sábado, 24 de outubro de 2020

Paulo Ghiraldelli Jr e a banalização da linguagem filosófica

 


Por Amauri Nolasco Sanches jr

  

Paulo Ghiraldelli Jr disse sobre o dono da Amazon, Jeff Bezos e sua ex-esposa: “Mulher do homem mais rico do mundo junto com o homem mais rico do mundo. Ele com o olho maior que o outro e ela com um pescoço de girafa e cara de bolacha regaçada. Mas que gente sovina, podiam bem ir a uma clinica de plástica ne?”

Para começarmos nossa analise temos que responder a uma única e básica pergunta: o que é a filosofia? Ora, quando entramos na questão, questionamos “o que é” e não “para que serve” e assim, investigamos a filosofia como daquilo que ele é (sua natureza) enquanto descobridora da verdade. Mas, a maioria, pergunta “para que serve a filosofia?”, dai esta o erro, porque damos uma utilidade definida para ela. Como diria Hegel, a filosofia é completa no sentido de investigação e indagação de si mesma se for preciso. Ela mesma se completa. Porque não existe nenhum campo que ela não atue, não tenha relevância.

Claro, podemos analisar corpos como podemos analisar obras de arte – na estética – onde as formas tornam uma analise mais profunda desses corpos. Paulo Ghiraldelli Jr – que é pós-doutorado e mestrado em filosofia – tem na sua filosofia, o slogan “desbanalização do banal”. Daí vem a questão: o que é o banal? Banal é algo trivial, sem nenhuma originalidade, aquilo que é comum ou ordinário, como uma conversa banal. Também se dizia aquilo que pertencia ao senhor feudal, porém poderia ser usado pelos seus vassalos desde pagassem o foro. Ora, se banal é algo trivial (algo vulgar ou corriqueiro), e o professor Ghiraldelli quer “desbanalizar o banal”, por que ele disse: “Ele com o olho maior que o outro e ela com um pescoço de girafa e cara de bolacha regaçada”?

O problema central ali do professor não é Bezos ter um olho maior que o outro ou a ex-mulher dele – no qual, Ghiraldelli nem se deu o trabalho de pesquisar e acha ser “a mulher do homem mais rico” – MacKenzie Scott ter um pescoço parecido com uma girafa e rosto de “bolacha regalada”, mas sim, sua linguagem. Ai temos que investigar a linguagem filosófica que chega ao escarnio, no caso da analise estética do caro professor. A primeira questão é: o que ele quis dizer com isso? Num primeiro momento podemos responder, que Ghiraldelli estava querendo dizer que nem sempre quem é o mais rico é o mais belo. Mas, a questão é outra, porque conhecemos suas estratégias.

Há muitos anos, quase no começo da internet, os livros eram vendidos por propaganda de e-mail. Ele e o Olavo de Carvalho usaram esse artificio e os sites e blogs, para venderem seus livros. Só que nas redes sociais – que não são direcionadas – tem que ser desenvolvida outras estratégias. Ter um publico cativo. Ghiraldelli sempre foi mais infeliz do que Olavo, porque mesmo o Olavo não tendo nenhum diploma – ele diz que tem, mas não fala da onde – ele tem mais visibilidade e anos de mídia. Ainda mais, os chamados “filósofos midiáticos”, sempre incomodaram o “filosofo de São Paulo”.

Sendo assim, a nossa analise pode levantar tal questão: será que Ghiraldelli é um ressentido, ao moldes nietzschiano? Pois, seria fácil construir uma face psicológica que mesmo todo seu esforço de ter seu trabalho reconhecido, não teve o reconhecimento que ele achava que tem. E podemos dizer que sim, há um professor que ensinou muitos conceitos da filosofia, mas, que se perdeu na sua própria vaidade de achar que só ele merecia tal credito. Caem no conceito orkutiano e dos muitos grupos do Yahoo, de atacar para não responder questões. E não é só ele, Olavo de Carvalho dentre outros, caem no mesmo vicio. E agora, mais do que nunca, Ghiraldelli vê no buraco que se formou na esquerda – onde os intelectuais lulopetistas tentam a todo custo defender o partido de  um golpe que nunca houve – uma chance de destaque.

Voltando ao problema central do texto, é só uma forma de destaque de um intelectual que quer desbanalizar a filosofia e ao mesmo tempo, banalizar a estética.  Ghiraldelli não é um filosofo. Ele não sabe = deveria saber – que esteticamente, que cada um pode estar satisfeito consigo mesmo. Afinal, estética vem do grego “aisthetiké” que significa sensação, ou seja, quando a filosofia (ou o filosofo) se dedica em estudar o belo, a beleza sensível, é a sensação que esse belo traz. Bezos pode não ser belo na aparência, mas, sua postura é nobre, austera como um homem que venceu a pobreza e se tornou o homem mais ricos do mundo. Destaque que o professor nunca conseguiu. Por que? Não percebeu que a filosofia não analisa pessoas e sim, fatos.

Eu, por exemplo, não me interesso com a vida do caro professor, com quem ele casa ou deixa de casar, mas, o que ele escreve e comenta (que diz ele, ser filosofia). Nesse caso, de uma forma provocativa, chamou atenção do Bezos ter ou não um olho maior que o outro, que eu nem reparei (na verdade, nem me interessou os olhos dele). Dai termina com a pergunta: “Mas que gente sovina, podiam bem ir a uma clinica de plástica ne?”. Essa não é uma pergunta provocando uma reflexão, porque a pergunta já começa com “gente sovina” de um modo irônico.

Sempre destaco que a ironia não é para qualquer um, pois fazer ironia – como os filósofos gregos faziam – tem uma forma e uma linguagem apropriada. Quando ele coloca “gente sovina” – pessoa avarenta – é pelo julgamento do que ele acha que Bezos junto com Scott,  deveriam fazer. Mas, e a liberdade de escolha? A questão entra no ser ele mesmo. Por exemplo,  eu posso ter o dinheiro de Bezos e não querer uma cadeira ultimo tipo. Porque a minha cadeira me faz feliz e vou onde quiser. É uma ilusão achar que ricos gastam dinheiro a toa, não gastam. Daí entra numa outra questão: o corpo é uma propriedade sua.

Dai vamos voltar a pergunta inicial: o que é filosofia? O que podemos dizer que a filosofia nos remete a reflexão muito mais profunda do objeto estudado – seja um objeto abstrato (como a beleza) ou um objeto concreto (como os corpos) – ou seja, temos que informar o caro professor, que defende o pragmatismo (filosofia americana), onde só é importante a pratica. Porem, o que ele fez foi só banalizar a filosofia.




2 comentários:

  1. É se não entendeu nada do que ele quis dizer mesmo. Provavelmente nunca leu nada dele.

    "“Mulher do homem mais rico do mundo junto com o homem mais rico do mundo. Ele com o olho maior que o outro e ela com um pescoço de girafa e cara de bolacha regaçada. Mas que gente sovina, podiam bem ir a uma clinica de plástica ne?”

    A critica dele não está ligada com nenhuma estetica - esse é o ponto. Bezos é rico e não tem nenhuma vaidadde quanto ao proprio corpo, isso não te deveria causar um estranhamento dado que esse mesmo homem é vaidoso o suficiente quando se trata de enriquecer ?

    E você parte para uma especulação sobre quem é o Paulo, diz isso "Eu, por exemplo, não me interesso com a vida do caro professor, com quem ele casa ou deixa de casar" depois de ter dito isso "Sendo assim, a nossa analise pode levantar tal questão: será que Ghiraldelli é um ressentido, ao moldes nietzschiano? "

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