quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Por que as pessoas com deficiência são de esquerda?

 







Por Amauri Nolasco Sanches Junior


Quem ler meus textos sabem muito bem, que no fundo eu sou anarquista. Como anarquista eu acredito que o único problema da humanidade é o Estado e ele atrapalha mais do que ajuda, mas, estamos numa democracia republicana e temos que lutar para melhorá-la. A questão é: por que as pessoas com deficiência, em sua maioria, vai para o lado da esquerda? As pessoas poderiam colocar que por causa da sua condição social, outras podem argumentar, que a esquerda parte na premissa social e defenderá a causa PCD. Eu digo que é puro interesse. Quando ganhamos doces dos nossos avós quando eramos crianças, não dava uma sensação gostosa de bem-estar? O mesmo vamos ver quando o Estado lhe dará alguma coisa, vai ter também essa sensação gostosa. Mas, existe um problema, o Estado não é nossos avós e por ele ser pago pela população, eles são nossos empregados e não fazem mais que a obrigação.

A meu ver, fica claro que as pessoas não leem e não se informam e fica, realmente difícil, incluir sem que as pessoas entendam, que incluir não tem ideologia. Incluir, assim como a ética, tem que ser prática. Mas, o conhecimento sobre sempre é importante e é muito bom para a nossa alma. Primeiro, para começarmos falar em inclusão, temos que discutir os pontos éticos e morais tanto dentro do ato de incluir, quanto a moralidade social vigente. E mesmo que muitas pessoas digam que ética e moral sejam a mesma coisa, não são. O capacitismo, por exemplo, é uma atitude de ter ou não ética. A ética na minha área – na filosofia – tem como questão o bem ou o mau e até mesmo, melhor. Essa noção veio por causa da origem do termo “ethos” que segundo o estudioso do mundo antigo grego, Werner Jeager em Paideia, era o espírito da sociedade grega na época. Podemos traduzir o termo “ethos” como “costumes” ou “caráter” e ai que quero chegar. A noção de caráter tem a ver da visão de bem ou mau.

Eu, particularmente, não acredito que exista bem ou o mau de forma concreta e presente. Acho, que exista, na verdade, o conhecimento e a ignorância. Isso é claro, quando você conhece o limite do seu direito e começa o dever entre a sociedade. Eu não posso bater em uma namorada minha, primeiro, porque ela é um ser humano e merece respeito e segundo, estou agredindo alguém gratuitamente só porque fiquei com raiva. Eticamente, eu não posso agredir outra pessoa se a outra pessoa não me agrediu, porque eu conheço o meu limite entre o que eu posso ou não fazer. Isso é o conhecimento e o que o filósofo Platão chamaria de “sophia”, ou seja, a ética teórica. Essa ética teórica é a busca do bem, e para a teoria platônica, o bem maior é a elevação da consciência até chegar na sabedoria. O mau seria a ignorância de não saber que existe na realidade de fato, como acontece, quando uma pessoa olha e vê uma pessoa com deficiência e não tem nenhum conhecimento sobre a deficiência em si mesma. Qual a solução? Propagar o conhecimento.

Por outro lado, tem o problema da inclusão e para incluir precisa ter prática. O aluno de Platão, Aristóteles, não concordava com seu mestre e dizia que havia uma ética pratica. Se para Platão o conhecimento ético era teórico porque teríamos de saber e com o saber, sairíamos da ignorância, para Aristóteles a ética não de poderia existir sem ela ser praticada. A ética teórica (aophia) era importante para o começo, mas, não servia para nada. Já a prática (phronesis), seria uma forma de chegar até o equilíbrio, a “eudaimonia”. Muitas pessoas traduzem “eudaimonia” por felicidade, mas, para o mundo grego onde viveu Platão e Aristóteles, o termo seria um espírito protetor que traria bom humor ao individuo. Talvez, por isso, muitos especialistas tenham traduzido o termo para felicidade.

