Quem assume sua verdade age de acordo com os valores da vida, mesmo enfrentando o preconceito e pagando o preço de ser diferente, passa credibilidade, obtem respeito e se realiza.
Luiz Gasparetto
Vendo
o caso do funkeiro nem-nem – nem carreira, nem música
e nem talento – MC Gui, nós
podemos concluir o tipo de educação que ele recebeu. Mas, como
estamos numa cultura machista e que a palavra da mãe não tem tanta
força – meu pai nunca se metia na educação da minha mãe –
sabemos que o MC Gui teve a educação que menino pode fazer o que
quiser e menina não pode fazer o que quiser. E antes
do povo encher o saco, isso transcende a questão de direita e de
esquerda. Mas, uma questão de empatia e não empatia. Pois, logo
depois de apagar seus vídeos do stories, o “grande” Mestre de
Cerimonias, disse que a internet estava chata e que não se pode
postar mais nada. Será que a
internet está chata ou estamos com uma geração que não pode ser
frustrada com um simples não? Ou que o mundo não tem os valores que
eles acreditam serem importantes? Há dois problemas muito
importantes aqui.
Primeiro, essa geração foi criada na
base da TV e na internet. Segundo uma palestra que eu vi, quando você
não convive com seus amigos, quando você
só tem e conhece pessoas virtuais e não tem a sensação de
conhecer pessoas diferentes (por isso mesmo a importância da
inclusão social), você começa a
tratar o outro como coisa.
Portanto, se uma criança não tem contato com pessoas com alguma
deficiência, crianças
com doenças ou orientações diversas, elas
não tem nenhuma referência ao diferente. Então,
essas pessoas são coisas, são apenas, objetos. Personagens de uma
animação qualquer. Um segundo problema se faz presente quando
observamos muitos pais incentivarem, não há cultura boa de uma
música educativa e sem apelações verbais, mas,
uma musica degradante. Eu fui
criado dentro de uma boa música, pois, meu pai sempre nos educou
dentro da música
verdadeira (mesmo no rock). Ele tinha coleções dos Beatles e tinha
(acho que ainda tem), um compacto do Alice Cooper, no qual, colocou
sempre para eu escutar.
Eu
sempre não gostei da cultura de massa, porque não me atraia. Claro,
que dentro do rock sempre escutei coisas diferentes como Chico
Science ou até mesmo, Mamonas Assassinas. Porém, sempre fui adepto
ao metal, porque me atrai mais. Quando comecei a ler filosofia ai a
coisa ficou pior, porque comecei a ver que
a nossa cultura se alimenta da ignorância. Ou seja, o maior ato de
rebeldia e não se render ao que a
massa gosta ou aceita. Não
adianta ser anarquista e gostar de cantores da massa. Não adianta
estudar e gostar de músicas com letras pobres e música medíocre. O
ESTADO se auto-alimenta com a mediocridade, porque pessoas medíocres
são mais sucessivas a seguirem um
espírito
de “gado”. Em outras palavras,
temos uma moral de rebanho. O filósofo do século dezenove – que
era alemão – Nietzsche, que
dizia que a moral de rebanho era um comportamento humano puramente
submisso e que fazia as pessoas não refletirem os valores que
dominavam a humanidade (alguns ainda seguem dominando). São os
aristocratas (principalmente, nossa elite rastaquera), os chamados
cavalheiros (não precisa ser gentil por causa de mera convenção),
os cristãos e os burgueses.
Essa moral de rebanho que faz o homem se
mover diante do hábito, ao costume. Assim, Nietzsche vai dizer que
certos princípios,
como da justiça ou a bondade, possam atuar e enriquecer nossa
reserva ética e intelectual, se
precisa obter ativamente superar aquilo que nos dão. Por que tenho
que ouvir uma música por causa do outro que está escutando? Por que
tenho que seguir uma religião que estão me colocando? Então. Para
se conquistar isso, temos que combater a complacência, combater o
comodismo moral ou outra coisa bem-soante que defina a moral de
rebanho.
Não é
diferente com a frase do Gasparetto – sim eu ouvia ele – você
ser verdadeiro consigo mesmo, tem um preço muito caro a se pagar. A
solidão
é uma delas. Acontece, que somos
ensinados que a solidão é algo ruim, mas, nem sempre é. As vezes,
você quer ficar sozinho para ler um livro. Para repensar a vida. Ai,
quando você deixa as formas medíocres
de cultura de massa e começa a gostar de coisas belas e verdadeiras
– nem que seja um metal bem pesado – sua
realidade muda e muda sua maneira de ver o mundo. Um MC Gui perde a
relevância, porque você não alimenta essa cultura dos fracos e
imbecis.
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