sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Declinação da moral no ocidente

 

Rei dos Reis (1961) - Cultura Projetada
O “Evangelho” morreu na cruz. (Nietzsche)

Por Amauri Nolasco Sanches Junior 


As pessoas pensam que o anarquismo é uma baderna e não tem ordem nenhuma e isso não é verdade. Primeiro, essa imagem do anarquismo como um cara que não tem nenhum comprometimento nem consigo e muito menos, socialmente, advenho da indústria americana de cinema. Porque sabemos que os governos não querem que descobrimos, que o maior inimigo do povo, é e sempre será o estado. Pois, a questão sempre foi em ser a favor de mais estado ou ser a favor de menos estado e no final das contas, o povo que é o mais prejudicado nessa história. Os liberais querem menos estado e não reconhecem legitimidade para aquelas que não querem ele, acham o anarquismo (e seus derivados) como uma utopia (aquilo que nunca poderá acontecer). Os conservadores querem menos mudanças – os que querem a monarquia e tudo que vem do passado são os reacionários (vide contrarrevolucionários) – porque são muito céticos a mudanças rápidas. 

Em contrapartida, ha dentro da esquerda – do mesmo modo da direita – vertentes que defendem que o estado deveria aumentar criando estatais e burocratizando ele. Ou seja, há pessoas – principalmente, os socialistas/comunistas – que querem um estado com mais indústrias e com mais burocracias que colaboram com a ditadura, colaboram com a corrupção porque neutralizam os mecanismos de investigação e achado do agente da corrupção. Na verdade, os liberais clássicos (e porque não, os neoliberais) e os socialistas/comunistas querem é apenas reprogramar o sistema. Isso mesmo, o grande problema da humanidade nunca foi os governantes, que eram escolhidos ou chefes naturais dos clãs, e sim o sistema que colabora com a violência e com a coerção. Mais além do que isso sempre é a questão da moral, que é, uma única questão que tem a natureza humana em si. 

Segundo as pesquisas e filosofias muito antigas, o ser humano foi um animal gregário por ser um dos troncos dos primatas. Isso não deveria conter duvida, porque vivemos em sociedade desde quando a evolução nos separou – numa consciência diferente – dos nossos parentes primatas. Resta nós indagarmos se essa natureza gregaria é só quando tratamos de família (clãs), ou se somos gregários, socialmente, porque nos foi imposto pelo discurso do estado, ou somos assim por natureza. Dizem as pesquisas, que o ser humano construiu sociedades porque havia uma necessidade criada pelo processo de plantação e colheita. Mas, como vamos saber se o estado criado para garantir a ordem – pois várias famílias começaram a se agregar em um só território tendo vários conflitos – não pode ter imposto isso? Será que ficamos reféns de uma instituição que nossos antepassados criaram para garantir a segurança? 

Não sabemos. Mas, eu como um anarquista posso garantir que sigo uma moral. Claro que não a imposta, cheia de “politicagens” e de momentos da história que não cabem mais em 2020. Sigo morais que são naturais como não matar, não agredir se não for agredido, não violentar ninguém e sempre buscar o que tenho vontade. Essa coisa que os anarquistas não terem nenhum lema moral, sempre advêm do cinema americano, que claro, coloca sempre o anarquismo como sinônimo de bagunça e assim assegurar a posição democrática que, muitas vezes, é transformada como ditadura da maioria. Por outro lado, a culpa não vem só do estado e sim, do sistema tanto politico (que tem a ver com as ideologias politicas que existem ou pode ser inventadas) ou o moralismo (que pode vir de uma ordem filosófica ou religiosa). A meu ver, as ideologias e a dicotomia politica que existe desde os tempos da revolução burguesa (leia-se, direita e esquerda), são formas de “reprogramação” desse sistema (como esta na música da Pitty). Ou seja, sempre quando se permite outro sistema politico (como as enumeras ideologias), na verdade, estão reprogramando o sistema. 

Por muito tempo, por exemplo, se idealizou que as pessoas deveriam se preservar antes do casamento para dar de presente sua “virgindade”. Só que sempre havia dois problemas: 1-) os homens não obedecia por sermos uma cultura machista e 2-) os casais no final das contas, faziam escondido ou a pessoa prometida sempre era traída. Essa forma de controlar o crescimento populacional, no final das contas, nunca deu certo porque nunca se explicou o real motivo dessas morais impostas. Aliás, mais da metade da moral da igreja cristã – que Nietzsche vai dizer ser um platonismo para o povo – são morais muito mais politicas do que morais espirituais, porque não há nenhuma lógica que a divindade esta preocupada com o ser humano entre milhões de galáxias. No mais, quem pode garantir que essa mesma divindade esta preocupada com isso? Acho bastante estranho que um ser humano entre bilhões, seja o escolhido de representar a divindade por aqui. Não é que não acredito em nenhuma divindade, mas não acho que essa divindade tenha que ter “porta-voz”. 

Quando dizemos que há uma realidade, dizemos que há uma entidade que existe por ela mesma (res) e que tem característica daquilo que existe por ela mesma (idade). Ora, se eu estou vendo um potinho cheio de granola, eu sei que esse potinho existe e lá dentro existe a granola. Isso, são termos que foram ensinados para designar um objeto e esse objeto, talvez, ter um objetivo. A questão é que se você começa a acreditar em objetos que, talvez, não existe e que está muito além da nossa compreensão. Portanto, a meu ver, não existe uma moral inviolável, mas, uma conduta que cada um de nós tem que ter para sermos chamados de humanos e uma delas é respeitar o outro como individuo e como ser autônomo da sua vontade. Exato. A vontade é uma potencialização daquilo que desejamos e potencializamos como ato, sendo sentimentalmente, ou racionalmente. Portanto, se declina esse tipo de moral, para colocar a degenerada, que é a que precisa do medo para acontecer, um ser superior, um rei universal. Tirano.


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