Estatua de Aristóteles (imagem/Google) |
A inteligência é a insolência
educada.
O presidente Jair Bolsonaro respondeu para uma seguidora –
que questionou a entrada do Alexandre Ramagem como diretor-geral da Policia
Federal por ele ser amigo da família - assim: "E daí? Antes de conhecermeus filhos eu conheci Ramagem. Por isso deve ser vetado? Devo escolher alguémamigo de quem?". Que podemos analisar com mais cuidado,
mostrando, como disse o filosofo Luiz Felipe Pondé, que o Bolsonaro confunde
ser contra um discurso politicamente correto com falta de educação. Primeiro, Bolsonaro
tem que entender que está no cargo máximo dentro da política de qualquer nação,
ele não é mais um deputado. Depois, esse tipo de resposta pode dar margem da
esquerda – seja ela progressista ou socialista/comunista – a ganhar mais
eleitores e assim, ganhar mais força nessa polarização que estamos vivendo.
Podemos dizer que esse “e daí?” é uma colocação de impor sua
decisão e mostrar total segurança daquilo que se está dizendo. Mas, o “e daí?”
como forma de expressão, não pode ser confundido com segurança ou desprezo pela
outra pessoa. Mesmo o porquê, essa expressão mostra como nossa sociedade não quer
mais ouvir o outro e, assim, impor sua opinião. O filosofo grego Platão – aluno
de Sócrates – dizia que uma opinião (os gregos chamavam de doxa) não podia ser
confundida como argumento. A seguidora do presidente trouxe dados concretos
sobre os fatos, Alexandre Ramagem é amigo dos filhos do presidente, mesmo não sendo
um ato ilegal, é um ato antiético e abre desconfianças inúmeras na figura do
presidente. Por outro lado, o presidente desqualificou o que a mulher disse com
o seu “e daí?” mostrando seu desprezo com o conhecimento e a real argumentação.
Porque, o “e daí?” como forma coloquial para querer dizer “e você com isso?”
mostra o tom autoritário e reacionário que vem mostrado esse governo.
A questão é, que nos últimos 16 anos, as pessoas estão desprezando
cada vez mais o verdadeiro conhecimento. Tudo isso começou com o governo
lulopetista onde o seu presidente falou para os quatro ventos que não lia
livros, que não tinha nenhum curso de graduação. Isso mostra o quanto o nosso
povo, como diria Nietzsche, é um povo ressentido por não ter a capacidade – e muitas
vezes, nem ter a chance – de estudar e ler um livro, obter um conhecimento. Se escondem
em religiões abastadas de dar conforto egóico em dizer que eles vão para o paraíso
e quem conseguiu tudo aquilo, não vão. O paraíso só pode ser alcançado dentro
de uma verdade e para se chegar a essa verdade tem que ter muito conhecimento, muita
informação e ser cético. O ceticismo total leva a ter um filtro e qualquer informação
não pode ser levada como real. O que é real e o que não é real?
Na política, a questão o que é real e o que não é real, fica
muito difícil, por causa da pratica da retorica. Isso, por termos uma cultura
latina, é muito enraizado e contem, muitas vezes, argumentos demagogos. Segundo
a Wikipédia, demagogia é um termo de origem grega que tem o significado “arte
ou poder de conduzir o povo". É uma atuação política na qual existe um interesse
em uma manipulação ou agradar a grande massa popular, isso inclui promessas que
não serão realizadas. O populismo e a demagogia sempre estão juntos.
O filosofo francês André Comte-Sponville diz: “A polidez é a
primeira virtude e, quem sabe, a origem de todas.”, porque a polidez é a essência
da gentileza, porque segundo o próprio, ela não liga para moral. Por que? A meu
ver, a polidez é a essência da ética, não como um modo de sociedade para
individuo, mas, de individuo para sociedade. Ou seja, quando você usa a polidez,
você se sente seguro daquilo que você é e aquilo que você sente ter feito. O presidente
mostrou que é inseguro e sabe que não está fazendo aquilo que deveria fazer e
prometeu fazer, pois, o “e daí?” veio carregado de insegurança.
Amauri Nolasco Sanches
Junior