Por Amauri Nolasco
Sanches Jr
E ainda não és livre, ainda procuras a liberdade. As tuas buscas fizeram-te insone e inquieto de maneira excessiva.
Já deveria ter ficado bastante
claro, desde Sócrates (sim, a filosofia de fato começa com Sócrates), visa
descontruir uma narrativa para se chegar numa analise mais apurada da verdade.
isso, queiram ou não, tem a ver de um modo metafisico. O próprio Sócrates
quando começou a analisar tudo que lhe respondiam, chegou à conclusão que
ninguém era o que dizia que era – ninguém era bom de verdade – ninguém sabia
aquilo que pensava que sabia, porque todo mundo era ignorante. Dai, indo um
pouco mais além, podemos intender não só as palavras de Sócrates em dizer que
sabia que nada sabia por admitir sua ignorância diante a realidade, mas também,
Buda Sakiamuni que disse que somos seres ignorantes da realidade de fato, e
também, Jesus dizendo que muitos seriam chamados, só poucos serão escolhidos.
Mas, por que? Nem todo mundo se liberta da sua crença porque tem medo de achar
que vai ficar perdido por ai sem um alento. Depois de 5 mil anos de estado,
onde ele cuida da sociedade, dá uma razão de vida, dará uma crença que tudo
ficara melhor da outra vida. Mas, você deve estar se perguntando: por que você
está falando de crenças se você citou Jesus e Buda?
Não acredito que Buda foi budista
e nem que Jesus foi cristão, porque o mesmo estado que condenou Jesus, por
exemplo, usou sua crença para unificar seu império novamente. O budismo tem
varias variantes que nada ensinam a verdadeira essência do que Sakiamuni
pregava, o único mais próximo, é o zen que talvez resgatou a verdadeira sanga
(ensinamentos de Buda). Então, quem garante que essa é a realidade de fato?
Mesmo o porquê, a realidade pode ser apenas um ponto de vista de uma jornada
evolutiva a algo muito maior, a chegada de algo que o ser humano ainda não vê. A
virtude socrática pode ser muito mais do que esse racionalismo vagabundo que
temos hoje. O belo platônico não pode ser entendido como o belo físico, nem o
mundo das ideias pode ser entendido como um mundo concreto que existe já construído.
Afinal, como disse Aristóteles, somos por natureza sem a querer saber.
Acontece, que a filosofia moderna
esqueceu (ou quis esquecer) que nem sempre a verdade, ou o que chamamos de
verdade, está em materiais finitos e isso se resume a realidade. A meu ver, a
filosofia se rende a técnica (telné) e ficou cientifistas demais, ficou só o
que podemos explicar. Será mesmo, como quis um dia Comte, que a ciência
resolveu os problemas? Quando eu era muito jovem, a técnica junto com a
ciência, imaginava que logo depois do ano dois mil, carros iriam voar, robôs
iriam fazer tarefas domesticas e tudo mais que, se existem, eu não vejo. Tanto
é, que estamos em quarentena por causa do Coronavírus, que nem ao certo, sabem
de onde veio. A técnica fez grandes avanços, mas colaborou para acontecer duas
guerras mundiais. Não curou a gripe espanhola, não curou o Coronavírus. Será
que podemos confiar na técnica? Será que a filosofia deve confiar cegamente na
ciência?
A técnica é a essência tanto da extrema-direita
(fascismo e nazismo) quanto a extrema-esquerda (socialismo-comunista
stalinismo) e assim, o mundo se deu logo depois da segunda guerra mundial. O
século vinte, na sua essência, foi niilista. As pessoas pararam de acreditar
que poderiam sentir e fazer por si mesmo, sem recorrer a técnica. A filosofia
foi para a área logica da linguagem (como se não usássemos de forma correta a
linguagem no filosofar) ou, na existência do homem, que tem que lhe dar com
suas próprias escolhas. Mas, a questão é: sabemos o que é liberdade? Será mesmo
que a liberdade existe? Tiraram a essência do ser humano para dizer que estamos
livres, mas, a existência não nos atesta sermos livres. Será mesmo que o
problema é a linguagem? Será que nossa salvação é a técnica?
Não sou contra a técnica, afinal,
sem ela eu não teria cadeira de rodas e nem cirurgias que me fizeram sentar ou
ficar em pé, mas, a técnica não é uma deusa intocável. Ao mesmo tempo que fez a
minha cadeira de rodas, fez a bomba atômica, o modo hard de terrorismo estatal.
A liberdade é fácil mensurar, ou você tem ela ou você não tem, porque o homem
por natureza tem consciência da sua existência porque pensa. Ora, se acho que
uma flor é linda, eu tenho plena certeza que quem acha a flor linda sou eu. Nossa
essência é o que somos, não o que a teologia católica define, mas, sendo
valores caras por muitos séculos.
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