sábado, 6 de junho de 2020

A blogueira racista e o menino Miguel – o racismo e o preconceito polarizado



RELATOS DE RACISMO - EDUCAFRO



Por Amauri Junior

Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.
Nelson Rodrigues


A questão racista e de preconceito é uma coisa bem mais complexa do que a esquerda nos faz ver como verdade absoluta, porque se trata de algo muito mais além do que ser contra só de negros, só de homossexuais ou da maioria que grita mais. Nós, pessoas com deficiência, que temos pessoas negras, homossexuais ou mulheres, são pouco aceitos e não há uma ressonância na nossa luta diária contra o preconceito. Até mesmo, existe um texto de uma colega que é cadeirante e no entanto, escreve uma critica sobre o feminismo e mulheres com deficiência (aqui). Qualquer preconceito é errado e muito burro, porque é exatamente o que o sistema quer, separar para melhor governar.
Preconceito, segundo está no Google, é “qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico” ou “sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância”. Ora, será mesmo, numa era que temos tanta informação cabe esse tipo de coisa? Ao que parece, ainda cabe. Porque as pessoas não querem ler sobre o assunto antes de falar, querem falar para dar sua opinião e saber que aquilo lhe dará likes. Só isso. Quando comecei usar internet não era assim, antes de postar coisa nas discussões procurávamos artigos sobre e liamos esses artigos para colaborar com nossa tese, não era achismo. Além do mais, eram uma troca de informação. Aprendi muito com isso.
Acontece que a internet se popularizou e com ela vieram pessoas que estavam restritas nos bares, nas conversas de vizinho, nas periferias de classe media baixa e pobre. Começaram a gostar do fato de outras pessoas se identificarem com aquilo que a pessoa dizia, e isso é documentado em psicologia – principalmente, de Skinner – que se você reforçar um comportamento por meio de um ganho, esse comportamento será padrão. Mas, na verdade, as mídias sociais abriram uma caixa tipo de Pandora, ou seja, são o espelho de cada sociedade e a nossa acha que está falando com o vizinho ou com o cara do bar. Polarizaram a politica por acharem que são torcidas de futebol, acham que vão informar com meme, acham que a vida é uma postagem em um Twitter. Esta parecendo que temos vários nichos, dos socialistas soviéticos, aos nazistas hitleristas mais fiéis ao regime protodemocratico socialista neonazifascista (eles que enxergam assim).
Falas como da postadeira de stories do Instagram (influencer é ridículo, né?) Luisa Nunes Brasil, que o preconceito é uma coisa natural, ouvíamos muito nos anos 80. Mas, quem vivia entre as minorias (que são a maioria), a diversidade era muito normal. Quando estudávamos numa das unidades da AACD, toda as terças ou quartas, não me lembro, um motorista parava em uma barraquinha de churros e comprávamos churros. Num dado dia, crianças começaram a olhar pela janela como se fossemos pessoas de outro mundo – eu achava aquilo muito estranho, mas nunca foi uma coisa que me incomodou – e minha amiga disse que tínhamos Aids e as crianças saíram correndo. Claro, hoje eu sei que a atitude da minha amiga também estava errada, mas, é a defesa que as vezes nos torna pessoas que ao invés de informar, queremos colocar terror onde não tem. Por outro lado, mesmo que tivéssemos, não teria o menor problema. O que quero mostrar é que não temos uma educação adequada para forma cidadãos, como nossos governantes e as nossas universidades herdaram o positivismo, sempre a educação foi para formar “robozinho” para as fabricas e não cidadãos de verdade.
A Luisa é mais uma que recebeu uma educação do sistema, pois, se toda a população se unisse para cobrar os governantes não teríamos desrespeito e perseguição. Teria respeito com o outro e não tratar o outro como um mero “animalzinho” de estimação que faz o que quiser. Ninguém tem o direito de violar a liberdade do outro. O que aconteceu com o menino Miguel é corriqueiro dentro de algumas casas – na região onde ele morava, pelo que eu li – que, sendo em Pernambuco, torna uma situação ridícula. No Brasil, onde há uma maior dissidência a sermos um povo misturado e tem as quatro matrizes do mundo dentro da genética e culturalmente. Aliás, geneticamente, o único povo que tem a pureza do homo sapiens é o próprio negro, ou seja, o homo sapiens era negro e ao se espalhar pelo mundo, se clareou. Por que eu sei disso? Estudei. Vi coisas relevantes no YouTube e aprendi.
Não existe vitimas de qualquer coisa de esquerda e de direita, existe pessoas que sofreram perdas e cada perda tem um valor absoluto, não se desconstrói a humanidade de George Floyd – vitima de um policial racista nos Estados Unidos – por uma esquerda louca para ter a presidência e, não a relativização da morte dele por uma direita que pensa em cifrão. Tantas outras vitimas foram usadas politicamente. Tantas pessoas são usadas pela mídia para dar clicks em jornais, audiência em programas sensacionalistas, pessoas que não mereciam ser jogadas ao limbo da ideologia. Um foda-se as milhares de “luisas” que acham que o preconceito é normal.



Nenhum comentário:

Postar um comentário