"Eu sou eu e minha circunstância; se não a salvo a
ela, não me salvo a mim".
Meditaciones del
Quijote (1914)
EspectroCinza >> por
que eu protejo criminosos, mas odeio homens comuns?
isso daria um livro inteiro, mas no momento eu quero escrever
um texto.
Texto que escrevo olhando na tela do meu computado
refletindo sobre o que a Espectro Cinza (Glenda Varotto) disse em um vídeo que
assisti e com um argumento impecável. Ora, ouvindo músicas do gótico oitetista-noventista
pós-punk, tentando lembrar – assistindo alguns trechos – para argumentar aquilo
que eu concordei. E ao mesmo tempo, lembrando aquilo que me fez fazer ligação do
que ela disse e o que disse José Ortega y Gasset (1883-1955). As circunstâncias.
Assim, as circunstâncias de Ortega tem a ver com o existencialismo, segundo
nossas escolhas e a responsabilidade dessas escolhas. Por isso marxistas dizem
que o existencialismo – que pensam estar morto – era uma filosofia burguesa,
por causa da responsabilidade que cada escolha que temos. Para eles – que os pós
estruturalistas herdaram – há um discurso de fetichização dos produtos e esse
discurso faz com que tenhamos desejos. Só que há um problema: para alcançar o
objeto de desejo muitas vezes, segundo os marxistas, se tendem a roubar ou a se
prostituir.
Há um outro problema – segundo esse pensamento – se há pessoas
que roubam e se prostituem, por causa da incapacidade de achar trabalho, como a
grande maioria trabalha? Karl Marx (1815-1883), não era a favor de bandidos e
até achava que “vagabundos” e prostitutas deveriam ser “eliminados”. Além disso,
vamos fazer uma reflexão bastante profunda: por que vivemos em tempos que
roubar, matar ou outra atrocidade, é menos relevante do que um membro da “machosfera”
postar posts sobre as baboseiras que acreditam? Será que valores foram
esquecidos? A Espectro no vídeo diz que um redpill, por exemplo, só é o que
acredita porque teve seu desejo reprimido por causa da sua aparência, que também,
tem a ver por causa da sua deficiência. Ora, no outro texto que eu escrevi
sobre os INCELs, eu disse que teria todos motivos do mundo para ser um. Todas –
ou a grande maioria – não quiserem ficar comigo, ora por causa da minha aparência,
ou por causa do meu jeito de “ingênuo” que pensavam que eu era bobo. Eu conquistei
uma sem querer. Mas, eu não tenho nada contra mulheres e nem as conquistas que
tiveram, meu olhar sempre tem a ver mais da cultura medievalista moderna
brasileira do que o feminismo.
Por outro lado, poderíamos nos perguntar: por que uma web
puta, por exemplo, se torna isso? Elas são assistidas por outras garotas que não
sentem vontade, ou exigem valores de não envolverem irmãos ou filhos, então,
optam em só achar de mostrar o corpo de biquini (alguns dizem ser a mesma
coisa, a meu ver, não é). talvez elas tenham sido criadas que o importante é o
dinheiro, é o que você ganha e não o que você é e isso vale até para
influenciadora como Virginia Fonseca. Por temos uma cultura elitista que ter
dinheiro é um critério de ser sucedido, a visão distorcida não olha a ética e a
moral de uma alta cultura onde os verdadeiros valores estão. Não estou dizendo
que temos que ser moralistas “caga regra”, estou dizendo para gostar daquilo
que faz bem, e que tudo que fazemos temos consequências. Ou seja, se você é uma
web puta e no futuro não quer mais, vai ter suas fotos e vídeos por ai e muito
pior na internet e isso vale com o crime, se se meter com o crime um dia será morto.
Ou preso. Não tem como fugir dessa responsabilidade e as consequências desses atos.
Mas, sendo incel ou outro tipo de “neomachista”, no máximo, vai morrer virgem. As
músicas do funk proibidão, ou o que sabemos que acontece com meninas na favela,
é muito pior do que um post de um incel.
Mas o que isso tem a ver com a filosofia? Tudo. Vamos ao
caminho (metodós). Pelo que entendi do pensamento de Ortega, as circunstâncias são
tudo que existe na realidade onde vivemos, então, ele está certo, a meu ver,
temos que sentir o momento agora. O hoje é a questão da realidade possível,
sentimos, vimos, falamos, se movimentamos e eu, escrevendo esse texto, sinto o teclado
em meus dedos e fazendo barulho. Ou seja, minhas moléculas e suas vibrações,
sentem as moléculas do teclado em vibração e o toque causa vibração no ar onde
escoa o som. Isso é a realidade. O sensível (o que existe e o que sinto na
realidade onde vivo) e o inteligível (no que estou pensando e imaginando em
escrever). Ora, toda a realidade é aquilo que sentimos como aquilo que existe e
tudo que existem, alguém imaginou e na imaginação tudo é perfeito. Mas, além
das formas (Platão), tem a filosofia primeira (Aristóteles), onde, grosso modo,
todo ser é ligado as causas e ao mundo. Hoje em dia, dizemos que a metafisica (ta
meta ta physika), é a teoria da realidade. As circunstâncias tem a ver com as
escolhas, com o ambiente, com a capacidade de superar algumas realidades.
A meu ver, não interessa muito o discurso (que os bolsonaristas chamam de narrativa por causa do Olavo de Carvalho), pois ou você aceira – de forma passiva – ou você não aceita rompendo a massificação. Isso esta perfeitamente no Mito da Caverna de Platão ou, contemporaneamente, no filme Matrix: ou você fica na Matrix e tem a aparência e faz o que a maioria faz na sua realidade, ou você sai de tudo isso e cria sua própria realidade. Daí entra em uma outra parte da filosofia – que hoje esta com Robert Sapolsky – que é o livre-arbítrio (que ainda não li o livro e não posso escrever agora). Somos livres mesmo para escolher? Eu penso que sim, não interessa se formigas não sabem ter liberdade, temos por causa da consciência da realidade e a noção de dor e prazer. Sabemos que se fizemos sexo muito teremos consequências no futuro – pelo menos com vários parceiros – e que se frequentarmos certos ambientes, esses ambientes além de nos moldar, terão consequências. Podem causar prazer (riquezas, luxo e certa liberdade) e dor (morte, isolamento e certa solidão). Ou seja, a ideia da pílulas poderia ser assim, azul (dor e ilusão), vermelha (prazer e liberdade).
Nenhum comentário:
Postar um comentário