segunda-feira, 31 de agosto de 2020

O cristianismo que nunca foi seguidor de Jesus Cristo




“A Igreja é exatamente aquilo contra o qual Jesus pregou e contra aquilo pelo qual ensinou os discípulos a lutarem.” 

Nietzsche em Vontade de Poder (1901)




Por Amauri Nolasco Sanches Junior 




Jesus sempre lutou contra os hipócritas e sempre pregou que quem tinha fé naquilo que dissera, sempre iria ser seu seguidor. Depois de dois mil anos de hipocrisia, sangue derramado ou queimado, e na modernidade, um cristianismo separado por teologias diferentes, podemos constatar o mesmo que o filósofo Nietzsche: o cristianismo se transformou em tudo o que Jesus combateu e foi condenado por isso. Exato. Religiões de massa são sempre perigosos e servem para dominar a grande massa politicamente, seja no modo moral (onde o ponto fundamental é o medo) ou no ponto de levar uma nação inteira numa guerra. Até mesmo, há o uso politico para levar uma pessoa a presidência ou ao poder, como acontecia com os reis e imperadores. 

Jesus não ficava no meio dos imperadores e poderosos, ele ficava no meio dos “pecadores”. Poderíamos chamar eles de marginalizados, ou seja, aqueles que sempre ficam a margem da sociedade. Mas, como podemos ver nos últimos acontecimentos, parece que os ensinamentos de Jesus foram levados a conjuntura da hipocrisia para uma elite sempre ganhar com a fé das pessoas. Flodelis, a pastora que matou seu marido (que era seu filho adotivo e genro), nos leva a refletir sobre o que Jesus pregou ao longo de 3 anos de sua jornada. Será que matar é permitido dentro do cristianismo? Ou será que o novo testamento prega a verdadeira fraternidade entre os seres humanos na face da Terra? 

Pelo que li e pelo que analisei várias obras teológicas, que Jesus era um avatar. Segundo eu li, os hindus acreditam que os avatares sãos enviados para colocar a humanidade no seu rumo, ou seja, em direção de uma Divindade sem nome ou sem definição certa. Os antigos sabiam que não poderiam definir essa divindade, pois, não dá para definir algo que só temos a intuição da sua existência. No próprio evangelho – no Velho Testamento – Moisés pergunta qual seria o nome dessa Divindade e ele responde que “sou o que sou”, porque além de não se ter uma definição, ainda, ele é um ser por si mesmo. A definição de “ser” é a existência de alguma coisa. Ou seja, na filosofia, tudo que existe acaba sendo o ser. Mas, nesse contexto, o ser é um ente completo por si mesmo independente da sua existência. Você pode dizer que o “unicórnio é” sem ao menos, ele existir de verdade, porque ele já existe no imaginário. 

O que é a realidade? Será mesmo que só a religião pode explicar o começo? Há, sem dúvida nenhuma, o mérito da religião dar ao ser humano sua base moral. Embora, muitos chefes dessas religiões, usarem para fins políticos, a religião vem moldando a moral humana desde sempre. Porém, a que preço?


domingo, 30 de agosto de 2020

Por que o segmento de PCDs é tão covarde?

Coragem ou Covardia? - CVV | Centro de Valorização da Vida

 


Por Amauri Nolasco Sanches Junior


A pergunta seria: qual o preço de uma covardia de não se ir atrás daquilo que você mais quer na vida? Qual o preço a pagar quando não falamos aquilo que estamos sentindo? A questão sempre paira entre a realidade que achamos que estamos vivendo ou a realidade que, realmente, existe dentro de uma simetria temporal. Ou seja, quando falamos de realidade, falamos de objetos que existem independente daquilo que percebemos com nosso intelecto. Por exemplo, a cadeira de rodas que estou sentado existe independente se eu ou outro individuo estiver sentado, assim, sua realidade não é a única entre muitas realidades. Mas, dentro da luta das pessoas com deficiência, existem aqueles que colocam a “cara a tapa” e vão a luta e outros, que não querem nem saber. 

