domingo, 5 de abril de 2020

Dio virou Dória





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O que os bolsonaristas não imaginavam é que a imagem mostra o roqueiro Ronnie James Dio, ex-vocalista da banda Black Sabbath, falecido em 2010 aos 67 anos..




“legiões de imbecis que antes só falavam no bar”
(Umberto Eco)

A questão é: o que seria a verdade? Se olharmos o dicionário iremos ver que a verdade tem o mesmo significado de realidade ou aquilo que é real, mas, na essência, verdade vem do latim “veritas”. O termo que deu origem ao termo “veritas” é “verus” que quer dizer, o real, aquilo que é verdadeiro. Em alguns sites de etimologia (aqui um deles), o termo tem origem do indo-europeu “were-o” que quer dizer verdadeiro ou merecedor de confiança”. Então, a verdade não pode ser dita apenas como a realidade, e sim, aquilo que é verdadeiro ou merecedor de confiança. Então, uma nova questão surge: a internet todas as informações são merecedoras de confiança? Será que em nome de um ídolo, podemos distorcer a verdade ao ponto de caber numa realidade tão estreita que cabe morais artificiais?

O filósofo alemão Nietzsche, dizia que não existe verdades absolutas, assim como, não há fatos eternos. Por que não se pode ter verdades absolutas? Tudo aquilo que é absoluto ele é algo acabado, algo que não tem nada a colocar, então, algo que é absoluto ele não precisa de acrescentar nada naquilo, porque ele é acabado. Quando estamos falando de verdade, estamos falando de algo que é merecedor de confiança da certeza que aquilo seja real. E quando você, numa pesquisa rápida, desmente aquilo que era uma verdade acabada e inviolável?

Foi o que aconteceu com uma tentativa dos bolsonaristas-olavetes de difamar o governador de São Paulo, João Dória (PSDB), com uma foto do vocalista Ronnie James Dio (morto de câncer em 2010), por causa da semelhança dos dois. Na outra foto, esta Bolsonaro com farda militar e com posição de ser um rapaz celibato. Como eu não acredito em “santos” e pessoas tão inteligentes, não acredito que o Bolsonaro era tão bonzinho assim. Acontece que esse tipo de verdade, são verdades pautadas em valores muito frágeis que podem quebrar a qualquer demonstração que as coisas não são como é mostrada. Dai, faz sentido, a crítica do filósofo alemão Nietzsche, onde ele diz que não existe verdades absolutas. E não existe mesmo. Muitos que tentam argumentar com operações matemáticas, mas, ele não estava falando da logica (como se a matemática pudesse moldar o caminho ético em busca de alguma verdade). A lógica não pode ser discutida quando temos valores sentimentais e da própria existência, pois, se o universo fosse tão lógico assim, nós nem existíamos.

Por outro lado, a lógica tem uma coisa que ninguém discute, pelo menos, seriamente. Quando Aristóteles – que viveu trezentos anos antes de Cristo – colocou o silogismo uma questão logica, se colocou uma questão dedutiva. Se todos os homens são racionais, a conclusão mais obvia seria deduzir que Sócrates fosse racional. Como 2+2 são 4, pois, são operações mentais dedutivas que podem ser verificadas e ate mesmo, testadas com maior tranquilidade. Não chega a ser uma verdade do modo de ser absoluta ou acabada, e sim, uma dedução daquilo que existe na realidade logica que nos cercam. Por exemplo, todas as arvores são vegetais e nascem de uma semente (mesmo que se use uma muda), só que existem diferenças peculiares como frutos, como folhas e como crescem. Mas o gostar ou achar bela uma arvore, é uma questão subjetiva ou dos valores que você carrega graças a construção do seu caráter. Ou seja, a verdade universal se torna algo que se pode fazer uma critica minuciosa e chegar a conclusão que podemos, ate mesmo, duvidar da existência de uma arvore.

O problema não é a existência de um objeto, deduzimos que ele existe graças aquilo que vimos (que pode nos enganar). Podemos ver um objeto ao longe, por exemplo, e, no entanto, quando nos aproximamos, é outro objeto. A questão de o Dio ser semelhante ao Dória não capacita a uma verdade, e sim, só a limitação da ignorância imensa que ainda existe no Brasil de ficar nas suas bolhas culturais de massa. A falta de um filtro ideológico, religioso ou cultural, fez do nosso país uma nação de incrédulos e não acreditasse nem mesmo em conclusões cientificas. E isso não é só mérito do Brasil, outras nações tem seus ignorantes que ignoram que só existira uma só verdade, quando existir uma perfeição dentro desses mesmos meios que moldam nossa realidade.

Será que os iluministas estavam certos sobre o conhecimento? Ate o momento, a humanidade tem provado que a informação não é o bastante, porque o conhecimento fica distorcido sobre valores que não são a verdadeira virtude. A virtude são valores além da moralidade de religiões ou ideologias de uma moral fraca e sem nenhum propósito, e sim, valores de uma educação onde se preocupamos em passar algo dentro da ética. Alcançar a verdade está muito além de meras obviedades sem sentido nenhum.

Amauri Nolasco Sanches Junior


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