domingo, 19 de dezembro de 2021

Por que escolhi ser filósofo?

 

Sócrates é um dos principais nomes da Filosofia




A vida não examinada não vale a pena ser vivida.

Sócrates

Não existem métodos fáceis para resolver problemas difíceis.

René Descartes

Muitas pessoas podem me perguntar: por que você escolheu fazer filosofia? Já que eu tenho curso de publicidade e técnico de informática e um outro curso de filosofia de especialização da filosofia da educação – todos técnicos – eu poderia fazer um curso especializado nesses três cursos. Mas, esses cursos foram tentativas de estrar no mercado de trabalho, por outro lado, temos uma sociedade capacitista (discriminam pessoas com deficiência) que acham que não somos capazes de arrumar redes ou computadores, ou montarem peças publicitarias dentro de uma agência. Aliás, dentro do mercado de publicidade e marketing, podemos dizer que existe muita vaidade estética e não fica bem tem pessoas com deficiência ou pessoas – com outro estilo de roupas ou com estilos diferentes de comportamento – dentro de um uma agência de publicidade. Como cultura – que a elite nem sabe o que é isso – somos atrelados ainda ao século 19 e tudo roda numa elite parada no tempo (que não deseja modernizar o Brasil).

Por muito tempo, achei que filosofia e deficiência fossem algo separados, mas, não são e são até compatíveis em contrapor algumas ideias da filosofia. Esteticamente, como disse anteriormente, somos rejeitados como pessoas “anormais” e que não servem para um serviço. Na publicidade, por exemplo, é toda construída em imagens romantizadas da estética perfeita, porque a essência da ideia publicitário – se é que podemos dizer assim – é feita de modo a sintetizar aquilo que convence. Muitas poucas agências de publicidade, fazem propaganda de cadeira de rodas ou de outras aparelhagens para pessoas com deficiência dentro dessa imagem perfeita. Porque um publicitário vive na mentira. Vive numa estética construída de um glamour que não existe. Talvez, eu seria um publicitário no modo de construir imagens bem, mas não me sentiria fazendo uma propaganda de cigarro vendo pessoas morrendo de embolia pulmonar. Ou fazer propaganda de bebida e vendo pessoas tendo cirrose. A mentira por questões financeiras – não haveria nenhum problema, se fossem empresas que usassem a propaganda como meio de divulgação mesmo – é uma questão ética, de Aristóteles, até Kant.

A filosofia vai além, diz que a pior mentira é aquela que contam para si mesmo. Convencer não é só uma arte de divulgar coisas – como se fosse algo necessário hoje em dia – para serem compradas, mas, pode ser ideias e um bom debate pode ser um bom divulgador. Os norte-americanos – porque americanos somos todos nós – inventaram a publicidade, pelo menos a profissional, para ser um meio de divulgar produtos. A coisa chegou até na política. A questão é: por que a publicidade tem esse glamour se a muito tempo se perdeu ele? Por que existem padrões de se vestir ou estéticos? A meu ver, a imagem do publicitário é muito romantizada e muito elitizada. Do mesmo modo do filósofo, que nada tem de diferente do publicitário. Aliás, tinha uma amiga portuguesa, que dizia que a publicidade tinha nada a ver com a filosofia. Hoje em dia, descordo.

Propaganda é um modo dialético. A peça publicitaria é a tese, você demonstra a tese que pode ser que se você beber uma certa marca de cerveja, você vai atrair mais mulheres e vai ser o fodão. A antítese vai dizer que tudo aquilo é uma mentira – e o é – e dizer que se você beber muita cerveja, você vai morrer de cirrose. Mas, além da dialética tem também a figura de linguagem, onde se exagera a realidade para convencer. Hoje em dia alguém acredita nisso? Não. Se acredita ou é muito ingênuo, ou simplesmente, tem uma deficiência mental. O fato é que existe um hiato se existe mesmo a realidade, ou são apenas ilusões da minha mente. O que é verdade ou o que é mentira? A peça publicitaria pode estar te dizendo que aquilo pode se realizar como pode, mas, pode não realizar e esse não realizar vai determinar a síntese. Ou seja, você pode concluir ou que você gosta dessa marca e consome (e isso acaba sendo um entretimento apenas), ou pode dizer que é uma grande mentira e beber um suco. Na verdade, a publicidade superestima a vontade humana.

A meu ver, a realidade é muito mais complexa do que pensamos, mesmo o porquê, a questão da publicidade me fizeram ver o mundo de ilusões da mídia onde um produto (que tem a ver com o gosto de cada um) pode virar uma necessidade. Mas, a técnica de informática (TI), me fez bem a logica, até mesmo, na minha escrita. Se você não programar direito, o computador não vai ler o código fonte do software e não vai funcionar, não vai entender a linguagem da programação. Por prestar atenção de cada detalhe da linha algorítmica – sim, o algoritmo é a linha da programação que o computador entende e aquele programa funciona – comecei a prestar atenção na minha leitura (leio livros melhor) e a escrita (escrevo melhor).

A programação e a computação me deram além da lógica – comecei a entender filmes como Matrix e Exterminador do Futuro – as questões metafisicas ficaram bastante claras. Já pensaram que nossa realidade, na verdade, são códigos e informações? A consciência – que, a meu ver, é o modo racional afetivo de ver e interpretar o mundo – seria o software que faz com que o cérebro tivesse um relapso temporal dentro da margem da realidade. Eu sei que o que esta nos meus ouvidos são fones, mas, também sei que a minha consciência esta me dizendo que esta me enviando a musica nos meus ouvidos é um instrumento chamado fones. Ouço música porque gosto, o meu gosto é o que satisfaz minha crença que eu tenho autonomia em ouvir o que eu quero. Mas, as pessoas colocam o som alto, os pastores gritam num culto, a moto faz barulho quando passa na minha rua. Onde está a minha autonomia em dizer que temos liberdade? A programação me mostrou isso. Além da linguagem e a codificação da realidade – pois, tudo não passa de codificação – também mostrou que tudo faz um conjunto, se as partes não operam juntas e cada uma fazer sua parte, será uma catástrofe.

Talvez, eu escolhi ser filósofo – ainda vou fazer mestrado – porque eu li Sócrates na primeira (só depois eu li os comentadores). E isso me deu uma base bastante solida do que eu queria ser e explorar. Será que existe uma verdade ou todo o universo é um grande mistério? Não sei.

 Amauri Nolasco Sanches Júnior




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