O que eu entendo por “pessoa covarde”? Uma rápida “googada”, você encontra o significado de covardia, que é a ausência de coragem. Todas as pessoas que não demonstram coragem, são pessoas, pelo menos para mim, que ou procuram agradar todo mundo para conseguir mais afetos (isso inclui não querer bater de frente com a família) ou são pessoas que se autoalienam ou são alienadas da sua própria realidade. Ou elas não entendem ou não querem entender, que ninguém vai fazer por elas aquilo que elas mesmas devem fazer por si mesmas, sendo sempre, autônomas ou, não se atentaram, que a Lei da Inclusão (leia-se estatuto das pessoas com deficiência), tirou qualquer questão de tutorização de pessoas que tem consciência das suas faculdades mentais. Ou seja, se você não é uma pessoa com deficiência mental grave, então, não tem nenhum tutor e pode responder pelos seus atos e não atos. Se sua vida está uma “merda”, a culpa é toda sua. 

A covardia também, se transveste de conceitos religiosos que são, muitas vezes, consolos dos ressentidos. Mas, vou bem além, o ressentido é aquela que tem raiva daquele que conseguiu, aquele que foi além das enumeras caixinhas ideológicas e religiosas, e alcançou seu objetivo. Temos que superar esses conceitos e aceitar que não há ninguém e nada que vai nos levar naquilo que queremos, naquilo que podemos alcançar. Isso se chama: vontade. Todo covarde (aquele que não demonstra coragem), tem alguma vontade, mas anula essa vontade para ficar com seu “cobertor de Linus” (personagem do Snoopy que carregar um cobertor) e ter um lugar seguro e quentinho sem enfrentar a realidade. Qual realidade? Não é a realidade que nos impõem como a unica, mas a realidade de fato, sem as amarras do conceito vigente. 

Uma outra característica que vem da nossa cultura – e somos filhos da nossa cultura pela educação e convivência social – é a mesquinhez, cuja a origem, pesquisadores não encontraram. Uma pessoa mesquinha sempre é uma pessoa que não gosta do sucesso do outro, aquele que acha que o outro tendo sucesso, vai ser um possível concorrente. Tenho dois amigos, uma amiga surda faz livros para pessoas que fazem implante coclear (que são aparelhos instalados por cirurgia) e muitas outras coisas – quem quiser ler o blog dela (aqui) – e muitas pessoas criticam o seu trabalho, mas eu sempre digo que sou fã dela. Outro amigo é musico e conheço a anos, até, graças a minha mãe, descobri que nos conhecemos na AACD muitos anos atrás (eramos garotinhos). Eu sempre compartilho os vídeos da banda dele. Por quê? Porque o sucesso deles podem ser espelho para o meu, pode ser que muitos podem fazer sucesso com deficiência através deles, abrindo vários caminhos e demonstrando que a deficiência não atrapalha a vida. 

Exatamente. Juntando a covardia de pessoas que não sabem nem o que querem ou o que gostam, então, como querem dar alguma opinião? Aliás, opinião nem é demonstração de conhecimento, pois, só é achismo e todo achismo não corresponde a realidade. Todo achismo tem a ver com suas próprias crenças, e muitas vezes, as crenças são apenas lendas do que a sociedade conta. Muitas dessas lendas são o começo do preconceito, daquilo que prejulgamos como sendo real, e não são. Pelo que vejo, é muito mais confortável viver assim e ter uma vida de “merda”.




sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Declinação da moral no ocidente

 

Rei dos Reis (1961) - Cultura Projetada
O “Evangelho” morreu na cruz. (Nietzsche)

Por Amauri Nolasco Sanches Junior 


As pessoas pensam que o anarquismo é uma baderna e não tem ordem nenhuma e isso não é verdade. Primeiro, essa imagem do anarquismo como um cara que não tem nenhum comprometimento nem consigo e muito menos, socialmente, advenho da indústria americana de cinema. Porque sabemos que os governos não querem que descobrimos, que o maior inimigo do povo, é e sempre será o estado. Pois, a questão sempre foi em ser a favor de mais estado ou ser a favor de menos estado e no final das contas, o povo que é o mais prejudicado nessa história. Os liberais querem menos estado e não reconhecem legitimidade para aquelas que não querem ele, acham o anarquismo (e seus derivados) como uma utopia (aquilo que nunca poderá acontecer). Os conservadores querem menos mudanças – os que querem a monarquia e tudo que vem do passado são os reacionários (vide contrarrevolucionários) – porque são muito céticos a mudanças rápidas. 

