terça-feira, 18 de abril de 2023

As vaquinhas explodem e a humanidade está emburrecendo

 




“Tudo o que era sólido se desmancha no ar, tudo o que era sagrado é profanado, e as pessoas são finalmente forçadas a encarar com serenidade sua posição social e suas relações recíprocas.” (Manifesto Comunista, de Karl Marx e Friedrich Engels)

 

Estamos na modernidade (alguns pensadores nos colocam como pós-modernos) e com a revolução industrial, houve uma grande evolução tecnológica para ampliar o meio de produção. Do mesmo modo que ficamos mais confortáveis com avanços tecnológicos – pessoas como eu, com deficiência, por exemplo, ficaram mais livres das amarras institucionais de assistência graças a essa tecnologia – ao mesmo tempo, se aumentou a desigualdade em países como o nosso. Pessoas ainda não estudam e não tem o que comer, não interessa o que nossa subjetividade nos mostre, há essas pessoas. Se foram suas escolhas, é um outro assunto.

A questão que quando você lê uma notícia que vacas estão explodindo (1), ai temos que fazer aquela reflexão se vale a pena mesmo conter uma produção tão grande. Na segunda-feira (10), no Estado norte-americano do Texas, varias vacas foram mortas porque a maquina que fazia drenagem na agua e da merda dos animais, superaqueceu. O gás metano nos peidos e dos arrotos das vacas, explodiu e matou 18 mil animais. Ou seja, as maquinas que deveriam facilitar a limpeza do estabulo (ou balcão) matou varias vacas e feriu gravemente uma funcionária.

A questão do emburrecimento tem a ver como manipulamos a tecnologia e como ela pode ajudar ou não o ser humano a facilitar o serviço. Nesse caso – não precisa ser um técnico nem biológico ou químico para saber – que uma maquina com riscos de superaquecer ou entrar em curso, com gás metano, iria explodir tudo. Experimente jogar um morteiro de festa junina em um bueiro, na sorte pode matar algumas baratas ou ratos. Mas, na pior das hipóteses, privadas irão explodir e vários esgotos irão pelos ares. No mesmo tempo que as pessoas ficaram felizes e confortáveis, a elite fica mais burra – diferente da elite burguesa renascentista ou iluminista – porque não precisa mais saber as coisas para fazer um negócio que dê lucro.

Se a elite que dentem maiores meios de produção e tem um maior poder de compra esta se emburrecendo ao ponto de ter antipatia pela vida (os seres vivos são um objeto de lucro), imagine um trabalhador assalariado que nem pode estudar direito. Na verdade, a internet nos mostrou que os iluministas (no sei ímpeto de libertar o ser humano do poder místico das religiões), criou sua própria metafisica sobre o conhecimento era uma mera utopia. O grande problema é que esse meio do conhecimento é dado ou liberado por governos, por interesses políticos, por ideários que só importam ao poder. Como disse Bacon, conhecimento é poder.

A humanidade deixou de ser humanista por conter ainda um núcleo antropocentrista que insiste – sem ter nenhum pudor – que graças a nossa inteligência (hoje muito discutida), o ser humano tem o direito de fazer o que quiser. Humanismo é a filosofia moral que vai colocar os seres humanos como importante no centro do mundo, ou seja, seria uma perspectiva muito comum de grande variedade de posturas éticas que atribuem uma maior importância a dignidade, capacidades humanas e, particularmente, a racionalidade. Qual o problema? Há uma discrepância entre deixar explodir vacas, caçar elefantes (para fazer artefatos com suas prezas), por exemplo, e enfiar cachorros em shopping. Claro, um comunista raiz pode dizer que isso tem a ver com a ideia capitalista, mas, como eu vejo além, isso tem a ver com a acomodação de não se questionar. O medo do ser diferente.

E qual o problema de ser diferente? O medo da solidão faz o ser social em ser o que se não é,  ou seja, o medo da solidão te faz ser solitário. A solidão é o mal do século porque todo mundo quer ser igual. Se padronizou como se padroniza uma linha de produção.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – filosofo, 47 anos

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