quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Nova série: Todo mundo odeia o Gui



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Quem assume sua verdade age de acordo com os valores da vida, mesmo enfrentando o preconceito e pagando o preço de ser diferente, passa credibilidade, obtem respeito e se realiza.
Luiz Gasparetto


Vendo o caso do funkeiro nem-nem – nem carreira, nem música e nem talento – MC Gui, nós podemos concluir o tipo de educação que ele recebeu. Mas, como estamos numa cultura machista e que a palavra da mãe não tem tanta força – meu pai nunca se metia na educação da minha mãe – sabemos que o MC Gui teve a educação que menino pode fazer o que quiser e menina não pode fazer o que quiser. E antes do povo encher o saco, isso transcende a questão de direita e de esquerda. Mas, uma questão de empatia e não empatia. Pois, logo depois de apagar seus vídeos do stories, o “grande” Mestre de Cerimonias, disse que a internet estava chata e que não se pode postar mais nada. Será que a internet está chata ou estamos com uma geração que não pode ser frustrada com um simples não? Ou que o mundo não tem os valores que eles acreditam serem importantes? Há dois problemas muito importantes aqui.
Primeiro, essa geração foi criada na base da TV e na internet. Segundo uma palestra que eu vi, quando você não convive com seus amigos, quando você só tem e conhece pessoas virtuais e não tem a sensação de conhecer pessoas diferentes (por isso mesmo a importância da inclusão social), você começa a tratar o outro como coisa. Portanto, se uma criança não tem contato com pessoas com alguma deficiência, crianças com doenças ou orientações diversas, elas não tem nenhuma referência ao diferente. Então, essas pessoas são coisas, são apenas, objetos. Personagens de uma animação qualquer. Um segundo problema se faz presente quando observamos muitos pais incentivarem, não há cultura boa de uma música educativa e sem apelações verbais, mas, uma musica degradante. Eu fui criado dentro de uma boa música, pois, meu pai sempre nos educou dentro da música verdadeira (mesmo no rock). Ele tinha coleções dos Beatles e tinha (acho que ainda tem), um compacto do Alice Cooper, no qual, colocou sempre para eu escutar.
Eu sempre não gostei da cultura de massa, porque não me atraia. Claro, que dentro do rock sempre escutei coisas diferentes como Chico Science ou até mesmo, Mamonas Assassinas. Porém, sempre fui adepto ao metal, porque me atrai mais. Quando comecei a ler filosofia ai a coisa ficou pior, porque comecei a ver que a nossa cultura se alimenta da ignorância. Ou seja, o maior ato de rebeldia e não se render ao que a massa gosta ou aceita. Não adianta ser anarquista e gostar de cantores da massa. Não adianta estudar e gostar de músicas com letras pobres e música medíocre. O ESTADO se auto-alimenta com a mediocridade, porque pessoas medíocres são mais sucessivas a seguirem um espírito de “gado”. Em outras palavras, temos uma moral de rebanho. O filósofo do século dezenove – que era alemão – Nietzsche, que dizia que a moral de rebanho era um comportamento humano puramente submisso e que fazia as pessoas não refletirem os valores que dominavam a humanidade (alguns ainda seguem dominando). São os aristocratas (principalmente, nossa elite rastaquera), os chamados cavalheiros (não precisa ser gentil por causa de mera convenção), os cristãos e os burgueses.
Essa moral de rebanho que faz o homem se mover diante do hábito, ao costume. Assim, Nietzsche vai dizer que certos princípios, como da justiça ou a bondade, possam atuar e enriquecer nossa reserva ética e intelectual, se precisa obter ativamente superar aquilo que nos dão. Por que tenho que ouvir uma música por causa do outro que está escutando? Por que tenho que seguir uma religião que estão me colocando? Então. Para se conquistar isso, temos que combater a complacência, combater o comodismo moral ou outra coisa bem-soante que defina a moral de rebanho.
Não é diferente com a frase do Gasparetto – sim eu ouvia ele – você ser verdadeiro consigo mesmo, tem um preço muito caro a se pagar. A solidão é uma delas. Acontece, que somos ensinados que a solidão é algo ruim, mas, nem sempre é. As vezes, você quer ficar sozinho para ler um livro. Para repensar a vida. Ai, quando você deixa as formas medíocres de cultura de massa e começa a gostar de coisas belas e verdadeiras – nem que seja um metal bem pesado – sua realidade muda e muda sua maneira de ver o mundo. Um MC Gui perde a relevância, porque você não alimenta essa cultura dos fracos e imbecis.


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