
Por Amauri Junior
Os idiotas vão tomar conta do mundo; não pela capacidade, mas pela quantidade. Eles são muitos.
Nelson Rodrigues
A questão racista e de preconceito
é uma coisa bem mais complexa do que a esquerda nos faz ver como verdade
absoluta, porque se trata de algo muito mais além do que ser contra só de negros,
só de homossexuais ou da maioria que grita mais. Nós, pessoas com deficiência,
que temos pessoas negras, homossexuais ou mulheres, são pouco aceitos e não há uma
ressonância na nossa luta diária contra o preconceito. Até mesmo, existe um
texto de uma colega que é cadeirante e no entanto, escreve uma critica sobre o
feminismo e mulheres com deficiência (aqui). Qualquer preconceito é errado e
muito burro, porque é exatamente o que o sistema quer, separar para melhor
governar.
Preconceito, segundo está no Google,
é “qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico” ou “sentimento
hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma experiência
pessoal ou imposta pelo meio; intolerância”. Ora, será mesmo, numa era que
temos tanta informação cabe esse tipo de coisa? Ao que parece, ainda cabe. Porque
as pessoas não querem ler sobre o assunto antes de falar, querem falar para dar
sua opinião e saber que aquilo lhe dará likes. Só isso. Quando comecei usar
internet não era assim, antes de postar coisa nas discussões procurávamos artigos
sobre e liamos esses artigos para colaborar com nossa tese, não era achismo. Além
do mais, eram uma troca de informação. Aprendi muito com isso.
Acontece que a internet se popularizou
e com ela vieram pessoas que estavam restritas nos bares, nas conversas de
vizinho, nas periferias de classe media baixa e pobre. Começaram a gostar do
fato de outras pessoas se identificarem com aquilo que a pessoa dizia, e isso é
documentado em psicologia – principalmente, de Skinner – que se você reforçar
um comportamento por meio de um ganho, esse comportamento será padrão. Mas, na
verdade, as mídias sociais abriram uma caixa tipo de Pandora, ou seja, são o
espelho de cada sociedade e a nossa acha que está falando com o vizinho ou com
o cara do bar. Polarizaram a politica por acharem que são torcidas de futebol,
acham que vão informar com meme, acham que a vida é uma postagem em um Twitter.
Esta parecendo que temos vários nichos, dos socialistas soviéticos, aos
nazistas hitleristas mais fiéis ao regime protodemocratico socialista
neonazifascista (eles que enxergam assim).
Falas como da postadeira de stories
do Instagram (influencer é ridículo, né?) Luisa Nunes Brasil, que o preconceito
é uma coisa natural, ouvíamos muito nos anos 80. Mas, quem vivia entre as
minorias (que são a maioria), a diversidade era muito normal. Quando estudávamos
numa das unidades da AACD, toda as terças ou quartas, não me lembro, um
motorista parava em uma barraquinha de churros e comprávamos churros. Num dado
dia, crianças começaram a olhar pela janela como se fossemos pessoas de outro
mundo – eu achava aquilo muito estranho, mas nunca foi uma coisa que me
incomodou – e minha amiga disse que tínhamos Aids e as crianças saíram correndo.
Claro, hoje eu sei que a atitude da minha amiga também estava errada, mas, é a
defesa que as vezes nos torna pessoas que ao invés de informar, queremos
colocar terror onde não tem. Por outro lado, mesmo que tivéssemos, não teria o
menor problema. O que quero mostrar é que não temos uma educação adequada para
forma cidadãos, como nossos governantes e as nossas universidades herdaram o
positivismo, sempre a educação foi para formar “robozinho” para as fabricas e não
cidadãos de verdade.
A Luisa é mais uma que recebeu uma educação
do sistema, pois, se toda a população se unisse para cobrar os governantes não teríamos
desrespeito e perseguição. Teria respeito com o outro e não tratar o outro como
um mero “animalzinho” de estimação que faz o que quiser. Ninguém tem o direito
de violar a liberdade do outro. O que aconteceu com o menino Miguel é
corriqueiro dentro de algumas casas – na região onde ele morava, pelo que eu li
– que, sendo em Pernambuco, torna uma situação ridícula. No Brasil, onde há uma
maior dissidência a sermos um povo misturado e tem as quatro matrizes do mundo
dentro da genética e culturalmente. Aliás, geneticamente, o único povo que tem
a pureza do homo sapiens é o próprio negro, ou seja, o homo sapiens era negro e
ao se espalhar pelo mundo, se clareou. Por que eu sei disso? Estudei. Vi coisas
relevantes no YouTube e aprendi.
Não existe vitimas de qualquer
coisa de esquerda e de direita, existe pessoas que sofreram perdas e cada perda
tem um valor absoluto, não se desconstrói a humanidade de George Floyd – vitima
de um policial racista nos Estados Unidos – por uma esquerda louca para ter a presidência
e, não a relativização da morte dele por uma direita que pensa em cifrão. Tantas
outras vitimas foram usadas politicamente. Tantas pessoas são usadas pela mídia
para dar clicks em jornais, audiência em programas sensacionalistas, pessoas
que não mereciam ser jogadas ao limbo da ideologia. Um foda-se as milhares de “luisas”
que acham que o preconceito é normal.
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