terça-feira, 16 de junho de 2020

Respondendo os anarquistas acadêmicos


A imagem pode conter: 2 pessoas, barba, texto que diz "ANARQUISTA "Ancap""

Por Amauri II


Nesse final de semana, fui surpreendido por um texto no facebook falando ou tentando explicar a diferença do anarquismo (dizerm ser comunista) e o ancap (que chamam o libertarianismo, anarco-capitalismo). O texto esta na pagina bandeiraNegra e sera linkado no nome aqui no texto. Mas, vou responder esses erros e esclarecer alguns mais entendidos.

<<<O Anarquismo surgiu em 1868, quando Mikhail Bakunin e outros revolucionários criaram a Aliança da Democracia Socialista. Esses militantes atuaram dentro da Associação Internacional dos Trabalhadores, que funcionava como um sindicato gigante que promovia lutas operárias. >>>
Ora, o anarquismo vem muito antes dessa data e não surgiu diretamente com Bakunin. O termo anarquismo compõem dois termos, a palavra “anarquia” com o sufixo “ismo” que é derivado do grego “anarkhos” ( ἀναρχος) que tem o significado “sem governantes/governo”. A partir do sufixo an- (sem) + arkhé (soberania, reino, magistratura) + o sufixo -ismós da raiz verbal -izein. O primeiro uso conhecido do termo anarquia data de 1539 e essa palavra, passou a ser usada amplamente no contexto da Revolução Francesa sendo muito utilizado por Robespierre para desqualificar grupos de oposição. Grupo como os enragés de Jacques Roux tendo, assim por diante, uma conotação essencialmente negativa.

O primeiro filósofo a se considerar anarquista foi Pierre-Joseph Proudhon, em 1840. no seu livro “O Que É a Propriedade?” ao ter a percepção da ambiguidade da palavra grega “anarkós”, que não tinha só o significado de desordem, mas também a falta de um governo em situações onde este é considerado desnecessário. Assim, Proudhon se proclamou um anarquista com base nesse último significado para tentar legitimar uma tentativa de ressaltar que a critica que se propunha fazer ao Estado e a autoridade não implicava na defesa da “desordem” numa tentativa de colocar o uso do termo como positivo.

Mesmo com a intenção de Proudhon, o termo foi perdendo o seu vies negativo progressivamente e os primeiros que militaram a favor do anarquismo, no contexto da AIT ( Associação Internacional dos Trabalhadores) jamais se declararam como tal e associando o termo como “socialismo revolucionario” ou “coletivismo”. Os termos “anarquia” e “anarquismo” passaram a ser reivindicados pelos militantes de uma forma mais generalizada só depois o rompimento com a AIT e a formação da Internacional de Saint-Imier, no ano de 1872. Mesmo assim, não aconteceu uma homogenização nesse sentido, e muitos outros termos foram usados como “socialismo libertário”, “comunismo libertário” e “socialismo antiautoritário”. Esses termos foram amplamente reivindicados pelos militantes anarquistas, embora não possam ter uma associação ao anarquismo em alguns casos, pois se entende também a outros setores da esquerda socialista e a revolucionaria. (aqui)

O que o autor do texto se esqueceu – ou aprendeu nas nossas universidades que os professores defendem o socialismo/comunista lenista-stalinista – que na verdade Mikhail Bakunin – outro grande pensador anarquista que viveu entre 1814 a 1876 – foi muito inspirado pelo anarquismo de Proudhon e também, pelas ideias socialistas, principalmente, o socialismo cientifico de Karl Marx (por isso os anarquistas universitarios amam Bakunin) que conheceu na decada de 1860, e ele faz uma nova teoria anarquista, muito maisa radical e defensora de acoes duras para o aniquilamento do Estado. Portanto, a pagina diz que quem criou a teoria do anarquismo foi Bakunin, mas, ele criou o anarquismo radical que justifica anarquistas se juntarem com os socialistas no Antifas.