Em contrapartida, ha dentro da esquerda – do mesmo modo da direita – vertentes que defendem que o estado deveria aumentar criando estatais e burocratizando ele. Ou seja, há pessoas – principalmente, os socialistas/comunistas – que querem um estado com mais indústrias e com mais burocracias que colaboram com a ditadura, colaboram com a corrupção porque neutralizam os mecanismos de investigação e achado do agente da corrupção. Na verdade, os liberais clássicos (e porque não, os neoliberais) e os socialistas/comunistas querem é apenas reprogramar o sistema. Isso mesmo, o grande problema da humanidade nunca foi os governantes, que eram escolhidos ou chefes naturais dos clãs, e sim o sistema que colabora com a violência e com a coerção. Mais além do que isso sempre é a questão da moral, que é, uma única questão que tem a natureza humana em si. 

Segundo as pesquisas e filosofias muito antigas, o ser humano foi um animal gregário por ser um dos troncos dos primatas. Isso não deveria conter duvida, porque vivemos em sociedade desde quando a evolução nos separou – numa consciência diferente – dos nossos parentes primatas. Resta nós indagarmos se essa natureza gregaria é só quando tratamos de família (clãs), ou se somos gregários, socialmente, porque nos foi imposto pelo discurso do estado, ou somos assim por natureza. Dizem as pesquisas, que o ser humano construiu sociedades porque havia uma necessidade criada pelo processo de plantação e colheita. Mas, como vamos saber se o estado criado para garantir a ordem – pois várias famílias começaram a se agregar em um só território tendo vários conflitos – não pode ter imposto isso? Será que ficamos reféns de uma instituição que nossos antepassados criaram para garantir a segurança? 

Não sabemos. Mas, eu como um anarquista posso garantir que sigo uma moral. Claro que não a imposta, cheia de “politicagens” e de momentos da história que não cabem mais em 2020. Sigo morais que são naturais como não matar, não agredir se não for agredido, não violentar ninguém e sempre buscar o que tenho vontade. Essa coisa que os anarquistas não terem nenhum lema moral, sempre advêm do cinema americano, que claro, coloca sempre o anarquismo como sinônimo de bagunça e assim assegurar a posição democrática que, muitas vezes, é transformada como ditadura da maioria. Por outro lado, a culpa não vem só do estado e sim, do sistema tanto politico (que tem a ver com as ideologias politicas que existem ou pode ser inventadas) ou o moralismo (que pode vir de uma ordem filosófica ou religiosa). A meu ver, as ideologias e a dicotomia politica que existe desde os tempos da revolução burguesa (leia-se, direita e esquerda), são formas de “reprogramação” desse sistema (como esta na música da Pitty). Ou seja, sempre quando se permite outro sistema politico (como as enumeras ideologias), na verdade, estão reprogramando o sistema. 

Por muito tempo, por exemplo, se idealizou que as pessoas deveriam se preservar antes do casamento para dar de presente sua “virgindade”. Só que sempre havia dois problemas: 1-) os homens não obedecia por sermos uma cultura machista e 2-) os casais no final das contas, faziam escondido ou a pessoa prometida sempre era traída. Essa forma de controlar o crescimento populacional, no final das contas, nunca deu certo porque nunca se explicou o real motivo dessas morais impostas. Aliás, mais da metade da moral da igreja cristã – que Nietzsche vai dizer ser um platonismo para o povo – são morais muito mais politicas do que morais espirituais, porque não há nenhuma lógica que a divindade esta preocupada com o ser humano entre milhões de galáxias. No mais, quem pode garantir que essa mesma divindade esta preocupada com isso? Acho bastante estranho que um ser humano entre bilhões, seja o escolhido de representar a divindade por aqui. Não é que não acredito em nenhuma divindade, mas não acho que essa divindade tenha que ter “porta-voz”. 

