sábado, 16 de novembro de 2019

A utopia liberal e a democracia de microditaduras



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O português afirma que em termos menos técnicos será possível chamar a este último tipo “os imbecis”. 



Ser de esquerda é, como ser de direita, uma infinidade de maneiras que o homem pode escolher de ser um imbecil: ambas, com efeito, são formas de paralisia moral.


O próprio filósofo Luiz Felipe Pondé chamou os liberais de utópicos, mesmo ele sendo da direita. Isso não quer dizer que ele tenha ido para a esquerda, mas, que ele fez uma análise muito mais cética do problema. Há vários anos venho analisando que as ideologias estão perdendo força, porque elas se distanciaram da grande população para idealizar utopias cada vez mais distante da realidade. Não importa se você é liberal, comunista, conservador e etc, o boleto vai chegar na sua casa e você vai ter que ter o dinheiro para pagar esse boleto e isso é fato. Mesmo o porquê, as ideologias, seja de esquerda, seja de direita, não resolveram nenhum dos problemas do século 20, porque os economistas não entenderam, que a questão ultrapassa a ordem econômica e cai, sem dúvida nenhuma, na ordem da vontade humana. O ser humano não é uma máquina e se ele não quiser comprar, ele não compra. Se ele não quiser trabalhar, ele não trabalha.
O sociólogo italiano Domenico de Masi, no seu livro “Uma Simples Revolução: trabalho, ócio e criatividade – novos rumos para uma sociedade perdida” (sim, o nome é bastante grande), diz que as democracias, que dizem ser liberais, compota dentro delas pequenas ditaduras. Ele dará um exemplo bastante interessante, embora possamos “escolher” representantes do legislativo e o chefe do executivo, não se escolhe o chefe da sua sessão que você trabalha, você não escolhe o chefe da sua família, não escolhe o pastor da sua igreja ou o bispo da sua região. Vou muito mais longe do que Masi, não podemos escolher o judiciário e também, não podemos escolher nem ao menos, os diretores de nossas escolas (seria um treinamento em tanto para a cidadania). Segundo Masi, estamos entrando numa sociedade pós-industrial que ainda – mesmo com as máquinas – pensa de acordo com o pensamento nipônico de produção. Se o comunismo mostrou que não passa de uma utopia – pois, nenhum país passou do socialismo a uma sociedade comunista – o liberalismo está mostrando que também não vai dar certo como ideologia salvadora. Então, o que colocar no lugar?
Masi vai dizer que a sociedade pós-industria (automática) vai transcender a sociedade baseada na economia e isso é fácil de constatar, quando olhamos muito além da compra e da oferta. O sociólogo defende o ócio criativo, ou seja, as sociedades que se desenvolveram de forma rápida, são as sociedades que sabiam que deveriam ter momentos de trabalho e momentos de descanso. Numa sociedade onde se usou o método taylor-fordista de montagem e logo depois, começaram a copiar o modelo japonês – mesmo o PIB americano ser muito maior que o PIB japonês – não há lugar para o ócio e a criatividade e os problemas se acumulam cada vez mais. Masi constatou o que Max Weber e eu também constatamos, que países protestantes – liderados pela Alemanha, terra natal de Martinho Lutero – tem mais produtividade, porque sabem que trabalhadores, tanto braçais, quanto intelectuais, precisam de laser e tempo para a família. Por isso mesmo, seus cidadãos são cada vez mais, educados. Os países católicos latinos, são mais propensos em trabalhar mais. Enquanto os protestantes querem elevar a vida, os católicos querem deitar nos seus travesseiros tranquilos.
Duas religiões com a mesma matriz: Jesus, o Cristo. Do mesmo modo, o liberalismo e o comunismo tem a mesma matriz – pelo menos, na discussão ideológica – a filosofia de Rousseau. Enquanto o liberalismo diz que a propriedade é legitima e portanto, é individual e privada, o socialismo/comunista diz que não é privada e sim, de todos. Propriedade, realmente, é uma coisa bastante relativa. Na verdade, a propriedade foi inventada para a parte jurídica avaliar os casos de roubo e constatar, que uma propriedade é uma posse de algum bem. Segundo o site Jus: “Propriedade é o direito real que dá a uma pessoa o domínio de um bem, em todas as suas relações, expandido também ao direito de usar, gozar e dispor. Ao proprietário também é dado o direito de reaver a coisa caso alguém venha a tomar posse de forma injusta.”. (aqui).
Uma cadeira de rodas poderia ser minha, como poderia ser de outra pessoa. Assim como, esse notebook está na minha posse e no entanto, foi da minha noiva. A questão é uma metalinguística para se apoiar o poder legítimo de um objeto, se for roubado é meu e quero reaver – mesmo que, na maioria dos casos, não se devolve nada – mas, é taxado como se você pagasse duas vezes por aquilo. Uma casa é sua como uso e fruto, mas, se você não pagar o imposto dela, passa a não ser sua. Na verdade, o ESTADO tem o poder legítimo da violência e se você se rebelar, ou não pagar seus tributos, você passa a ser violentado psicologicamente e moralmente, por não ter feito aquilo. Resumindo: ou você faz, ou você tem que fazer.
Assim, Pondé tem razão, o liberalismo é uma grande utopia.



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