João Pedro Stedile – dirigente do MST
– disse em entrevista da UOL (Universo Online):
“O
papel do Lula não é com a esquerda, o papel do Lula dura com as
massas. Por quê? Porque o Lula foi o produto daqueles 40 anos de
mobilizações de massa, que começaram nas greves históricas de
1978 e 1979 das quais ele emergiu como líder operário. Seguiu com a
luta das Diretas, seguiu com a luta da Constituinte, seguiu com toda
a luta que houve depois. Então Lula é a expressão, é a
simbologia. Ele é maior que ele mesmo. É maior que o PT, é maior
que a esquerda. Ele é a simbiose do povo brasileiro num só. Então
ele, livre, cumprirá um papel que nenhuma outra pessoa pode fazer,
nenhum outro candidato, se você quiser.”
Uma
primeira pergunta nos vem na cabeça quando lemos isso: será que
Stedile esqueceu que o Lula é um ex-presidente? Acho que não. Essa
fala dele não tem nenhuma diferença das propagandas soviéticas de
Josef Stalin (1878 – 1953), Adolf Hitler (1889 – 1945) na
Alemanha e na Itália fascista com Benito Mussolini (1883 – 1945).
Aqui não me interessa se Stalin era de esquerda e Hitler era de
direita – para um anarquista tudo é a mesma coisa – e sim, o
culto a personalidade e da mentira contada muitas vezes. Sabemos que
os 8 anos que o ex-presidente Lula ficou no governo ele não fez a
reforma agrária. Muito pelo contrário, Lula não fez nada para
melhorar a infraestrutura do povo do campo e o povo do sertão
nordestino. Ele não é pobre e muito menos operário, porque depois
que ele entrou na politica, passa a não ser mais da massa, não só
porque ganha dinheiro, mas, já não tem a visão da massa.
Agora
vamos analisar as falas do dirigente do MST. No primeiro paragrafo
lemos que o Lula não tem o papel junto da esquerda, mas ele tem o
papel durável junto com a massa popular. Para entender essa fala
temos que entender o que é a esquerda e o que é o petismo em sua
essência. A esquerda politica verdadeira – não essa caricatura
que temos não só da esquerda, mas a direita também – vem da
revolução francesa que era a ala que queria mudanças da politica
na época. O que se chama de esquerda (pelo menos no Brasil), tem
várias ideologias que cabem dentro dali. Vamos colocar na analogia
de ter onde ir, mas, existem vários caminhos a seguir. Também
depende muito da cultura e do país que se constrói o que é
esquerda e o que é direita, porque depende muito do que se pensa no
que é ser liberdade. Por exemplo, nos Estados Unidos da América, os
liberais e os libertários são de esquerda, porque direita é só os
conservadores (não só de costumes, mas de conservar instituições
politicas americanas). Aqui o rolo é mais complexo. Todo mundo pensa
que ser de esquerda é ser comunista e progressista (o progressismo
não é novo, veio com o iluminismo no século dezessete e dezoito),
mas, existem outras alas da esquerda brasileira como o trabalhismo
varguista (sim, Vargas era uma politica de esquerda) e a
social-democracia e muito outros.
O
PT (Partido dos Trabalhadores) é trabalhista varguista e a estrela
no centro da sua bandeira, mostra a estrela central do trabalhismo
justo e igualitário (num outro texto, talvez, posso discuti essa
simbologia). O socialismo é um governo que educa a grande massa a
ser homogênea e unida num desejo só e consumir só aquilo que seja
necessário, ou seja, ela não destrói o capitalismo e sim, muda
esse capitalismo de mãos. Ou seja, o socialismo não quer acabar com
o capitalismo e sim, mudar esse capitalismo das mãos dos
capitalistas, para o ESTADO. Acontece, que o poder seduz muito mais
do que o dinheiro e não se teve nenhum país socialista que se
tornou comunista. Mas, nem sempre o capitalismo é santinho, há sim
exploração que precisa ser reprimida e combatida, mas, não acho
que há uma guerra de classe. Portanto, essa desigualdade é um erro
do próprio ESTADO (ou é provocado para dividir para melhor
governar), porque um povo melhor educado, melhor cuidado e melhor
remunerado as riquezas vão aumentar naturalmente.
Então,
com o trabalhismo varguista populista e com o discurso de guerra de
classes usando a desigualdade brasileira, Lula se mostrou uma lenda
daquilo que nunca foi. Existem vídeos que mostram que ele fala
números que não existem, dizia coisas que não existem e se fez
nesses 40 anos. As chamadas greves históricas de 1978 e de 1979 –
quem é filho de metalúrgico e quem conhece metalúrgico a vida
inteira sabe – que eram greves que serviam para enxugar as fábricas
e ter motivo de demissão por justa causa. Por que será que elas
terminaram com a fundação do PT? Hoje ainda tem esse tipo de greve?
Acho que falta para o nosso povo esse tipo de questionamento e uma
visão crítica da questão politica e de crenças – há uma
diferença gritante entre ser religioso e estar numa espiritualidade
– onde uma visão cética é importante.
Depois
ele (Stedile) trabalha a questão do “endeusamento” do Lula muito
bem. Stedile diz que Lula seria uma espécie de expressão e assim,
existe uma simbologia em torno da figura do ex-presidente. Ainda,
chega a dizer que o canalha Lula é maior que ele mesmo. Ele é uma
simbiose – uma espécie de unidade – de toda massa popular mais
carente. Assim, segundo o “sem-terra”, ele livre cumprira o que
nenhum outro candidato podera cumprir. Só que ele foi presidente e
não cumpriu e não me venha falar que a elite não deixou, porque a
elite estava toda a favor do Lula em seu governo e ele não fez nada.
Esse “sebastianismo” - que tem a ver a simbólica figura de Dom
Sebastião que era rei de Portugal e foi morto lá, levando muitos a
esperar sua volta mesmo assim – mostra como nosso povo precisa de
figuras divinizadas para se sentirem representados. Mas, qual melhor
representação seria melhor do que a si mesmo?
#300DiasDeGoverno https://t.co/otS3v6e7ET
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— Amauri Nolasco Sanches Júnior - o filósofo (@FilosofoAmauri) November 6, 2019
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