“Preconceito é
opinião sem conhecimento.”
(Voltaire)
Por Amauri Nolasco S.
Junior
Como eu gosto de
questões filosoficas, eu postei em um grupo uma questão bastante
pertinente para esse texto: “existem pessoas não humanas?”. Na
nossa língua (português) coloquial, pessoa tem um sinônimo de ser
humano. No entanto, na filosofia – minha área – há muitos
debates de definição de um sentido mais preciso ao uso desse termo,
pois, quais seriam os criterios que poderiam definir algo ou alguém
como sendo uma pessoa. Ainda na filosofia, uma pessoa seria uma
entidade com certas capacidades ou atributos que associam a
personalidade, como por exemplo, em um contexto bastante particular
tem a ver com a moral, com a social ou criar instituições para
guardar a sociedade (que seria algo bastante discutível). Essas
capacidades podem incluir a autoconsciência, uma noção de passado
ou futuro, a posse de poder deôntico (refere-se
à deontologia, à ciência dos deveres morais, principalmente dos
deveres próprios de cada profissão; deontológico). Ou seja, uma
pessoa é um agente moral.
O que seria humano? Humano vem do
latim “humanus” é a forma adjetival de “homo”, que
traduzindo seria homem (incluindo macho e fêmea). Na filosofia é
sempre mantida uma certa distinção entre as noções de ser humano
(homem) e de pessoa. A primeira definição (ser humano) se refere à
especie biológica enquanto a segunda definição (pessoa) se refere
à um agente racional. Ou seja, um ser humano é todos que fazem
parte da nossa especie e ate onde sabemos, toda a humanidade
(aproximadamente, 8 bilhões no planeta Terra) são humanas e não de
outra espécie. Existem características estéticas e morais, quem
tem a ver com pessoas e essas características não te fazem ser uma
outra espécie.
O que você diria se uma pessoa
(lembre da definição), dissesse para uma outra pessoa, para não
compra de uma cadeirante doces porque ela acha que a cadeirante é
suja? Ela seria uma pessoa? Ela seria uma humana? Poderíamos dizer
que uma pessoa é um ser que seria um agente moral, pois, moral vem
de “mos” (no plural “mores”) que queria dizer “relativo aos
costumes”. Ora, um ser que segue um costume – como um ser que é
educado pelos mesmos valores morais – podemos concluir, que pensar
que um cadeirante ser sujo é comum. Por que isso? Talvez, por ver
vários cadeirantes segurar o corrimão para fazer a roda ir para
frente, se ache que a mão está na roda ou que o corrimão esteja
sujo. Por outro lado, tem outro pensamento que todo cadeirante é
dependente do outro (ai depende do grau da deficiência) e, talvez,
por isso, nós possamos não se limpar direito ou não tomar banho.
Isso como em toda sociedade, se chama generalização. Você pega um
estereotipo, coloca em rotulo para ser classificado e começa a
colocar todos com aquelas características messe rotulo.
Mas, como pessoas (isso é, seres
humanos), cada indivíduo com deficiência tem uma característica
diferente. Uns podem – como eu – se virar e tomar banho, ou ir ao
banheiro sozinho por ficar de pé (sim, minha deficiência me permite
ficar em pé), outros indivíduos podem depender mais por comprometer
mais a parte motora ou ate mesmo, a parte cognitiva (consciência) e
precisa de um cuidado maior. Existe um leque muito grande dentro do
aspecto cadeirante (fora outras deficiências), então, não tem o
porquê de achar que os cadeirantes são sujos.
Mas tem uma outra questão: o porque
uma pessoa chega na outra para dizer que se fosse ela não comprava
doces de uma cadeirante por achar os cadeirantes sujos? Analisamos o
conceito (ou preconceito) de achar que cadeirantes são sujos, agora,
podemos analisar o porque dela se meter na decisão do outro. Talvez,
poderia ser um alerta por achar que a outra pessoa não soubesse que
a vendedora era cadeirante, ou ate mesmo, desconhecer que os
cadeirantes são “sujos”. Para a pessoa que construiu essa
imagem, ela tinha um dever de dizer para outras pessoas, porque as
outras pessoas não sabem o que só ela (supostamente, claro) sabe.
Mas, também, poderia ser uma pessoa que não gostasse da cadeirante
e de alguma forma, sentiria alguma inveja dela vender esses doces.
Então, nesse ponto de vista, não no sentido do estereotipo de ser
cadeirante e sim, a questão de não gostar da pessoa. Mas, por que
uma pessoa não pode gostar da outra? Por que as pessoas podem se
incomodar com as outras?
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