![]() |
Por Amauri II
Nesse final de semana, fui surpreendido por um
texto no facebook falando ou tentando explicar a diferença do
anarquismo (dizerm ser comunista) e o ancap (que chamam o
libertarianismo, anarco-capitalismo). O texto esta na pagina bandeiraNegra e sera linkado no nome aqui no texto. Mas, vou responder esses
erros e esclarecer alguns mais entendidos.
<<<O Anarquismo surgiu em 1868, quando Mikhail Bakunin e outros revolucionários criaram a Aliança da Democracia Socialista. Esses militantes atuaram dentro da Associação Internacional dos Trabalhadores, que funcionava como um sindicato gigante que promovia lutas operárias. >>>
Ora, o anarquismo vem muito antes dessa data e não
surgiu diretamente com Bakunin. O termo anarquismo compõem dois
termos, a palavra “anarquia” com o sufixo “ismo” que é
derivado do grego “anarkhos” ( ἀναρχος) que tem o
significado “sem governantes/governo”. A partir do sufixo an-
(sem)
+ arkhé
(soberania,
reino, magistratura) + o sufixo -ismós
da
raiz verbal -izein.
O primeiro uso conhecido do termo anarquia data de 1539 e essa
palavra, passou a ser usada amplamente no contexto da Revolução
Francesa sendo muito utilizado por Robespierre para desqualificar
grupos de oposição. Grupo como os enragés de Jacques
Roux tendo, assim por diante, uma conotação essencialmente
negativa.
O primeiro filósofo a se considerar anarquista
foi Pierre-Joseph Proudhon, em 1840. no seu livro “O Que É a
Propriedade?” ao ter a percepção da ambiguidade da palavra grega
“anarkós”, que não tinha só o significado de desordem, mas
também a falta de um governo em situações onde este é considerado
desnecessário. Assim, Proudhon se proclamou um anarquista com base
nesse último significado para tentar legitimar uma tentativa de
ressaltar que a critica que se propunha fazer ao Estado e a
autoridade não implicava na defesa da “desordem” numa tentativa
de colocar o uso do termo como positivo.
Mesmo com a intenção de Proudhon, o termo foi
perdendo o seu vies negativo progressivamente e os primeiros que
militaram a favor do anarquismo, no contexto da AIT ( Associação
Internacional dos Trabalhadores) jamais se declararam como tal e
associando o termo como “socialismo revolucionario” ou
“coletivismo”. Os termos “anarquia” e “anarquismo”
passaram a ser reivindicados pelos militantes de uma forma mais
generalizada só depois o rompimento com a AIT e a formação da
Internacional de Saint-Imier, no ano de 1872. Mesmo assim, não
aconteceu uma homogenização nesse sentido, e muitos outros termos
foram usados como “socialismo libertário”, “comunismo
libertário” e “socialismo antiautoritário”. Esses termos
foram amplamente reivindicados pelos militantes anarquistas, embora
não possam ter uma associação ao anarquismo em alguns casos, pois
se entende também a outros setores da esquerda socialista e a
revolucionaria. (aqui)
O que o autor do texto se esqueceu – ou aprendeu
nas nossas universidades que os professores defendem o
socialismo/comunista lenista-stalinista – que na verdade Mikhail
Bakunin – outro grande pensador anarquista que viveu entre 1814 a
1876 – foi muito inspirado pelo anarquismo de Proudhon e também,
pelas ideias socialistas, principalmente, o socialismo cientifico de
Karl Marx (por isso os anarquistas universitarios amam Bakunin) que
conheceu na decada de 1860, e ele faz uma nova teoria anarquista,
muito maisa radical e defensora de acoes duras para o aniquilamento
do Estado. Portanto, a pagina diz que quem criou a teoria do
anarquismo foi Bakunin, mas, ele criou o anarquismo radical que
justifica anarquistas se juntarem com os socialistas no Antifas.
Só que não dizem que Bakunin se afastou de Karl
Marx por eles descordarem entre si de ideias sobre o Estado, pois
Marx defendia uma criacao de um Estado socialista amplo e forte,
Bakunin defendia o fim do Estado de modo definitivo. Segundo Marx,
que viveu na Inglaterra industrial do seculo dezenove por algum
tempo, o proletariado era a figura central que poderia conseguir
derrubar todo o capitalismo, por outro lado, Bakunin, que viveu numa
Rússia ainda rural, os camponeses é que tinham a força necessária
para começar uma revolução. (aqui)
<<<<Anarquistas são de extrema esquerda e querem uma sociedade com igualdade social, e por isso combatem o Capitalismo que divide a sociedade entre ricos e pobres. Também são contra o Patriarcado, o Racismo e o Imperialismo. >>>
para mim, por tudo que eu li e ouvi pessoas que
estudaram o anarquismo, colocar em um extremo é pura besteira. Mesmo
o porquê. se analisarmos bem a fundo, o anarquismo não visa só
acabar o Estado (como se fosse acabar com o grande Leviatã), mas,
acabar com todos os conceitos que prendem o ser humano e o escraviza.