Quando dizemos que há uma realidade, dizemos que há uma entidade que existe por ela mesma (res) e que tem característica daquilo que existe por ela mesma (idade). Ora, se eu estou vendo um potinho cheio de granola, eu sei que esse potinho existe e lá dentro existe a granola. Isso, são termos que foram ensinados para designar um objeto e esse objeto, talvez, ter um objetivo. A questão é que se você começa a acreditar em objetos que, talvez, não existe e que está muito além da nossa compreensão. Portanto, a meu ver, não existe uma moral inviolável, mas, uma conduta que cada um de nós tem que ter para sermos chamados de humanos e uma delas é respeitar o outro como individuo e como ser autônomo da sua vontade. Exato. A vontade é uma potencialização daquilo que desejamos e potencializamos como ato, sendo sentimentalmente, ou racionalmente. Portanto, se declina esse tipo de moral, para colocar a degenerada, que é a que precisa do medo para acontecer, um ser superior, um rei universal. Tirano.


sábado, 8 de agosto de 2020

Temos mais um ‘escroto’ do momento

Homem que humilhou entregador de comida tem identidade revelada
Mateus agrediu motoboy, que também se chama Matheus

 



Por Amauri Nolasco Sanches Junior




Todos que sentiram, como eu, alguma empatia com o entregador de comida do aplicativo Ifood, teve uma educação, minimamente, compatível com os reais valores dentro do que temos como o bem. Mas, o que eu vejo, muita confusão o que é o bem e o que é o bom. Bem é algo que procuramos diante da felicidade e todo aquele que devemos ou deveríamos, ver como um igual. Ou seja, todo aquele ser humano que merece um minimo de respeito. O bem, a meu ver, é um ato e nesse ato – como diria o velho Aristóteles – começa com a ética (ethos), porque a ética não pode ser só teórica, ela precisa ser prática. Embora muitas pessoas leem obras de ética, estudam até direito, mas na pratica não sabem agir. Prova disso foi o desembargador que humilhou os policiais municipais em Santos. Entre outras situações, que na essência, são pouco ética.

Ora, se o bem é um ato de agir sobre a ética (que se for copiado se torna uma moral), o bom é uma qualidade de ser coerente e não menor. Por outro lado, o bom pode ser um adjetivo de ser aquilo que se é de modo impecável. Por exemplo, posso ser bom na escrita em trazer clareza as minhas ideias e escrever esse texto, mas, sou muito ruim dentro da física por causa das equações. Alias, isso que Sócrates ao dizer que nada sabia, ensinou com sua filosofia, pois, tudo aquilo que eu não sei, não posso opinar e só, aquilo que eu sei eu serei capaz de ensinar. Desde o tempo da “mosca de Atenas” - como ele era conhecido – as pessoas acham que sabe aquilo que não sabe, porque ouvem as pessoas dizerem e não sabem nada. Isso transcende o dinheiro. Os maiores ignorantes de Atenas eram da elite dominante da época, que embora estudassem com os maiores retóricos e sofistas da época, nada sabiam daquilo que estudavam. Não é muito diferente daquilo que vimos hoje nas mídias sociais, se fala muito daquilo que não sabem.

Aquilo que se “acha” bom, é todo aquilo que se enxerga a partir dos seus próprios valores. Como adquirimos esses valores? Não é só quando aprendemos com os outros, mas quando recebemos como educação de casa, tanto teórica, quanto a prática. Se um homem trai a esposa, o pai – também muitas mães intensivam como prática de “homem” - deu o exemplo que todo homem deveria ter uma amante, assim como, quando a mulher trai, ele também teve vários exemplos em casa. Todo ser humano é educado e tira como valores o bem, assim, a bondade é o início do caminho do bem (que muitos filósofos vão dizer como bem maior). A bondade sempre é o ato do bem (ser ético) com o que é justo. Muitas pessoas usam a expressão “se achar bom” de um modo errado, porque se a pessoa “se acha” ela encontrou o que ele é “boa” e se ela “se acha” boa, não há como julgar se aquilo pode ou não te prejudicar. Porque o problema aqui, é quando esse “se achar” implica uma agressão a uma outra pessoa e não mostrar suas habilidades em coisas que sabe.

