sábado, 8 de agosto de 2020

Temos mais um ‘escroto’ do momento

Homem que humilhou entregador de comida tem identidade revelada
Mateus agrediu motoboy, que também se chama Matheus

 



Por Amauri Nolasco Sanches Junior




Todos que sentiram, como eu, alguma empatia com o entregador de comida do aplicativo Ifood, teve uma educação, minimamente, compatível com os reais valores dentro do que temos como o bem. Mas, o que eu vejo, muita confusão o que é o bem e o que é o bom. Bem é algo que procuramos diante da felicidade e todo aquele que devemos ou deveríamos, ver como um igual. Ou seja, todo aquele ser humano que merece um minimo de respeito. O bem, a meu ver, é um ato e nesse ato – como diria o velho Aristóteles – começa com a ética (ethos), porque a ética não pode ser só teórica, ela precisa ser prática. Embora muitas pessoas leem obras de ética, estudam até direito, mas na pratica não sabem agir. Prova disso foi o desembargador que humilhou os policiais municipais em Santos. Entre outras situações, que na essência, são pouco ética.

Ora, se o bem é um ato de agir sobre a ética (que se for copiado se torna uma moral), o bom é uma qualidade de ser coerente e não menor. Por outro lado, o bom pode ser um adjetivo de ser aquilo que se é de modo impecável. Por exemplo, posso ser bom na escrita em trazer clareza as minhas ideias e escrever esse texto, mas, sou muito ruim dentro da física por causa das equações. Alias, isso que Sócrates ao dizer que nada sabia, ensinou com sua filosofia, pois, tudo aquilo que eu não sei, não posso opinar e só, aquilo que eu sei eu serei capaz de ensinar. Desde o tempo da “mosca de Atenas” - como ele era conhecido – as pessoas acham que sabe aquilo que não sabe, porque ouvem as pessoas dizerem e não sabem nada. Isso transcende o dinheiro. Os maiores ignorantes de Atenas eram da elite dominante da época, que embora estudassem com os maiores retóricos e sofistas da época, nada sabiam daquilo que estudavam. Não é muito diferente daquilo que vimos hoje nas mídias sociais, se fala muito daquilo que não sabem.

Aquilo que se “acha” bom, é todo aquilo que se enxerga a partir dos seus próprios valores. Como adquirimos esses valores? Não é só quando aprendemos com os outros, mas quando recebemos como educação de casa, tanto teórica, quanto a prática. Se um homem trai a esposa, o pai – também muitas mães intensivam como prática de “homem” - deu o exemplo que todo homem deveria ter uma amante, assim como, quando a mulher trai, ele também teve vários exemplos em casa. Todo ser humano é educado e tira como valores o bem, assim, a bondade é o início do caminho do bem (que muitos filósofos vão dizer como bem maior). A bondade sempre é o ato do bem (ser ético) com o que é justo. Muitas pessoas usam a expressão “se achar bom” de um modo errado, porque se a pessoa “se acha” ela encontrou o que ele é “boa” e se ela “se acha” boa, não há como julgar se aquilo pode ou não te prejudicar. Porque o problema aqui, é quando esse “se achar” implica uma agressão a uma outra pessoa e não mostrar suas habilidades em coisas que sabe.

O “achar” é um verbo transitivo direto e quer dizer encontrar algo por procurar esse algo, mas também, tem o modo figurativo que tem o significado em realizar algo novo ou descobrir. O “se achar” é o descobrir o que você realmente é, ou seja, ser bom tem a ver em descobrir em sempre realizar algo novo saindo do “sentimento de rebanho”. Ou eu pode dizer “eu acho” para realizar um pensamento e passar esse pensamento para outras pessoas, que pode por ventura, também ser usado como um “talvez”. Então, quando você sabe, você demonstra e não diz. Mesmo o porquê, quem muito fala, pouco faz como diziam grandes pensadores.

Ora, por toda minha vida – onde descobri que as pessoas tinham pré-conceito – sempre achei o pré-conceito algo ilógico que em muitos casos, vem da educação familiar. Nada tem com o dinheiro ou outro conceito. Tem a ver aquilo que aprendeu durante a vida, ou nos primeiros anos de sua vida. Mas, também tem a ver com o modo que o sujeito lida com a realidade no qual se encontra. O que levou o rapaz do chinelo de borracha dizer tudo aquilo para o trabalhador que foi entregar sua comida? Será que foi no modo figurativo de “se achar” ou o modo do senso comum em “se achar”? O “achar” nesse caso, é ele concluir sem ao menos saber se realmente, o entregador teria uma “inveja” das famílias ali se nem sequer o entregador dizer isso. Podemos concluir que é uma mera opinião, que gera um pré-conceito daquilo que se pensa saber. Por outro lado, Platão diz que opinião não é conhecimento. Agora, quando o sujeito de chinelo de borracha diz que o entregador está com inveja da cor dele, colocou um ponto moral e violou a biologia, pois, moralmente, racismo é imoral e é, exclusive, contra a lei vigente. Biologicamente, o racismo não se sustenta porque somos uma espécie só.

Nesse momento, li a informação que o sujeito do chinelo de borracha tem uma deficiência mental. Ora, primeiro, que o conceito de deficiência – que sei muito bem – é aquilo que falta, mas, podemos colocar como aquilo que não está normalizado. Na maioria das vezes, quem tem uma deficiência mental, se comporta como uma criança e a criança não tem discernimento. Ou seja, se ela fizer algo, moralmente, errado, quem responde é o pai ou a mãe. Não porque ela não tem como saber que aquilo é errado, mas porque aquilo que ela fez veio de algum exemplo qualquer. Do mesmo modo podemos aplicar ao sujeito do chinelo, se ele aprendeu, ele aprendeu onde a dizer tudo aquilo?




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