O problema que a nossa cultura não foi construída dentro do conhecimento e o querer progredir, pois, a questão tem a ver com a igreja católica. Fomos colonizamos pelos portugueses que eram (ou são) católicos fervorosos, sendo assim, quem veio fazer as aldeias foram os jesuítas e a essência da igreja romana era o pensamento que a riqueza e o conhecimento eram pecados. Mostrar conhecimento e riqueza era um sinal de vaidade (claro, que tinha hipocrisia no meio), era pecado e no passar do tempo, nossa cultura ficou avessa a leitura. Então, ninguém ler e não se enganem, nem mesmo na internet as pessoas buscam alguma leitura. Como queremos que a ética seja algo pratico se não se sabe o teórico? Ai voltamos a inclusão.

O ato de incluir é um ato pratico e teórico que tem a ver com a ética. Ética tem a ver com o capacitismo. Capacitismo tem a ver com ignorância de não conhecer a deficiência. Portanto, todo e qualquer preconceito não pode ser levado por maldade e sim, só a falta de conhecimento de algo. E ai que eu chego na ideologia (qualquer uma), pois, elas geram dificuldade para vender facilidade. Não se inclui pessoas com deficiência dentro de empresas, inclui pessoas com deficiência com escolas, acompanhamento psicológico com as famílias – que envolvem, também, a ignorância – um trabalho de reabilitação e o mais importante, acessibilizar a cidade. Qual governo de partidos de esquerda (não só o PT) acessibilizou ou fez tudo isso que eu disse? Ratificar a Convenção da ONU é uma coisa, cumprir o que está escrito lá é outra coisa. Criar uma Lei Brasileira de Inclusão é lindo – está cheio de erros e não punição – o problema é cumprir o que está escrito lá. Se nenhum governo fez nada, o porque as pessoas com deficiência são de esquerda?



segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Ah, segmento de PCDs, vão se f0%%r!






Por Amauri Nolasco Sanches Junior


Saiu hoje no blog Vencer Limites – veiculado no jornal Estado de São Paulo – uma notícia que na última quinta-feira (24) um manifesto sobre os direitos das pessoas com deficiência. Segundo o blog – escrito pelo jornalista com deficiência Luiz Alexandre – o movimento pede que haja um monitoramento da Convenção da ONU no Brasil, a regulamentação da Lei Brasileira de Inclusão, a defesa da Lei de Cotas de empresas para PCDs, uma maior ampliação do Beneficio de Prestação Continuada e uma maior implementação da avaliação biopsicossocial e a redução dos riscos da pandemia de COVID-19 sobre a população com deficiência. 

Segundo o texto da manchete, esse movimento de articulação nacional é formado por 30 instituições públicas e privadas, além de, mais ou menos, 100 pessoas que trabalham no setor. Eles publicaram um manifesto em defesa ao segmento das pessoas com deficiência nos seus direitos. O manifesto diz, entre outras coisas, que diante a crise e com os direitos “duramente conquistados” nas últimas décadas estão sofrendo várias ameaças de retrocessos, estamos juntos para protegê-los, valorizá-los e divulgá-los para garantir uma inclusão. Eu também vou defender sempre os nossos direitos, mas espera que nós temos que analisar a questão. 

A questão que devemos colocar dentro disso tudo é: quem começou esse movimento e quem de verdade está apoiando ele? Porque até agora ninguém explicou o porquê desse manifesto e o porque ele saiu – coincidência ou não – antes das eleições municipais. A meu ver, isso tem muito a ver com a questão da eleição e tem a ver com o fato, que a esquerda articulou esse manifesto que é, mais ou menos, as mesmas manifestações que eles fazem sempre. Além, claro, que não há nenhum nome de qualquer movimento em prol as pessoas com deficiência que está atuando nesse momento. 

Primeiro lugar, eu acho (esse achar é de afirmação), que tanto os professores de filosofia ou filósofos, quanto as pessoas com deficiência, deveriam ser neutras e não deveriam ser nem de direita e nem de esquerda. O motivo é que as pessoas sempre deixaram a questão da deficiência de lado – principalmente, no lado politico – para discutir outras coisas do que implantações de politicas públicas para pessoas com deficiência e também, e uma maior conscientização. Quem me lê a muito tempo e quem vê meus vídeos, sabe muito bem, que eu penso que inclusão não é só um termo para mostrar um objeto ou uma pessoa, ser inserida em algo. E esses mesmos que assinaram esse manifesto, está muito mais preocupado em aeroportos acessíveis (nem todo mundo pode viajar de avião), está preocupado com carros (sendo que nem todo mundo pode comprar uma cadeira de rodas) e não estão preocupados com a liberdade. 

