“O
objetivo não é que as mulheres tirem o poder das mãos dos homens,
pois isso não mudaria nada. A questão é exatamente destruir essa
noção de poder.”
Simone
de Beauvoir
Nesta última sexta-feira (15), a
roqueira Pitty e a funkeira Lexa foram convidada para cantarem em uma
festa universitária no interior de São Paulo (São José dos
Campos). Eis que de repente, Lexa pára o show para dizer que a equipe
de palco da roqueira (Pitty), não teria lhe deixado ver o show em um
canto do palco e que, seguranças da Pitty, teria maltratado duas
bombeiras que estavam trabalhando naquele evento. Ainda, Lexa disse
lutar pelas mulheres e que mesmo que a equipe da Pitty tenha feito
isso, lhe admirava bastante. Por outro lado, Pitty ligou depois para
a equipe da funkeira dizendo não entender o “babado” e que
admirava Lexa e queria entender a questão. Em reposta a um seguidor,
Pitty disse estar cansada de “passar pano” para Lexa e que estão
“caçando confusão” onde não tem nenhuma. Fonte (aqui).
Simone de Beauvoir – não me interessa
as teorias neuróticas da direita americana – dizia que a mulher
não nascia mulher na sua obra “O Segundo Sexo”. Será que ela
dizia que a mulher não pertencia ao gênero feminino? Nada disso.
Ela quis dizer que a mulher não nasce com o estereotipo que empoem a
ela a sociedade, recatada e do lar, a imagem da mãe perfeita, a
imagem de que estamos acostumados de ver. Para Beauvoir, todas as
imagens que pensamos ser naturais de uma mulher, são construções
sociais. O psicanalista francês Jacques Lacan, tem a mesma ideia e
disse, que a mulher não existe. Embora a nova direita rastaquera não
entenda e a esquerda acéfala use para seus fins políticos, o
feminismo vai muito além do que cagarem em fotos, deixaram o sovaco
peludo ou acharem que todo homem um estuprador em potencial (garanto
que não quero estuprar ninguém), e sim, uma atitude na anulação
de poder. Existem homens que aprenderam que homens são provedores,
que homens não choram (mentira), que homens são os reprodutores e
sim, deveriam seguir a educação que suas mães deram. O machismo,
pelo menos para mim, é a infantilidade e a insegurança de uma
sexualidade de verdade. Homem que é homem não precisa bater na
mulher. Homem que é homem não precisa estuprar e nem transar com
várias mulheres, mas, ser seguro de si mesmo e do que é de verdade.
Tanto Lexa, quanto a Pitty, lutam uma
mesma causa e se tem um problema. Lexa canta um ritmo que já existem
letras que dizem para o homem drogar as mulheres e estuprá-las,
danças que pensam que estão empoderando, mas, não é diferente das
mulheres antigamente que eram forçadas a se entregar. Ou elas acham
que os homens fazem o quê ao ver elas dançarem daquele jeito? Por
outro lado, a Pitty deveria saber que ninguém confessa
declaradamente que judiou de uma pessoa por causa da nossa cultura de
“passar pano”. Temos a tendência que só porque é amigo ou
parente, pode ser considerado como um santo na face da terra e não é
bem assim. Meu pai tem um pensamento ótimo para isso, quando uma
pessoa te fala algo, não precisa acreditar, somente observa. Exato.
Não se precisa acreditar naquilo, mas, começa a observar se aquilo
é verdadeiro ou não, porque onde há fumaça, pode ter fogo. E por
outro lado, amigos, amigos, negocio a parte.