sexta-feira, 5 de julho de 2024

A BANALIZAZÃO DAS REDES SOCIAIS E O BOICOTE DA ELIANA

 


Há uma imagem que circula nas redes sociais – principalmente, no X – mostrando uma foto da apresentadora Eliana segurando o logotipo da Rede Globo com a bandeira comunista no lado esquerdo. Esta escrito:

 “BOICOTE TOTAL A ESSA ESQUERDISTA DEBOCHADA, QUE DEPOIS DE ANOS NO SBT,  SAIU ESNOBANDO TODO MUNDO E FOI PRA GLOBO LIXO, ACHANDO QUE TEM PÚBLICO PARA AUMENTAR A AUDIÊNCIA DA TV ESTATAL OFICIAL”.

 

 

Em uma empresa que você acha que ganha menos que você acha que deve ganhar, se troca de empresa. A questão desse escrito é ideológica politica, porque todo mundo faz isso e ninguém diz nada. Pior, pergunte para quem compartilhou a imagem o que seria comunismo e vamos ficar sem nenhuma resposta, pois, o povo sempre escutou o galo cantar e nunca se soube onde ele estava cantando. E o termo “esquerdista”, até onde eu sei, foi usado por Lenin para chamar algumas alas que chamou de “infantis” do próprio marxismo que não se encaixavam em sua idealização da revolução bolchevique. Ou seja, a maioria dos brasileiros não pesquisam e acabam usando termos comunistas. Por outro lado, existe o termo “Globo lixo” – assim como existe o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista) criado pelo jornalista Paulo Henrique Amorim, que a maioria dos lulopetistas usam – como destratar algumas mídias que não se encaixam na sua ideologia politica ou religiosa.

Ora, a pessoa acha que com essa imagem o povo vai deixar de assistir a apresentadora? Há uma diferença bastante significativa onde há um fato (a apresentadora ir para a Rede Globo) e o que se criou como fato (ela ser esquerdista debochada e a Globo ser estatal). São pautas bolsonaristas, assim como, há pautas lulopetistas. E a discussão se aprofunda mais quando pensamos em um simulacro e a simulação, pegando essa questão que tem a ver com a consciência e o mundo que formamos através das crenças formadas pelo discurso.

A ideia (forma) se desenvolveu segundo o filosofo Jean Baudrillard e tem a ver com a realidade onde estamos. Dizem as “lendas” do mundo cinematográfico, que todo mundo que trabalhou no filme Matrix, tiveram de ler esse livro (como há várias referências dele no filme) para entender a ideia central do filme; o livro se chama Simulacro e Simulação. A ideia é simples: um simulacro é uma cópia ou representação de algo que não possui uma realidade original. São como imagens, símbolos ou objetos que representam elementos que nunca existiram ou que não têm mais equivalência com a realidade. Por exemplo, uma pintura de uma sereia ou um ícone religioso é um simulacro, pois não representam algo concreto no mundo real. Já a simulação é a criação de algo que não existe na realidade, mas é apresentado como se fosse real. É como uma imitação ou encenação de um processo ou evento. Por exemplo, um filme ou um videogame é uma simulação, pois cria um mundo fictício com suas próprias regras e personagens.

Mas há um terceiro termo: a hiper-realidade. O filosofo criou o termo para designar quando uma apresentação (simulacro) se torna mais importante do que a própria realidade. no exemplo do boicote, o simulacro esta na representação de um ato que a pessoa acha que esta fazendo pela sua causa – a libertação do Brasil do suposto comunismo – onde a realidade se confunde com a hiper-realidade.  Nas redes sociais, as imagens e representações – entre a “coisa” e a “representação” – que são criadas pelos usuários pode distorcer a percepção da vida real, gerando uma busca desenfreada pela aprovação e validação. Ou seja, todas as postagens visam reforçar as crenças de tanto quem posta, quanto quem curti a postagem. Por que a imprensa ou pessoas das mídias causam polemicas?

Todo reacionário é um revolucionário medroso. Ele, no fundo, tem medo das mudanças do mundo e não se conforma com essas mudanças, por outro lado, um revolucionário precisa de forças internas e externas para derrubar o status quo. Ou seja, dois lados de uma mesma moeda. O reacionário tem medo das mudanças e o revolucionário culpa o outro daquilo que não consegue mudar. E as redes sociais – não só as redes, mas toda a internet – reforça essas crenças para manter o funcionamento delas e ganhar com isto. Nas redes, você é o produto.

Amauri Nolasco Sanches Júnior – bacharel em filosofia, TI, publicitário e cadeirante

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