"O portador de
deficiência moral, não precisa de cadeira de rodas. Anda de avião".
(Jose
Arimateia da Silva)
Quando falamos de deficiência, falamos
do corpo. A questão é: o porque o corpo incomoda tanto? Por que as pessoas,
antes mesmo de conhecer o indivíduo, olha o corpo de maneira estético e associa
ao estereótipo que a séculos molda o belo e o não belo? A questão vai mais além,
numa sociedade onde as mídias (hoje, também as mídias sociais) moldam essa visão
do defeituoso ou o “aleijado” como um doente e não uma pessoa que tem uma limitação.
Mas, é uma pessoa. A visão da cadeira de rodas ficou no imaginário popular como
um objeto que carregar corpos doentes, mas, a cadeira de rodas foi inventada
por uma pessoa com deficiência que precisava dela, na Alemanha. Então, voltamos
a pergunta inicial: por que o corpo incomoda tanto?
Quando você assiste o documentário da
plataforma Netflix, “Crip Camp: Revolução pela inclusão”, você pode ver que
muitos países enfrentaram a inclusão de pessoas com deficiência com bastante veemência.
O segmento das pessoas com deficiência americano, não ficava com guerras de egos,
não tomavam outras lutas, não questionavam suas lideranças com questões banais.
O melhor de tudo, colocavam a pauta acima das suas convicções políticas. Ou seja,
não havia nenhuma ideologia envolvida e sim, convivência e luta. Mostra que
pessoas hippies levaram pessoas com deficiência num acampamento conviver, tinham
paciência, tinham dignidade e pelos relatos, não havia a forma estética. A moralidade
estraga a verdadeira essência do outro, da verdadeira beleza como indivíduo. Mostra
a luta para o governo acessibilizar, construir rampas, fazer a acessibilizar o
que é acessível hoje lá.
Mas, no documentário muitas pessoas
mostram que ainda enfrentaram outras barreiras, para namorarem, para casarem,
para transarem e ate para mostrarem que eram pessoas. Nós, pessoas com deficiência,
não somos vistos como um ser humano qualquer e sim, como um estereotipo do
corpo que supera sua “dificuldade” para ir além do que podemos ir. Mas, correr,
pular, dançar, namorar, casar e etc, são coisas que todo mundo faz e só há uma diferença,
temos que ter um instrumento a mais para se locomover. Talvez, o corpo incomode
tanto, porque negamos a nossa parte corruptível dentro do tempo da nossa
realidade, transcendendo, não como pensamento, mas como uma autoalienação daquilo
que quer fugir. Transcender a deficiência não é pensar no perfeito – isso não existe
– mas, olhar além da deficiência e olhar a pessoa. Mas, ainda sim, tem um
problema, pessoa vem do latim “persona” que eram mascaras que se usavam para
viver o “personagem” da peça. O ser enquanto totalidade seria bastante interessante,
porque o ser-em-sí perfaz uma totalidade como consciências que percebem a
realidade. Percebemos a realidade. Pensamos e existimos, pois, percebemos que
somos consciências únicas que, talvez, estejamos numa consciência universal. Então,
a deficiência é a forma de limitação que não atrapalha a vida e em alguns
casos, pode ajudar a ter mais facilidade de encontrar soluções.
Aqui, graças a uma medicalização, a infantilização
das pessoas com deficiência é vista como algo natural. Famílias sub protegem –
veremos no documentário que muitos pais se opuseram ao casamento – pessoas nos
tratam com desdém, pessoas te olham feio nas filas e etc. há um modo ético que
se deve tratar pessoas com deficiência, não excluindo e sim, incluindo.
Enfim, o documentário fala de
inclusão de verdade.
Amauri
Nolasco Sanches Junior
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