terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Os petistas do Bolsonaro

 




 

A democracia surgiu quando, devido ao fato de que todos são iguais em certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais entre si. (Aristóteles)

 

 

Por Amauri Nolasco Sanches Junior

 

 

O conceito de democracia – segundo a origem do termo – nos remetem na Grécia antiga e dentro de uma, já mais ou menos formada, democracia ateniense. Não podemos ignorar o fato que já havia uma filosofia política – na imagem dos sofistas e consolidada depois por Platão e Aristóteles – e, consequentemente, um pensamento mais voltado ao ser humano. Nessa conjuntura, várias crises atenienses aconteceram e prova disso é a questão da morte de Sócrates, que foi, sem duvida nenhuma, uma amostra como a questão democrática é uma questão delicada e precisa ser melhor avaliada. Mesmo o porquê, a democracia exige um povo escolarizado (não técnico) e que se volte a si mesmo (conheça te a ti mesmo) para conhecer sua espiritualidade religiosa (os deuses) e a realidade do mundo e suas circunstancias (o universo).

Dito isso temos que se aprofundar ainda mais e dizer que o ser humano tem necessidade de ídolos, pois, contrariando os criacionistas, a evolução não tirou nossa necessidade de imitação (exemplo) da nossa parte primata. Temos que ter símbolos (animal simbólico) para ter uma ideia daquilo que eu tenho que fazer dentro de uma necessidade sociocultural – se isso não se resolve, se cria leis para combater esse lado – e isso, podemos remediar com exemplos e a educação. Mas, no pensamento brasileiro, temos elementos particulares que deveríamos reavaliar por questões de se construir uma sociedade mais cidadã e pouco técnica dentro das bases da nossa própria cultura (riquíssima). A nossa cultura – pelo menos a escolar – tem varias falhas e deveria ser revista.

Um dos desafios da nossa democracia – sem sombra de dúvida – são os nichos ideológicos que só alimentam uma politica populista e que nada tem a ver com uma tradição política, dentro, claro, das tradições do Brasil. Primeira coisa é que, a nossa educação é muito mais técnica e só visa construir uma base de mão de obra (por conta da nossa herança positivista) e não cidadã. Por causa da ideia – alimentada pela guerra fria – que quando você diz “educação cidadã” você esta defendendo politicas socialistas, mas, são essas politicas que fazem uma nação ser ou não viável dentro do cenário político e econômico. A educação humaniza um pais ao ponto das pessoas trabalharem conscientes daquilo que elas estão trabalhando e nada tem a ver com ideologias políticas – mesmo o porque, com uma educação melhor, as pessoas não acreditam em qualquer coisa.

O que tivemos no cenário triste nos prédios dos três poderes – no domingo (8) – são sintomas dessa política da ignorância e o medo por questões inventadas. O brasileiro não tem o habito da leitura e quando lê, relativiza essa leitura, lendo aquilo que interessa ou aquilo que eles concorda. Muitas vezes, por exemplo, tive de ler obras que não concordo ou que achava ser um livro muito grande, mas, tive que ler. Uma que se queremos conhecer – sendo o conhecimento um degrau para a humanização do ser humano – temos que nos empenhar e se esforçar. A grande maioria – concordando com Kant – não tem a capacidade de sair da mediocridade, ora por preguiça ou covardia de sair de suas crenças, ora por causa da sua subjetividade de não enxergar o obvio e o obvio tem a ver com o fato em si. A adoração de ídolos – de todas as naturezas – é o sinal dessa ignorância e o medo é um outro sintoma e ai, mora o ódio e a discórdia.

A questão que colabora com essa visão brasileira de precisar de uma ação imediata (dispensando um estudo mais aprofundado) e um ganho em curto prazo é: a vantagem. Aí entramos no segundo desafio da democracia brasileira. Quando um povo coloca entre seus valore a “vantagem” (vantagem pode ser entendida como algo que dá uma posição ou uma condição superior em relação a outros) a questão mexe com os atos éticos. O segundo desafio da democracia brasileira é, exatamente, acabar com a corrupção e acabar com vícios institucionais e estabelecer valores mais justos e honestos. O desafio em si mesmo em sua essência, é dar um conhecimento em transformar seres humanos em seres sociais e isso, só com informação e escolarização adequada.

Cresci dentro de uma linha de filmes e desenhos que exaltavam a ética e o bem-estar do mais fraco e que sim, deveríamos olhar para aqueles que nos rodeiam e sempre querer o bem. O mestre Yoda – da saga Star Wars – é um exemplo do mestre que ensina o discípulo (além dele ainda existia o mestre Splinter, das tartarugas ninja, mestre  Miyagi e outros) e tinha uma frase que cabe nesse contexto: o medo traz o ódio e o ódio traz o lado escuro da força. Ou seja, o medo sempre vai trazer o ódio (como defesa) daquilo que você não entende ou acredita. O lado escuro sempre tem a ver com o sentimento destrutivo e o lado da ignorância, onde as características são o sentimento desmedido de um falso ego. A questão é muito debatida na filosofia budista como ter uma personalidade (verdadeiro ego) com o egoísmo e o personalismo (falso ego. Tanto é que, Buda diz que se encontrar um buda pela frente mate-o, ou seja, mate a personificação de qualquer ídolo.

Quando há um vazio ideológico e religioso – fabricados com um falso ego – vamos preencher com valores verdadeiros e não vamos nos valor em seguir ninguém, pois, conhecendo a si mesmo,  você não segue ninguém. 

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