É muito lindo você defender a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, mas, não defendem o primeiro artigo que é a liberdade e muitos, também, não tem liberdade. Claro, podem me dizer que por isso mesmo estão defendendo o direito das pessoas. Mas, até onde eu sei, a Convenção da ONU nunca foi respeitada nem quando o governo era de esquerda, não foi divulgada e ainda, muito pouco fizeram nesta questão. A ratificação foi um marco, mas, o que adianta ratificar se o Brasil é muito a baixo em matéria de acessibilidade e conscientização. O capacitismo (preconceito contra pessoas com deficiência) se baseia, exatamente, na falta de conscientização que nossa sociedade não tem e isso, também, se reflete dentro da família. A questão gira em torno no que o médico disse, que as pessoas com deficiência vão depender deles pelo resto da vida e nem sempre é verdade. 

No que adianta colocar na prática a convenção se muito, não tem nenhuma liberdade? No que adianta acessibilizar se as pessoas com deficiência nem podem sair? A questão de monitorar a implantação da convenção se deve em fazer denúncias, nós temos que promover a Lei Brasileira de Inclusão (eu acho que já está regulamentada), nós temos que defender a Lei de Cotas de empresas para pessoas com deficiência e denunciar. Cobrar mesmo a ampliação do BPC e cobrar o exame biopsicossocial, além claro, ter politica públicas para as pessoas com deficiência. Mas, antes de tudo, temos que defender o ser humano com deficiência no seu direito básico de valer a sua vontade. O que é a vontade? Uma vontade é tudo aquilo que um sujeito quer ou concede como algo essencial, como querer ir, querer namorar, querer amar, querer viver. Muitos não tem a vontade respeitada e acabam se acostumando com isso. Quantas pessoas com deficiência não podem estar com depressão? Quantas pessoas com deficiência podem ter tentado o suicídio ou conseguiram se matar? Quantas pessoas com deficiência estão nesse momento sendo torturados psicologicamente? 

Não dá para defender essas coisas e não defender o ser humano. Por isso, segmento de PSDs, vão se foder!






sábado, 5 de setembro de 2020

Cadeirantes podem amar?

Nascer com ou adquirir uma deficiência não exclui a sexualidade de ninguém  – Inclusive – Inclusão e Cidadania

 



Por Amauri Nolasco Sanches Junior


A pergunta seria: o que é o amor? As pessoas, escravas da visão romântica vitoriana, dizem que o amor é aquilo que faz que nos ligamos afetivamente ao outro. Mas, eu acho que concordo com Nietzsche em dizer que não amamos o objeto do nosso desejo, na verdade, amamos nossos desejos. Ou seja, a idealização vem do fato que não enxergamos as pessoas como elas são e sim, tudo aquilo que achamos importante encontrar nelas. Mesmo quando é amor de mãe, há uma certa romantização, porque nem todas as mães amam seus filhos ou criam seus filhos por amor, mas, muitas vezes, para ter segurança em sua velhice. Desde então, criam seus filhos de modo “devocional”, para não lhe largar nunca e assim, não sendo um ser humano para o mundo e sim, para si próprio.

Isso para as pessoas com deficiência – principalmente, cadeirantes – isso é um imenso problema. Porque, por um lado a mãe não larga ele (a) (porque foi criada a ser assim), por outro lado, cria no sujeito com deficiência uma dependência bastante devocional e assim, se cria uma figura sagrada. Ou melhor, a mãe se torna algo, divinamente, visto e ele terá que ser agradecido a ela o resto da sua vida por ter aceitado e criado do jeito que ele é. Ora, se é um amor, realmente, incondicional (ou não condicionado a não ter nenhum tipo de condição), por que se deve querer esse amor “devocional” do seu filho e que ele te agradeça ao resto da sua vida? Por um lado há a vaidade (daí vem termos como “mães especiais”) e o outro lado há um sentimento de apego exagerado. Conheci pessoas que só porque a filha deu o primeiro pedaço do bolo de aniversario pro namorado, se sentiram ofendidas, que demonstra um egocentrismo “monstro”. O problema aqui não é o amor em si mesmo – porque, verdadeiramente, pode existir – mas, esse “idolatria” pela sua mãe e a dependência emocional que te faz ser uma pessoa frustrada e bunda mole.

