terça-feira, 31 de março de 2020

Crip Camp: a inclusão histórica dos PCDs dos Estados Unidos




Crip Camp: Revolução pela Inclusão (2020) Online - Flix Filmes


"O portador de deficiência moral, não precisa de cadeira de rodas. Anda de avião".
(Jose Arimateia da Silva)

Quando falamos de deficiência, falamos do corpo. A questão é: o porque o corpo incomoda tanto? Por que as pessoas, antes mesmo de conhecer o indivíduo, olha o corpo de maneira estético e associa ao estereótipo que a séculos molda o belo e o não belo? A questão vai mais além, numa sociedade onde as mídias (hoje, também as mídias sociais) moldam essa visão do defeituoso ou o “aleijado” como um doente e não uma pessoa que tem uma limitação. Mas, é uma pessoa. A visão da cadeira de rodas ficou no imaginário popular como um objeto que carregar corpos doentes, mas, a cadeira de rodas foi inventada por uma pessoa com deficiência que precisava dela, na Alemanha. Então, voltamos a pergunta inicial: por que o corpo incomoda tanto?

Quando você assiste o documentário da plataforma Netflix, “Crip Camp: Revolução pela inclusão”, você pode ver que muitos países enfrentaram a inclusão de pessoas com deficiência com bastante veemência. O segmento das pessoas com deficiência americano, não ficava com guerras de egos, não tomavam outras lutas, não questionavam suas lideranças com questões banais. O melhor de tudo, colocavam a pauta acima das suas convicções políticas. Ou seja, não havia nenhuma ideologia envolvida e sim, convivência e luta. Mostra que pessoas hippies levaram pessoas com deficiência num acampamento conviver, tinham paciência, tinham dignidade e pelos relatos, não havia a forma estética. A moralidade estraga a verdadeira essência do outro, da verdadeira beleza como indivíduo. Mostra a luta para o governo acessibilizar, construir rampas, fazer a acessibilizar o que é acessível hoje lá.

Mas, no documentário muitas pessoas mostram que ainda enfrentaram outras barreiras, para namorarem, para casarem, para transarem e ate para mostrarem que eram pessoas. Nós, pessoas com deficiência, não somos vistos como um ser humano qualquer e sim, como um estereotipo do corpo que supera sua “dificuldade” para ir além do que podemos ir. Mas, correr, pular, dançar, namorar, casar e etc, são coisas que todo mundo faz e só há uma diferença, temos que ter um instrumento a mais para se locomover. Talvez, o corpo incomode tanto, porque negamos a nossa parte corruptível dentro do tempo da nossa realidade, transcendendo, não como pensamento, mas como uma autoalienação daquilo que quer fugir. Transcender a deficiência não é pensar no perfeito – isso não existe – mas, olhar além da deficiência e olhar a pessoa. Mas, ainda sim, tem um problema, pessoa vem do latim “persona” que eram mascaras que se usavam para viver o “personagem” da peça. O ser enquanto totalidade seria bastante interessante, porque o ser-em-sí perfaz uma totalidade como consciências que percebem a realidade. Percebemos a realidade. Pensamos e existimos, pois, percebemos que somos consciências únicas que, talvez, estejamos numa consciência universal. Então, a deficiência é a forma de limitação que não atrapalha a vida e em alguns casos, pode ajudar a ter mais facilidade de encontrar soluções.

 Aqui, graças a uma medicalização, a infantilização das pessoas com deficiência é vista como algo natural. Famílias sub protegem – veremos no documentário que muitos pais se opuseram ao casamento – pessoas nos tratam com desdém, pessoas te olham feio nas filas e etc. há um modo ético que se deve tratar pessoas com deficiência, não excluindo e sim, incluindo.

Enfim, o documentário fala de inclusão de verdade.
Amauri Nolasco Sanches Junior



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