O “achar” é um verbo transitivo direto e quer dizer encontrar algo por procurar esse algo, mas também, tem o modo figurativo que tem o significado em realizar algo novo ou descobrir. O “se achar” é o descobrir o que você realmente é, ou seja, ser bom tem a ver em descobrir em sempre realizar algo novo saindo do “sentimento de rebanho”. Ou eu pode dizer “eu acho” para realizar um pensamento e passar esse pensamento para outras pessoas, que pode por ventura, também ser usado como um “talvez”. Então, quando você sabe, você demonstra e não diz. Mesmo o porquê, quem muito fala, pouco faz como diziam grandes pensadores.

Ora, por toda minha vida – onde descobri que as pessoas tinham pré-conceito – sempre achei o pré-conceito algo ilógico que em muitos casos, vem da educação familiar. Nada tem com o dinheiro ou outro conceito. Tem a ver aquilo que aprendeu durante a vida, ou nos primeiros anos de sua vida. Mas, também tem a ver com o modo que o sujeito lida com a realidade no qual se encontra. O que levou o rapaz do chinelo de borracha dizer tudo aquilo para o trabalhador que foi entregar sua comida? Será que foi no modo figurativo de “se achar” ou o modo do senso comum em “se achar”? O “achar” nesse caso, é ele concluir sem ao menos saber se realmente, o entregador teria uma “inveja” das famílias ali se nem sequer o entregador dizer isso. Podemos concluir que é uma mera opinião, que gera um pré-conceito daquilo que se pensa saber. Por outro lado, Platão diz que opinião não é conhecimento. Agora, quando o sujeito de chinelo de borracha diz que o entregador está com inveja da cor dele, colocou um ponto moral e violou a biologia, pois, moralmente, racismo é imoral e é, exclusive, contra a lei vigente. Biologicamente, o racismo não se sustenta porque somos uma espécie só.

Nesse momento, li a informação que o sujeito do chinelo de borracha tem uma deficiência mental. Ora, primeiro, que o conceito de deficiência – que sei muito bem – é aquilo que falta, mas, podemos colocar como aquilo que não está normalizado. Na maioria das vezes, quem tem uma deficiência mental, se comporta como uma criança e a criança não tem discernimento. Ou seja, se ela fizer algo, moralmente, errado, quem responde é o pai ou a mãe. Não porque ela não tem como saber que aquilo é errado, mas porque aquilo que ela fez veio de algum exemplo qualquer. Do mesmo modo podemos aplicar ao sujeito do chinelo, se ele aprendeu, ele aprendeu onde a dizer tudo aquilo?




sábado, 1 de agosto de 2020

Thammy Miranda e o problema de ser diferente



Executiva da Natura fala sobre campanha com Thammy Miranda


Por Amauri Nolasco Sanches Junior


O maior erro na questão do pensamento moderno e, consequentemente, no pensamento contemporâneo é ter tirado a metafísica do pensamento. Por quê? Porque não se pode pensar certos assuntos e não ir além do que o raciocinalismo nos limita, pois, quando você pensa em um assunto preconceito, por exemplo, você começa ir muito além da ceara racional. No mais – indo numa análise mais profunda – o preconceito tem a ver com o ser e com o que fazemos como um pré-conceito de tudo aquilo que nos é diferente, porque aquilo nos parece o que é errado. Mas, o que seria certo ou errado? O que seria justo ou injusto? E isso tem a ver com a liberdade. 

