sábado, 22 de abril de 2023

Lulopetistas dos PCDs estão calados

 

Já faz bastante tempo que estou observando as questões seletivas do nosso povo, hora porque apoia aquilo que lhe convém, hora porque não tem a menos vontade de pesquisar. Na verdade – isso eu comprovei na minha aula de história que a professora ensinava que o “mar” de dentro da Europa (mar báltico) estava fechado e não tinha como os europeus passar ali – temos uma escolarização de baixa qualidade (vagabunda?) porque somos uma sociedade, ainda, escravocrata. Não precisa ser nem da esquerda lulopetista para reconhecer isso, nem mesmo de outra esquerda, para reconhecer isso. O próprio Adam Smith (o pai do liberalismo utilitarista), teve que reconhecer que temos um sistema de classes. E por isso mesmo,  com esse sistema de classes, os deficientes são marginalizados como pessoas diferentes que devem ser defendidas por serem sofredoras.

Esse discurso não é novo e nem recente, pois, quando você vê alguns países europeus adotarem o sistema de aborto com mães que terão possibilidade de ter filhos com síndrome de down (porque ainda há um discurso eugênico de perfeição como felicidade humana), você está vendo varias ideias de milênios que sobrevivem a isso. Tanto as questões espartanas – que alguns historiadores põem em divida, pois, não há nenhum indícios dessas mortes (mesmo no monte perto de Esparta) e a polis espartana teve um rei com deficiência – ate o grande preconceito romano onde mães chamavam seus filhos com deficiência de monstros.  Herdamos em cultura o modo tanto romano quanto grego, mesmo que outras culturas tenham matado seus deficientes também.

Será que vem da nossa parte pré-histórica? O antropólogo Yuval Noah Harari disse que ainda somos coletores e caçadores – isso alguns pesquisadores concordam – que fica mais fácil dizer que o preconceito vem dai. E a tecnologia? A era da técnica vem muito rápido e esta fazendo mudanças muito rápidas, e assim, o ser humano não tem como adaptar esse meio. Quando vários seres humanos não gostam de tecnologias ou tem medo dos LGTQI+, são trejeitos de um instinto que ainda persistem na maioria dos membros sociais. Ora, falta de cultura e educação, para sanar esse tipo de coisa, vem cada vez mais definhando. Hora porque temos ainda uma cultura escravocrata (que pobre não precisa estudar) e a maioria não reflete porque não tem tempo de refletir. Ainda, sem medo de errar, existem as redes sociais que todo mundo acha mais fácil falar e ver do que abrir um livro.

O fator do Harari (que não tivemos tempo de evoluir e adaptar) não pode ser uma desculpa nem para o preconceito (rejeição do diferente) e nem a falta de educação e escolaridade que faz um povo não ser crítico. O problema da deficiência é outro, pois, o corpo como sendo uma “maquina biológica” de produção que faz ter a mão de obra algo importante como base de uma sociedade, por outro lado, existe o mito que só corpos ditos “normais” podem e devem produzir e ser felizes. Estereótipos da beleza estética perfeita – não só na deficiência – vem fazendo meninas muito novas fazendo operações estéticas muito cedo. Buscam uma perfeição que não existe. Por outro lado, membros do lado marginalizado, vem se culpando por não ser o que a sociedade quer. Isso não é só culpa do capitalismo, pois, o capitalismo como sistema herdou várias questões que já existiam antes mesmo de existir.

Falas de Lula (que pediu desculpas tarde, aliás) e do Bolsonaro mostra que temos uma escolarização muito pífia e que a questão da deficiência tem raízes muito assistencialistas graças a nossa herança católica. O catolicismo e depois medicalismo (que herdou muitas coisas do catolicismo) vai colocar a deficiência e os transtornos como doenças e não são. Tanto deficiências como transtornos são condições e não aquilo que as pessoas são como tal. Mas, infelizmente algumas coisas persistem porque fazem parte do contexto social de uma tradição que não tem como quebrar a não ser pela escolaridade e, mesmo assim, ainda há muitas coisas que não tem como tirar de um povo que ainda não respeita plaquinhas. Ética? Moral? Não há ética e moral sem escolarizar os jovens e isso os romanos e gregos sabiam, mas, continuamos com uma ideia de um pais medieval que nos colonizou, que existe senhores de engenho e o resto é o resto. Podemos ver isso na nossa cultura sulista muito enraizada.

Mas há uma outra característica bastante interessante, se é uma cultura seletiva. Só vejo, só leio, só faço, aquilo que interessa. Nesse contexto, os conselhos e movimentos que apoiam o partido e o presidente da república, se calam diante da fala de Lula. Por que esse silencio dos conselhos (o CONADE é um deles)?  E os youtubers famosinhos que nem falaram nada contra? Ora, Marco Mion teve que entrar no meio para o Lula pedir suas desculpas e ainda dar uma desculpa dizendo que esta pronto para “evoluir”. Sei...


Amauri Nolasco Sanches Junior - 47 anos, filosofo e pessoa com deficiência 

 

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