terça-feira, 28 de abril de 2020

O ‘e daí?’ de Bolsonaro e a falta de educação




5 frases geniais de Aristóteles - A Mente é Maravilhosa
Estatua de Aristóteles (imagem/Google)




A inteligência é a insolência educada.

O presidente Jair Bolsonaro respondeu para uma seguidora – que questionou a entrada do Alexandre Ramagem como diretor-geral da Policia Federal por ele ser amigo da família - assim: "E daí? Antes de conhecermeus filhos eu conheci Ramagem. Por isso deve ser vetado? Devo escolher alguémamigo de quem?".   Que podemos analisar com mais cuidado, mostrando, como disse o filosofo Luiz Felipe Pondé, que o Bolsonaro confunde ser contra um discurso politicamente correto com falta de educação. Primeiro, Bolsonaro tem que entender que está no cargo máximo dentro da política de qualquer nação, ele não é mais um deputado. Depois, esse tipo de resposta pode dar margem da esquerda – seja ela progressista ou socialista/comunista – a ganhar mais eleitores e assim, ganhar mais força nessa polarização que estamos vivendo.

Podemos dizer que esse “e daí?” é uma colocação de impor sua decisão e mostrar total segurança daquilo que se está dizendo. Mas, o “e daí?” como forma de expressão, não pode ser confundido com segurança ou desprezo pela outra pessoa. Mesmo o porquê, essa expressão mostra como nossa sociedade não quer mais ouvir o outro e, assim, impor sua opinião. O filosofo grego Platão – aluno de Sócrates – dizia que uma opinião (os gregos chamavam de doxa) não podia ser confundida como argumento. A seguidora do presidente trouxe dados concretos sobre os fatos, Alexandre Ramagem é amigo dos filhos do presidente, mesmo não sendo um ato ilegal, é um ato antiético e abre desconfianças inúmeras na figura do presidente. Por outro lado, o presidente desqualificou o que a mulher disse com o seu “e daí?” mostrando seu desprezo com o conhecimento e a real argumentação. Porque, o “e daí?” como forma coloquial para querer dizer “e você com isso?” mostra o tom autoritário e reacionário que vem mostrado esse governo.

A questão é, que nos últimos 16 anos, as pessoas estão desprezando cada vez mais o verdadeiro conhecimento. Tudo isso começou com o governo lulopetista onde o seu presidente falou para os quatro ventos que não lia livros, que não tinha nenhum curso de graduação. Isso mostra o quanto o nosso povo, como diria Nietzsche, é um povo ressentido por não ter a capacidade – e muitas vezes, nem ter a chance – de estudar e ler um livro, obter um conhecimento. Se escondem em religiões abastadas de dar conforto egóico em dizer que eles vão para o paraíso e quem conseguiu tudo aquilo, não vão. O paraíso só pode ser alcançado dentro de uma verdade e para se chegar a essa verdade tem que ter muito conhecimento, muita informação e ser cético. O ceticismo total leva a ter um filtro e qualquer informação não pode ser levada como real. O que é real e o que não é real?

Na política, a questão o que é real e o que não é real, fica muito difícil, por causa da pratica da retorica. Isso, por termos uma cultura latina, é muito enraizado e contem, muitas vezes, argumentos demagogos. Segundo a Wikipédia, demagogia é um termo de origem grega que tem o significado “arte ou poder de conduzir o povo". É uma atuação política na qual existe um interesse em uma manipulação ou agradar a grande massa popular, isso inclui promessas que não serão realizadas. O populismo e a demagogia sempre estão juntos.

O filosofo francês André Comte-Sponville diz: “A polidez é a primeira virtude e, quem sabe, a origem de todas.”, porque a polidez é a essência da gentileza, porque segundo o próprio, ela não liga para moral. Por que? A meu ver, a polidez é a essência da ética, não como um modo de sociedade para individuo, mas, de individuo para sociedade. Ou seja, quando você usa a polidez, você se sente seguro daquilo que você é e aquilo que você sente ter feito. O presidente mostrou que é inseguro e sabe que não está fazendo aquilo que deveria fazer e prometeu fazer, pois, o “e daí?” veio carregado de insegurança.

Amauri Nolasco Sanches Junior

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