quinta-feira, 3 de setembro de 2020

A moral é um sindicado dos bundões

 


Cara de bunda – Senso Incomum


O medo é o pai da moralidade.

Friedrich Nietzsche



Por Amauri Nolasco Sanches Junior



Minha tese é que todo moralista, na verdade, é um bundão covarde. Podemos perceber isso quando convivemos com um cristão, que de tanto medo de ser julgado ou perder alguma coisa (o emprego, por exemplo), começa se esconder atrás da sua fé. A meu ver, não há nenhum problema em ter alguma fé, o problema é usar essa fé para se esconder de medos que, muitas vezes, nem existem. E estamos vendo a derrocada daqueles que usam desse medo – colocando em cima da divindade, várias coisas que não sabem, na essência – para terem tanto o poder, como o dinheiro numa espécie de estelionato religioso. Moralismo nada tem a ver com a moral ou com valores humanos que como sociedade, pois, o moralista não quer saber da sociedade e sim, a garantia da moral que ele acredita ser a verdade. Mas, o que é a verdade? Será que a verdade é como vestimos ou como nos comportamos ou é ajudar e ter empatia pelo outro?

Uma outra questão é que as pessoas que ficam fiscalizando as outras, sempre ou na maioria das vezes, não tem coragem de fazer aquilo que a outra pessoa fez. Se você teve um chefe chato é porque ele não gosta de ver você trabalhar tão bem, porque isso ofende ele, é ressentido de ser um bundão incompetente. Não criamos filhos para serem eles mesmos, criamos filhos para seguir as regras morais que nem mesmo entendemos no que se trata essas regras morais. A família da pastora Flordelis quebra, completamente, a tese do apresentador Ratinho em que criar filhos dentro das igrejas, os filhos serão seres humanos melhores. Não vão, porque a base de toda a educação passa na educação que tivemos dos nossos pais, seja com exemplos, seja com que falaram dentro de casa. Pais racistas e preconceituosos, vão gerar filhos racistas e preconceituosos.

O medo não é todo um grande mal, porque te livrará de coisas que podem te ferir. Mas, o medo exagerado ou de coisas que você não sabe que vai acontecer, ou, só ouviu de outras pessoas e não pesquisou. Aqui, o nosso povo não tem o habito da leitura, porque se criou uma aversão a coisas teóricas (marxismo ou positivismo?), onde a prática sempre é a ordem do dia. Mas, como poderemos entender as coisas se não se tem o habito pela leitura? Nesse momento, o ministro da economia Paulo Guedes, está com o projeto de taxar ainda mais os livros, porque não querem que o brasileiro leia e ao ler, descubra que o povo sempre vai ser servo do poder. O poderio sempre não vai gostar que as pessoas leiam ou se informem, seja de direita, seja de esquerda. Aliás, a esquerda deveria se silenciar, porque seu maior insone (leia-se, Lula) não gosta de ler e só leu na prisão, se leu alguma coisa, foi para diminuir sua pena.

Ora, quando vimos que a promessa tanto iluminista quanto positivista, que o conhecimento e a ciência vai salvar o mundo, não se concretizou em sua ânsia do saber, podemos notar, que há algo além disso. Será mesmo que só o conhecimento nos fará seres humanos melhores ou o conhecimento sempre vai ser limitado a certas castas? Será que as pessoas poderiam ser classificadas como só racionais ou tem um diferencial humano? São questões, que talvez, não tenham nenhuma resposta, mas, no fundo, nem mesmo sabemos o que é o conhecimento. Desde Aristóteles – que disse que o ser humano tem a necessidade de saber – as questões de entender o mundo ficaram bastante claras com aqueles que, como diria o filósofo prussiano Immanuel Kant, ouse saber. Pois, num mundo que cultua a ignorância, onde há moralistas bundões covardes, onde há o desprezo por pautas mais justas (não estou dizendo igualdade, pois ninguém é igual), procurar saber é uma ousadia.

Por outro lado, não creio que nossa capacidade de saber anula a nossa capacidade de perceber a nossa vontade. Aliás, quanto mais sabemos e aprendemos, nossa vontade fica mais sofisticada e não e qualquer coisa que te faz rir, te faz admirar ou te faz amar. Os amantes (no sentido do amor verdadeiro), quanto mais se conhecem, mais amam aquilo que eles são e não aquilo que idealizamos como imagem popular. Essa “ousadia” kantiana, tem a ver com o crescimento por dentro e quanto mais aprendemos, olhamos nossa realidade de um outro ângulo. De uma outra perspectiva. Assim, se comprazemos daquilo que nos fez sair da caverna, a grande sede do saber.




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