Portanto, quando se rotula o anarquismo de extrema esquerda (do
socialismo stalinista), esta impondo que qualquer anarquista tem
obrigacao de ser de extrema-esquerda, portanto, oprimindo o
anarquista a seguir um lado. Isso, para mim não faz nenhum sentido.
Acontece, que muitos professores universitário –
por terem um vies socialista/comunista que não tem nenhum problema,
desde ensinam certo e não puxando para sua ideologia – ensina que
só há a anarquia radical de Bakunin e que osso justificaria ser
associados a ideias socialistas e não é verdade. Um verdadeiro
anarquista defende a liberdade e não ser de esquerda ou direita.
<<<O "Anarco" Capitalismo nasce quase 100 anos depois com Murray Rothbard, um seguidor do liberal Ludwig Von Mises (ex ministro da economia do governo fascista de Dolfuss, na Áustria). Os ancaps são muito próximos dos liberais radicais da Escola Austríaca de Hayek, e no Brasil o mais famoso é o burguês Hélio Beltrão, presidente do Instituto Mise >>>>
Primeiro, não há uma definição ao termo
“anarco-capitalismo” ou libertarianismo ou outro que defina
pessoas que querem abolir o estado e fundar comunidades que possam
definir qual as diretrizes de comunidade e o livre mercado. Segundo,
Von Mises não foi ministro da economia e sim, conselheiro econômico
de Delfuss que não invalida sua obra. Quantos autores que defenderam
governos piores não tiveram sua obra marcada como clássica?
Terceiro, segundo a wikipedia, Hélio Beltráo era “pai da
jornalista Maria Beltrão e do presidente do Instituto Mises
Brasil, Hélio Coutinho Beltrão.” e não se tem nenhuma referência
sobre a ligação entre ele e os ancaps.
<<<<Ancaps defendem a liberdade de nazistas marcharem em público e defenderem a "liberdade de expressão".>>>
não defende. Se há alguém que se diz ancap ou
libertário que defende esse tipo de coisa, é uma minoria (Paulo
Kogos não vale) e que nem sabem o que seria a ideologia de fato. A
questão é: 1- usar o termo nazista de forma arbitraria que pode
banalizar o termo. 2- libertário defendem a não violencia e a troca
de argumento, pois, quando você dá uma resposta violenta a aqueles
que não usaram com você, você começa a infingir a regra do PNA
(Pacto de Nao Agressão).
<<<Anarquistas participam de lutas antifascistas, chegando a pegar em armas contra nazifascistas na Revolução Espanhola. >>>
Anarquistas não se juntam com socialistas, porque
socialistas usam anarquistas como “bucha de canhão” para subir
ao poder e fazer seu próprio governo. Qual anarquista sobreviveu do
regime socialista soviético? Qual anarquista sobreviveu nos regimes
socialistas? Se fomos bastante rigorosos, vamos encontrar elementos
bastante autoritario no Bolsonaro, mas, o fascismo e o nazismo é
muito mais do que um atoritarismo tosco, caudilho, que não tem nada
a ver com forças nazistas.
<<<Não confundam anarquistas de verdade, que lutam em sindicatos e movimentos sociais, com radicais de direita ultraliberais.>>>
Existem anarquistas de mentira? Para mim
anarquistas de mentira se associam a ideologias de lá trás que
mataram e matam milhões de pessoas oprimido populações inteiras
como o socialismo. Todo anarquista quer abolir o estado e não trocar
as forças repressoras ideológicas que interessam. Os libertários
defendem o individualismo, a autogestão para não depender de
ninguém, a não violência e ao voluntarismo por vontade. Não impor
nada, nem moral, nem religiosa, nem ideológica politica e no mais,
que cada um faça o que queira, se quer abrir alguma coisa que abra,
se quer trabalhar para os outros que trabalhe. Mas nunca se pode
dizer que o cara é errado, que o outro tem que pensar como eu penso.
Antifas ou outro movimento do mesmo porte, querem definir como se
pensa, como se age, como se vê, como senhores de uma moral que não
é conquistada por mera quebra-quebra sem nexo, o povo não gosta
disso, mas, levando em conhecimento e informação. Sempre.
leiam também:
Nenhum comentário:
Postar um comentário