Será que podemos ser o que queremos ou tudo é uma construção social? Eu sou uma pessoa com deficiência cadeirante e como cadeirante sou considerado uma pessoa diferente, não cabe num padrão estético normativo. Nasci com uma deficiência – na verdade, foi uma situação logo depois do parto – que me levou a usar andador num primeiro momento, depois ser cadeirante por não aguentar ficar de pé por muito tempo e essa deficiência chama paralisia cerebral. Uma questão é importante: há escolha de não ter uma deficiência? Não. Eu nasci com essa deficiência e por toda a minha vida eu tenho que conviver com ela. Mas posso aceitar ela e isso é uma escolha. Se eu aceitar ela – como diria os estoicos – não vou ter a ansiedade de ser o que não sou e mais, não posso mudar aquilo que está fora do meu alcance. No mais, mesmo com a minha deficiência, estou escrevendo esse texto e posso expressar as minhas ideias. Isso tem a ver com duas ideias centrais: escolher se vou ser igual ou não todo mundo e me prejudicar em uma ansiedade sem nenhum sentido, ou aceitar e viver mais feliz a minha deficiência. 

Do mesmo modo aceitar uma homossexualidade ou que é de outra cor ou etnia, o aceitar já é um pressuposto para quebrar paradigma do “normal” e sua narrativa de imagem do diferente. Claro, não sejamos demagogos e achar que não temos pré-conceito, mas ele se perde quando vivemos esse preconceito de perto e achamos que temos o direito de impor a nossa visão de mundo. E se queremos liberdade para nós, temos que ter liberdade com os outros. A representação do pai e nem a família vai mudar por mudanças de paradigmas, como aconteceu na polêmica da empresa de cosméticos Natura – graças a polemica faturou milhões – que convidou (contratou na verdade) o Thammy Mranda para os anúncios para o Dia dos Pais. Ele casou e teve um filho graças a aceitação da sua homossexualidade e acho, pelo menos nas fotos, ele bastante feliz. 

O diferente nunca pode ser visto como algo errado e sim, algo que todo mundo pode ser diante de tantas liberdades que podem acontecer. Assim como podemos escolher tomar um sorvete de chocolate, podemos ser felizes (ou ter um momento de alegria) chupando uma simples balinha de morango. Tendo um momento a só com um bom livro ou até mesmo, rir de uma coisa boba na internet. A questão da pessoa enquanto ser soberano da escolha que faz vem da concepção cristã – isso mesmo – cristã da fé pessoal e uma visão universalista e não cosmopolita, como via os gregos e os romanos. Tanto é, que você pode ler na Epístola de Galatas (cartas as igrejas de Paulo de Tarso): “Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus.”. Ou seja, o que Paulo está dizendo, que a virtude não esta naquilo que você faz de melhor ou é a sua essência, porque para Cristo, isso não importa e sim, o que você faz dessa virtude em ajudar ou não. Não importa se você é um judeu ou um grego, um escravo ou um ser humano livre, mas o que importa é a virtude que você faz. Onde isso deve ter se perdido? Aonde o ser humano largou essa virtude para achar que todo mundo tem que acreditar naquilo?

Se esqueceu da liberdade. Do mesmo modo eu não posso mudar de ser uma pessoa com deficiência (e na medida do possível, ser feliz assim), o Thammy e muitos outro, não podem mudar sua natureza homossexual e ser feliz assim. Na verdade, em sua essência, esse resgate a liberdade foi feito graças a reforma protestante, quando Martinho Lutero “peitou” a igreja católica e colocou outras questões além daquilo que eles impunham. Infelizmente, a igreja protestante – com tantos ramos como a católica – se esqueceu de tudo isso de Lutero e ficou quase igual à igreja católica. Mas, seu legado abriu portas para o iluminismo e assim, a liberdade de ser e de dizer o que queira, mesmo que muitos neguem isso. O que aconteceu é que, como tudo que quer o poder, se fanatizou porque as pessoas sofridas querem sempre se vingar daquilo que lhe oprimem. Ai cairmos na criticas de Nietzsche no século dezenove, pois o cristianismo vai perdendo a essência por causa dos anos de uso da instituição religiosa (porque não, teologia) para interferências politicas. 

A moral impositora fazia dessa liberdade uma questão de hipocrisia, pois, os cristãos esqueceram dos reais valores e esses reais valores se perderam quando Jesus morreu numa cruz. Por quê? Porque toda a sua vida ele viveu com os que a religião vigente excluía, para mostrar que Deus não tinha distinção de classe e muito menos, distinção de pessoas.