terça-feira, 18 de março de 2025

LIBERTARIO ANARQUISTA: DEVEMOS LUTAR PELA ANISTIA DA DESTRUIÇÃO?

 






Amauri Nolasco Sanches Júnior

- Bacharel em filosofia

 

Aquele que botar as mãos sobre mim, para me governar, é um usurpador, um tirano. Eu o declaro meu inimigo.

 Pierre-Joseph Proudhon

Proudhon, segundo Woodcock (escritor anarquista), disse essa frase graças a Napoleão. Pode ser que a frase seja uma inspiração da época – onde a França é tomada por Napoleão III – e que mostra o anarquismo proudhoniano na sua essência mais intima. Mas, o que o filosofo anarquista queria mostrar na frase? Ora, ela reflete seu espírito libertário em e oposição à autoridade imposta. Considerando um dos pioneiros do anarquismo, Proudhon defendia a liberdade individual acima de tudo e via o governo como uma forma de opressão.  Ao contrario de Bakunin, Proudhon defendia o individualismo e a liberdade irrestrita dos camponeses e trabalhadores como indivíduos.

A pergunta que fica é: quem pode dizer que um libertário não pode ser um anarquista? Uma das coisas que sempre ouço sobre o anarquismo proudhoniano e o libertarianismo (esqueçam Paulo Kogos e essa turminha) é que seria uma utopia e não pode ser implantado. Até mesmo, o filosofo Luiz Felipe Pondé, sempre diz que por ele ser anarquista quando era “moleque”, isso é coisa de moleque. Na história do movimento anarquista, temos nomes como o escritor russo Liev Tolstói que era um anarquista cristão onde desenvolve sua filosofia baseada nos ensinamentos de Jesus, especialmente no que diz respeito ao Sermão da Montanha. Ou seja, a não-violência. E ao que parece, não era um “moleque”.

Mas, sabemos muito bem que a implantação desse tipo de ideologia requer uma base muito mais profunda da critica e ceticismo (com o conhecimento). Portanto, quem acredita em um anarquismo sem ou com o capitalismo – que, a meu ver, seriam escravos do poder (Powerslave) como todo mundo que está sobre a tutela do ESTADO – e acredita na liberdade e na soberania das suas próprias escolhas e na paz do mundo. Ao contrário o que prega Kogos – parece que ele desistiu do libertarianismo – a filosofia libertaria é contra as guerras por entender que guerras são imposições de ESTADOS para ESTADOS. Na minha visão, além da brutalidade desnecessária, ainda as guerras custam muito.

E ai, lendo o livro “Historia das deias e Movimentos Anarquistas” de George Woodcock, lembrei de um trabalho que eu tive que fazer para o meu bacharelado no final de 2022. Naquele tempo, o povo bolsonarista estava só na porta dos quarteis e lancei uma resposta a pergunta: há um anarquismo bolsonarista reacionário e militar? A ideia de um “anarquismo bolsonarista reacionário e militar” parece absurda quando olhamos na essência anarquista de progressismo (sim, o anarquismo é progressista) e não pode ser um nem reacionário (como vertentes marxistas acusam) e nem militar. Mas, academicamente, a análise tem a ver com a “Desobediência Civil” de David Thoreau, pois, concordamos ou não, isso foi uma desobediência dentro de uma certa ordem de aceitar o imposto.

No livro, Thoreau escreveu essa obra preso porque não quis pagar imposto em protesto por causa de uma guerra entre os EUA e o México. Mas, em sua essência, ele aborda a responsabilidade moral do individuo diante a injustiça cometida pelo governo. Por outro lado, o autor mostra no texto, que a ideia que existe uma consciência moral que deve prevalecer sobre a obediência civil. Nesse caso – com o discurso populista de Bolsonaro sobre a corrupção – a injustiça e a consciência moral fica comprometida em ver corruptos serem soltos e subirem ao poder. Erros? Acharem que as forças armadas são policiais e não são.

Thoreau defendeu uma resistência pacífica dentro de uma forma de oposição às praticas governamentais erradas. Coisa que o 8 de janeiro de 2023 não teve, pois, entraram (se deixaram ou não, é uma outra conversa) e quebraram vários utensílios de ordem publica e até onde eu sei, isso é crime. Aí chegamos a submissão quase cega de figuras públicas políticas, figuras que usam a grande massa para perpetuar o poder (Bolsonaro é burro demais para isso).

E ai temos que revisitar a noção política de Aristóteles – que muitos esqueceram – que o ser um humano é um ser politico (social) porque é racional. Em Ética a Nicõmaco, o filosofo ainda diz que a ética não é uma teoria apenas, mas só existe se for praticada. Ora, muitos vão acusar Aristóteles (também Platão) de ter uma filosofia muito aristocrática e que não faz jus o que temos hoje em dia. Um deles foi Luc Ferry, filosofo francês ainda vivo. Mas, Ferry não se deteve dentro da questão cronológica e que poderíamos cometer anacronismo, por outro lado, a filosofia aristotélica pode ser usada dentro do contexto hoje. Principalmente, quando falamos de ética (aqui no Brasil precisamos tanto).

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