certa liberdade) e dor (morte, isolamento e certa solidão).  Ou seja, a ideia da pílulas poderia ser assim, azul (dor e ilusão), vermelha (prazer e liberdade).




 



Nenhum comentário:

Postar um comentário