Só que não dizem que Bakunin se afastou de Karl Marx por eles descordarem entre si de ideias sobre o Estado, pois Marx defendia uma criacao de um Estado socialista amplo e forte, Bakunin defendia o fim do Estado de modo definitivo. Segundo Marx, que viveu na Inglaterra industrial do seculo dezenove por algum tempo, o proletariado era a figura central que poderia conseguir derrubar todo o capitalismo, por outro lado, Bakunin, que viveu numa Rússia ainda rural, os camponeses é que tinham a força necessária para começar uma revolução. (aqui)
<<<<Anarquistas são de extrema esquerda e querem uma sociedade com igualdade social, e por isso combatem o Capitalismo que divide a sociedade entre ricos e pobres. Também são contra o Patriarcado, o Racismo e o Imperialismo. >>>

para mim, por tudo que eu li e ouvi pessoas que estudaram o anarquismo, colocar em um extremo é pura besteira. Mesmo o porquê. se analisarmos bem a fundo, o anarquismo não visa só acabar o Estado (como se fosse acabar com o grande Leviatã), mas, acabar com todos os conceitos que prendem o ser humano e o escraviza. Portanto, quando se rotula o anarquismo de extrema esquerda (do socialismo stalinista), esta impondo que qualquer anarquista tem obrigacao de ser de extrema-esquerda, portanto, oprimindo o anarquista a seguir um lado. Isso, para mim não faz nenhum sentido.

Acontece, que muitos professores universitário – por terem um vies socialista/comunista que não tem nenhum problema, desde ensinam certo e não puxando para sua ideologia – ensina que só há a anarquia radical de Bakunin e que osso justificaria ser associados a ideias socialistas e não é verdade. Um verdadeiro anarquista defende a liberdade e não ser de esquerda ou direita.

<<<O "Anarco" Capitalismo nasce quase 100 anos depois com Murray Rothbard, um seguidor do liberal Ludwig Von Mises (ex ministro da economia do governo fascista de Dolfuss, na Áustria). Os ancaps são muito próximos dos liberais radicais da Escola Austríaca de Hayek, e no Brasil o mais famoso é o burguês Hélio Beltrão, presidente do Instituto Mise >>>>

Primeiro, não há uma definição ao termo “anarco-capitalismo” ou libertarianismo ou outro que defina pessoas que querem abolir o estado e fundar comunidades que possam definir qual as diretrizes de comunidade e o livre mercado. Segundo, Von Mises não foi ministro da economia e sim, conselheiro econômico de Delfuss que não invalida sua obra. Quantos autores que defenderam governos piores não tiveram sua obra marcada como clássica? Terceiro, segundo a wikipedia, Hélio Beltráo era “pai da jornalista Maria Beltrão e do presidente do Instituto Mises Brasil, Hélio Coutinho Beltrão.” e não se tem nenhuma referência sobre a ligação entre ele e os ancaps.

<<<<Ancaps defendem a liberdade de nazistas marcharem em público e defenderem a "liberdade de expressão".>>>

não defende. Se há alguém que se diz ancap ou libertário que defende esse tipo de coisa, é uma minoria (Paulo Kogos não vale) e que nem sabem o que seria a ideologia de fato. A questão é: 1- usar o termo nazista de forma arbitraria que pode banalizar o termo. 2- libertário defendem a não violencia e a troca de argumento, pois, quando você dá uma resposta violenta a aqueles que não usaram com você, você começa a infingir a regra do PNA (Pacto de Nao Agressão).

<<<Anarquistas participam de lutas antifascistas, chegando a pegar em armas contra nazifascistas na Revolução Espanhola. >>>


Anarquistas não se juntam com socialistas, porque socialistas usam anarquistas como “bucha de canhão” para subir ao poder e fazer seu próprio governo. Qual anarquista sobreviveu do regime socialista soviético? Qual anarquista sobreviveu nos regimes socialistas? Se fomos bastante rigorosos, vamos encontrar elementos bastante autoritario no Bolsonaro, mas, o fascismo e o nazismo é muito mais do que um atoritarismo tosco, caudilho, que não tem nada a ver com forças nazistas.

<<<Não confundam anarquistas de verdade, que lutam em sindicatos e movimentos sociais, com radicais de direita ultraliberais.>>>

Existem anarquistas de mentira? Para mim anarquistas de mentira se associam a ideologias de lá trás que mataram e matam milhões de pessoas oprimido populações inteiras como o socialismo. Todo anarquista quer abolir o estado e não trocar as forças repressoras ideológicas que interessam. Os libertários defendem o individualismo, a autogestão para não depender de ninguém, a não violência e ao voluntarismo por vontade. Não impor nada, nem moral, nem religiosa, nem ideológica politica e no mais, que cada um faça o que queira, se quer abrir alguma coisa que abra, se quer trabalhar para os outros que trabalhe. Mas nunca se pode dizer que o cara é errado, que o outro tem que pensar como eu penso. Antifas ou outro movimento do mesmo porte, querem definir como se pensa, como se age, como se vê, como senhores de uma moral que não é conquistada por mera quebra-quebra sem nexo, o povo não gosta disso, mas, levando em conhecimento e informação. Sempre.

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