Amauri Nolasco Sanches Júnior
(bacharel em filosofia)
“Ser da esquerda é, como ser da direita, uma das
infinitas maneiras que o homem pode escolher para ser imbecil: ambas, com
efeito, são formas da hemiplegia moral. Ademais, a persistência destes
qualificativos contribui não pouco a falsificar mais ainda a “realidade” do
presente, já fala de per si, porque se encrespou o crespo das experiências políticas
a que respondem, como o demonstra o fato de que hoje as direitas prometem
revoluções e as esquerdas propõem tiranias.”
Ortega y Gasset, Rebelião das Massas
Eu disse já que esse blog não tem lado e a prova disso é o
paragrafo ali a cima do Ortega y Gasset (que concordo plenamente), onde Gasset diz
que se você esta em um lado no aspecto ideológico político, tende sempre em ser
um imbecil porque você tende a não criticar quem governa no seu espectro político.
E em alguns textos que eu escrevi, eu sempre coloquei que a inclusão é um ato
politico e não pode ou não poderia ser “engolido” dentro de certas bolhas ideológicas.
Afinal, dentro desse mar de delinquentes psicopatas que só querem poder e
dinheiro – Platão já dizia isso da politica, mas em outros termos – estão as mães
que não conseguem Loas para suas crianças com deficiência, não conseguem
legendar filmes para surdos (nem o filme Ainda Estou Aqui que é baseado em um
livro de um cadeirante).
Embora eu não concorde com as posições políticas de Marcelo Rubens
Paiva (mesmo eu concordando com certas pautas de esquerda), ele sempre foi referência
para mim em ser um escritor e ser cadeirante. Porque sempre foi minha crítica,
as pessoas com deficiência, essa coisa que só poderemos superar através do
esporte e isso não é verdade. sempre tentaram nos jogar no esporte, porque
sabiam que a grande elite empresarial eram capacitistas e racistas (no modo de
temos ainda um conceito de escravocratas que não deixam o povo estudar e não aceitam
pessoas com características diferentes tem um currículo bom e são competentes).
E até acho – como sou um libertário cético ate no movimento libertário que
acredita em um monte de baboseira sem nexo nenhum – que pessoas com deficiência
deveriam votar nulo ou nem ir votar.
O Oscar só veio por causa do livro de um cadeirante, escrito
para falar da sua família e como sua mãe, Eunice Paiva, teve que criar os
filhos sozinha e voltar a faculdade e ser advogada para trabalhar, porque a
ditadura militar achou por bem matar o seu marido, Rubens Paiva. Além de
paralisar o país por 20 anos – não se desenvolve o país só construindo pontes
ou estradas intermináveis e sim, o desenvolvimento humano (que além de não ser “coisa
de comunista”, evolve educação de qualidade, reforma agraria, saneamento básico
e outras coisas importantes). A questão é: renunciaram à parte educacional e a
esquerda tomou, renunciaram ao trabalhador pobre e a esquerda dominou, hoje
estamos na mão de um partido incompetente em administração, faz farra com o
dinheiro e ainda, não resolve nenhum problema concreto.
Pessoas com deficiência nem diga, sempre fomos tratados como
“lixo” pela entidade famosinha que todo ano freta o serviço de vans aqui de São
Paulo para fazer os showzinhos de arrecadação (todo ano arrecada milhões e
nunca chega). Pessoas pilantras sempre estiveram no nosso meio – como minha
amiga disse “bando de filho da puta” – que ficam puxando o saco do PT dizendo
que é um partido inclusivo. Tão inclusivo que queriam liberar bilhetes de
raspadinha para os deficientes venderem, queriam tirar o Loas/BPC e queriam
diminuir o mesmo benefício de valor. Se isso é canalhice, não sei mais o que é.
Esses Oscar tem um sabor diferente, não por causa só de um
ato politico e histórico (que é sim, importante), mas importante por causa da inclusão
e as pessoas com deficiência podem sim fazer coisas além do esporte.
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