A primeira regra da
internet: não leia os comentários.
WiFi Ralph: Quebrando
a Internet
Poderemos começar com a nossa investigação com a seguinte
pergunta: o que deveria ser um comentário? Um comentário pode ser um conjunto
de várias observações que uma pessoa pode fazer sobre um determinado fato, no
nosso caso dessa análise, poderemos dizer que um comentário pode ser uma
observação sobre algo lido ou visto. E
essas observações podem funcionar como um parecer ou uma análise mais técnica
ou crítica que alguém pode fazer sobre certos assuntos em questão. Nesse caso,
um comentário pode trazer dados inéditos sobre o assunto posto ou mais
indicações relacionadas ao tópico proposto. A comunicação desse comentário pode
ser oralmente (no caso de não ser virtual ou uma resposta em vídeo de um outro
vídeo), ou escrito e nesse interim, na popularização da internet, os
comentários são mais fáceis de se propagar.
Na internet – ou o mundo virtual – houve um crescimento de
um novo fenômeno que atribui um novo significado para o comentário: o de tecer críticas
abusivas sobre pessoas (e não sobre o assunto). Uma pessoa pode até estar certa
em um assunto, mas, dependendo do seu viés religioso ou político, acaba sendo
hostilizada por isso e não por causa do assunto discutido. Nesse caso, não mais
poderíamos definir como sinônimo de comentário, uma interpretação, escolio,
nota, paráfrase etc., pois, o outro passa ser muito mais importante do que o
assunto. Porque, o outro atrapalha eu convencer os demais aos valores que me
proponho a propagar. O outro, como diria Sartre, é o inferno. Isso implica
dizer que, nesse caso, pode parecer um comentário crítico, mas, só passa a ser crítico
quando é um comentário argumentativo, onde a pessoa expõe suas observações de
modo mais critico sobre dado assunto.
Nesse contexto, a crítica filosófica tende sempre a
perguntar: estamos na era do ódio gratuito ou a era critica? Pois, uma coisa é
saber criticar argumentando certos assuntos com propriedade, nesse caso, há de
se ter conhecimento sobre o assunto proposto, do outro, com a falta de educação
tanto dos limites éticos e morais familiares, como aulas de interpretação
textual e de gramática na educação escolar; transformam as redes em não troca
de saberes, mas, um ringue de luta. Mesmo porque, o discurso de ódio se
caracteriza em uma expressão verbal ou escrita que promove hostilidade,
preconceito ou intolerância. Ele pode ser usado como uma estratégia de
manipulação e desinformação. Nesse caso, muito usado por fanáticos (de todo
tipo), a desinformação traz um viés de confirmação da sua própria crença.
No nosso caso – nessa critica filosófica – analisamos e
compreendemos questões fundamentais (profundas) das questões do mundo. E por
tentar compreender o objeto da análise, podemos dizer, que a critica filosófica
pode compreender o discurso de ódio. Ou melhor, ao fazer uma crítica
filosófica, não poderemos expressar nossa opinião pessoal (apesar que, temos várias
críticas sobre essa visão que não cabe nesse texto) e sim, com argumentos lógicos
e racionais. nesse contexto temos que
analisar se um discurso filosófico, pode ser totalmente logico ou racional. Na
verdade, a logica (para sermos rigorosos) são pontos simétricos que permeiam
dentro da realidade matemática como ponto de convergência. Análises textuais
são formas de expressão de um pensamento único e subjetivos, sempre
contextualizando algo.
Então o discurso de um comentário tem que ser
contextualizado sempre com uma linguagem clara e objetiva, como o exemplo que
recebi no vídeo na rede de vídeos curtos Kwai: << quase teve um surto no
meu coração ao ver ess>> onde a frase não foi terminada e o contexto foi escrito
confusamente. Gramaticalmente, podemos dizer que a questão não tem nem mesmo
concordância, pois o “quase teve um surto” não concorda com “no meu coração”. No
mais, filosoficamente, a questão da frase de ter um sujeito que pratica a ação
e a ação que é o predicado. Ora, voltando ao discurso de ódio (que poderíamos
dizer que é um discurso crítico do senso comum), se deve a falta dentro da escolaridade
de um senso crítico dos discursos que ouvimos por ai.
Comentário como “deficiente tem o direito de se escrever na
AACD” ou “crianças autistas devem estudar em escolas especiais, porque
atrapalham a turma”, tem um contexto especifico de singularidade temporal que
poderemos chamar de reacionarismo. Isto não é, de modo algum, um modo
conservador de pensar. Nesse interim, a crítica filosófica deve ser feita dentro
dos parâmetros singulares da cultura brasileira. Nisso, a academia de filosofia
vê com muito preconceito esse tipo de manifestação cultural virtual – que
muitos usam a teoria critica da Escola de Frankfurt para nomear como algo da
cultura pop, como se a cultura pop, não seja também detetora de alguns saberes –
e assim, abriram brechas para manifestações filosóficas nocivas como o
olavismo.
