quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Nem todas as pessoas com deficiência estão com Haddad




Resultado de imagem para caricatura cadeirante

Amauri Nolasco Sanches Junior

Dias desses, lembrei de um episódio que vivi quando eu tinha uns 10 ou 11 anos, quando eu estudava numa das unidades da AACD que ficava no Colégio Rodrigues Alves (tradicional aqui em São Paulo e seu prédio tombado pelo patrimônio histórico). Eu me lembro que tudo estava mudando ao redor do colégio, mais escritórios sendo construídos, e também, o primeiro shopping a ser inaugurado. Quando abriu, a coordenadora (nada a ver com a AACD, que aliás, se soubessem, teriam mandado ele embora porque éramos indefesos), que era também fono, combinou com uma atendente, outras terapeutas para irmos no shopping. Mas ir a pé. Não teve cara feia. Não teve nada disso. Estávamos em pleno ano de 1989. Entramos, começamos a olhar as lojas, e a professora nos fez perguntar o preço dos produtos. O meu amigo até ganhou uma gravata. Por que estou contando essa história toda? Porque eu acho que o segmento está fazendo a inclusão de um modo errado e de um viés bastante ideológico.

As pessoas com deficiência têm que entender que inclusão não é só um termo, é um ato. Atos não podem ser ideológicos e todo mundo sabe, que inclusão não é tutelar seu bem-estar para político nenhum, seja ele qual for. Mas, é um direito de cada um ter o ídolo ou ter a ideologia que quiser, o problema é quando há uma generalização. Você votar e apoiar o Haddad, ótimo, seja feliz. Mas quando um documento tem o nome “Pessoas com Deficiência com Haddad”, aí fica parecendo que eu dei uma procuração para representar num documento. Só que não. Eu não gosto que me imponham opiniões que eu não tenho. E outra coisa, esse sim é um ato fascista de criar um fecho (união), para ganhar na marra como se todas as pessoas apoiam o sujeito.  O problema não é votar ou não no Bolsonaro, o problema é tutelar uma inclusão ou titular nossa luta num partido (logo o Haddad) como se houvesse só aquele partido ou aquele candidato.

Eu não gosto do Bolsonaro. Não acho que ele esteja preparado para assumir um governo. Porém, graças a polarização que dês dos anos 80, o PT começou a implantar no país. Por outro lado, eu acho que pessoas com deficiência não deveriam se deixar levar por partidos ou pessoas, porque sabemos que depois das eleições, tudo é esquecido. Porque o ESTADO é uma estrutura difícil de mudar (não impossível), onde há estruturas que tem a ver com o capital. Por isso mesmo tenho várias críticas ao anarcocapitalismo por achar que existiria um capitalismo sem o ESTADO, pois, não há razão nenhuma de acreditar que se pode existir um capitalismo no meio de sociedades anárquicas. Não que o grande inimigo é o capitalismo, assim como a tecnologia, o capitalismo é um instrumento econômico para gerar produção e bens e serviços. O problema é o capitalista – aquele que gera a produção – e sua intenção, onde pode melhorar o país, ou só vê o seu e achar que está bom.

Outra coisa, construções de ídolos ou de salvadores da pátria, nunca deram certo. O processo de construção de ídolos, mostra a fraqueza do ser humano de se sentir inferior ao outro ser humano, porque se começa a querer tutelar a sua vida ao outro. A vulnerabilidade vem do medo e o medo – como forma de mudança da realidade onde se vive – causa o ódio, a insegurança, o abandono, a falta de critérios racionais. Onde estão funcionários como mostrei no começo do texto, que levam pessoas com deficiência num shopping para aprender a comprar? Não existe mais. Não porque acharam que não deveriam fazer, mas, as pessoas com deficiência se acomodaram em suas situações cômodas em acharem que esta bom. O PT acomodou essas pessoas. O PT nos fez pensar que poderíamos comprar e fazer o que quiséssemos, pois, não poderíamos. A questão do LOAS é uma questão que se deveria ser discutida e separada da previdência – como se fosse um outro benefício – para ser melhor pago.  Porém, é um método muito além do que hoje – nessa bola burocrática – poderia ser mal feito.

Portanto, nem todas as pessoas com deficiência apoiam Haddad e nem cultiva ídolos.

2 comentários:

  1. Fiquei 7 meses internado na sede fazendo uma reabilitação,consegui fazer algumas mudanças com os voluntários que Leiam aos sábados e aos domingos, Você tem toda razão com o seu texto, o PT nos transformou numa classe que deve ficar em casa descansando e acomodados,Provavelmente para ele somos uma massa que não é produtiva, e não deve dar muito voto... Erro grande deles!!

    ResponderExcluir