Amauri Nolasco Sanches
Junior
Dias desses, lembrei de um episódio que vivi quando eu tinha
uns 10 ou 11 anos, quando eu estudava numa das unidades da AACD que ficava no
Colégio Rodrigues Alves (tradicional aqui em São Paulo e seu prédio tombado
pelo patrimônio histórico). Eu me lembro que tudo estava mudando ao redor do
colégio, mais escritórios sendo construídos, e também, o primeiro shopping a
ser inaugurado. Quando abriu, a coordenadora (nada a ver com a AACD, que aliás,
se soubessem, teriam mandado ele embora porque éramos indefesos), que era
também fono, combinou com uma atendente, outras terapeutas para irmos no
shopping. Mas ir a pé. Não teve cara feia. Não teve nada disso. Estávamos em
pleno ano de 1989. Entramos, começamos a olhar as lojas, e a professora nos fez
perguntar o preço dos produtos. O meu amigo até ganhou uma gravata. Por que
estou contando essa história toda? Porque eu acho que o segmento está fazendo a
inclusão de um modo errado e de um viés bastante ideológico.
As pessoas com deficiência têm que entender que inclusão não
é só um termo, é um ato. Atos não podem ser ideológicos e todo mundo sabe, que
inclusão não é tutelar seu bem-estar para político nenhum, seja ele qual for. Mas,
é um direito de cada um ter o ídolo ou ter a ideologia que quiser, o problema é
quando há uma generalização. Você votar e apoiar o Haddad, ótimo, seja feliz.
Mas quando um documento tem o nome “Pessoas com Deficiência com Haddad”, aí
fica parecendo que eu dei uma procuração para representar num documento. Só que
não. Eu não gosto que me imponham opiniões que eu não tenho. E outra coisa,
esse sim é um ato fascista de criar um fecho (união), para ganhar na marra como
se todas as pessoas apoiam o sujeito. O
problema não é votar ou não no Bolsonaro, o problema é tutelar uma inclusão ou
titular nossa luta num partido (logo o Haddad) como se houvesse só aquele
partido ou aquele candidato.
Eu não gosto do Bolsonaro. Não acho que ele esteja preparado
para assumir um governo. Porém, graças a polarização que dês dos anos 80, o PT
começou a implantar no país. Por outro lado, eu acho que pessoas com
deficiência não deveriam se deixar levar por partidos ou pessoas, porque
sabemos que depois das eleições, tudo é esquecido. Porque o ESTADO é uma
estrutura difícil de mudar (não impossível), onde há estruturas que tem a ver
com o capital. Por isso mesmo tenho várias críticas ao anarcocapitalismo por
achar que existiria um capitalismo sem o ESTADO, pois, não há razão nenhuma de
acreditar que se pode existir um capitalismo no meio de sociedades anárquicas. Não
que o grande inimigo é o capitalismo, assim como a tecnologia, o capitalismo é
um instrumento econômico para gerar produção e bens e serviços. O problema é o
capitalista – aquele que gera a produção – e sua intenção, onde pode melhorar o
país, ou só vê o seu e achar que está bom.
Outra coisa, construções de ídolos ou de salvadores da
pátria, nunca deram certo. O processo de construção de ídolos, mostra a
fraqueza do ser humano de se sentir inferior ao outro ser humano, porque se começa
a querer tutelar a sua vida ao outro. A vulnerabilidade vem do medo e o medo –
como forma de mudança da realidade onde se vive – causa o ódio, a insegurança,
o abandono, a falta de critérios racionais. Onde estão funcionários como
mostrei no começo do texto, que levam pessoas com deficiência num shopping para
aprender a comprar? Não existe mais. Não porque acharam que não deveriam fazer,
mas, as pessoas com deficiência se acomodaram em suas situações cômodas em
acharem que esta bom. O PT acomodou essas pessoas. O PT nos fez pensar que
poderíamos comprar e fazer o que quiséssemos, pois, não poderíamos. A questão
do LOAS é uma questão que se deveria ser discutida e separada da previdência –
como se fosse um outro benefício – para ser melhor pago. Porém, é um método muito além do que hoje –
nessa bola burocrática – poderia ser mal feito.
Portanto, nem todas as pessoas com deficiência apoiam Haddad
e nem cultiva ídolos.
Fiquei 7 meses internado na sede fazendo uma reabilitação,consegui fazer algumas mudanças com os voluntários que Leiam aos sábados e aos domingos, Você tem toda razão com o seu texto, o PT nos transformou numa classe que deve ficar em casa descansando e acomodados,Provavelmente para ele somos uma massa que não é produtiva, e não deve dar muito voto... Erro grande deles!!
ResponderExcluirisso mesmo
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