O olavismo veio do filosofo e escritor Olavo de Carvalho e
defende um regresso para algumas sabedorias antigas e a vida intelectual. Por
outro lado, seu lado polemico começa a propagar o negacionismo (a negação pura
e simples) como se a filosofia fosse um monte de “crianças birrentas”. Indagar
é diferente de negar. Negar vacinas não são um meio de indagar qual é o papel
farmacêutico dentro da saúde da humanidade, mas, devemos perguntar qual a
relação desse mercado com o capitalismo onde tudo é ganho e lucro. Perguntar é
indagar. Por outro lado, queiramos ou não em admitir, a humanidade vive hoje
muito mais do que vivia a tempos atras e muitas doenças foram quase
radicadas. O olavismo traz – importado dos Estados Unidos – teorias que
foram jogadas para atrapalhar a concorrência de um laboratório do outro, por
outro lado, negar a eficácia de uma vacina não é pressuposto de indagar das coisas
mais substanciais: qual o real papel das pesquisas medicas?
Com tudo, isso podemos dizer que o olavismo é uma
antifilosofia. Entendemos como antifilosofia, a crença que as coisas eram
melhores no passado – também observamos, em maior parte da nossa cultura, um
reacionarismo puro onde sempre havia um passado que era melhor que hoje – e que
as filosofias medievais (encabeçada pela Igreja Católica) é muito melhor do que
a contemporânea. Só que isso sim, não é filosofia. Não que os medievais não
tenham importância – como Santo Agostinho ou Tomás de Aquino – mas, o olavismo
não rompe a tradição religiosa e coloca um reacionarismo dentro do
conservadorismo que não existe. Ou seja, o problema não é o pensamento
católico, o problema é não fazer uma critica ao filósofos medievais e pensar
como eles.
Outra problemática poderemos apontar com uma questão: por
que antifilosofias apareceram, como o olavismo, na internet nos últimos tempos?
Será que as filosofias acadêmicas (com seus preconceitos) não facilitaram um
modo de escrever e analisar distanciando da maioria, como a ciência acadêmica?
São dúvidas pertinentes que tem a ver com o modo que a grande maioria enxerga a
filosofia, como algo distante e, na verdade, sempre foi assim. a história da
escrava trácia rindo do filosofo Tales de Mileto, ilustra bem isso. O filosofo
pensa tanto e está sempre olhando o céu, que não presta atenção no caminho. A
filosofia não se atem a realidade. O que você vê pode ou não ser a realidade e
nem tudo que vimos é o que parece, poderemos definir a filosofia como uma
quebra das correntes ideológicas vigentes. Então, o filosofo está bem mais familiarizado
com a realidade.
Mas, dentro da filosofia, a realidade não pode ser definida
só como um “buraco” no caminho, como no exemplo de Tales, que poderíamos cair.
Há uma fronteira muito sutil entre a realidade enquanto subjetiva e objetiva,
que se pode ter entre aquilo que existe e aquilo que imaginamos existir. Como
na frase em um grupo de filosofia na rede Facebook: <<Segundo a filosofia
tudo que não conheces não existe>>. Nessa frase, podemos nos perguntar: “segundo”
qual “filosofia”? porque o “tudo” se torna genérico ao ponto de uma aporia. A
questão é: conhecemos tudo? Temos ideia do tudo? E o “que não conheces não
existe” tem um tom de afirmação e a filosofia não trabalha com afirmações, ela
trabalha com dúvidas e duvidando, chegaremos à verdade (ou não). A séculos
atras, se conhecia só cisnes brancos e só pensava que existia cisnes brancos,
mas, quando exploraram a Australia, lá tinha cisnes negros. Então, se eu não
vejo ou percebo, não existe? Podem dizer “Ah, estamos falando em um modo da
linguagem”. Neste caso, poderemos usar a
filosofia da linguagem (ou Teoria dos Jogos) de Wittgenstein.
A famosa frase de Wittgenstein, que devemos ler direto do
livro, diz assim: << "O que pode ser dito pode ser dito claramente;
e o que não pode falar, deve se calar">>. O modo de expressão é o
modo do entendimento, sem se entender o que é dito, não se expressa nada. Nesse
caso, quando o sujeito diz <<Segundo a filosofia (aqui faltou a virgula)
tudo que não se conheces (outra virgula) não existe>> não expressa nada,
porque não esta claro qual a filosofia que diz isso e é uma afirmação (sendo estranho
para a filosofia). Segundo o filosofo austríaco-britânico, se não está claro o
que se diz diante de uma afirmação, não se diz nada. Portanto, se deve calar
diante da sua ignorância.
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