Também existe o amor por outra pessoa, que traz um outro problema que vai ao encontro do pensamento nietzschiano. Se amamos o desejo e não o objeto desejado, as pessoas nunca vão desejar um cadeirante, porque queiram ou não, a cadeira de rodas ficou como sinônimo de doença. Exato. O problema não é a deficiência em si, mas, a cadeira de rodas. Tecnicamente, as cadeiras de rodas não foram inventadas para pessoas doentes, se o hospital tem cadeiras de rodas é para carregar pessoas com alguma limitação de andar. Mas, as cadeiras de rodas foram foram feitas para o transporte de pessoas com deficiência. Talvez, essa ligação com a doença, é o fato que nossa cultura é muito católica.

Não quero entrar na esfera religiosa (porque não é o intuito do texto), mas, o que se pode dizer que o catolicismo por ser romano, se herdou uma visão bastante grega antiga do corpo como harmônico. Pois, antigamente, uma pessoa doente seria um corpo que não era harmonioso e assim, o corpo “defeituoso” era um corpo que não havia nenhuma harmonia. Na idade média, se acreditava – como povos orientais e povos antigos – tudo aquilo que nasce não perfeito (num modo estético) não poderia ter vindo da divindade e sim, do demônio. A ideia do demônio advêm da ideia da desarmonização da natureza divina, que gera, corpos distorcidos e uma imagem não tão agradável do próprio demônio. Porque, para o mundo grego, todos os corpos deveriam ser belos para conter alguma harmonia e quando um ser nascia com algum “defeito”, nem essência ele teria e não poderia exercer nada.

A imagem da cadeira de rodas ficou como um limite, não se pode ter liberdade sem andar – por isso tem tantos pastores prometendo das pessoas andarem – porque não se pode ter liberdade sem ter autonomia. Mas, poderemos perguntar: ué, a cadeira de rodas em si, não daria uma certa autonomia para a pessoa? Ai que está, a imagem da deficiência e da doença se encontram no fato de pessoas sofrerem. O sofrimento vem da palavra “pathos” em grego, que é o mesmo de paixão. Então, quando ficamos doentes não temos uma patologia? Nós não sofremos? E não pensam que a deficiência é uma doença? Essa imagem da cadeira de rodas como uma prisão, é uma visão limitada do sofrimento enquanto não autônomo.

Dai, como dois sofredores, podem ficar juntos sendo que não podem andar ou serem autônomos? Como vão se virar? E isso não parte só dos que não tem deficiência ou da família, existem cadeirantes, que dizem querer arrumar uma pessoa sem deficiência para cuidar deles. Será que querem uma companheira ou querem uma enfermeira? Não há nenhum problema quanto a isso, pois, cada um escolhe faz ou não o que as pessoas querem. Mas, isso endossa a sociedade e pode trazer coisas bastante ruins pela frustração de ter uma pessoa não porque você gosta dela, e sim, porque a sociedade te convenceu que a imagem deles é a certa.

Um complemento do texto:



quinta-feira, 3 de setembro de 2020

A moral é um sindicado dos bundões

 


Cara de bunda – Senso Incomum


O medo é o pai da moralidade.

Friedrich Nietzsche



Por Amauri Nolasco Sanches Junior



Minha tese é que todo moralista, na verdade, é um bundão covarde. Podemos perceber isso quando convivemos com um cristão, que de tanto medo de ser julgado ou perder alguma coisa (o emprego, por exemplo), começa se esconder atrás da sua fé. A meu ver, não há nenhum problema em ter alguma fé, o problema é usar essa fé para se esconder de medos que, muitas vezes, nem existem. E estamos vendo a derrocada daqueles que usam desse medo – colocando em cima da divindade, várias coisas que não sabem, na essência – para terem tanto o poder, como o dinheiro numa espécie de estelionato religioso. Moralismo nada tem a ver com a moral ou com valores humanos que como sociedade, pois, o moralista não quer saber da sociedade e sim, a garantia da moral que ele acredita ser a verdade. Mas, o que é a verdade? Será que a verdade é como vestimos ou como nos comportamos ou é ajudar e ter empatia pelo outro?

Uma outra questão é que as pessoas que ficam fiscalizando as outras, sempre ou na maioria das vezes, não tem coragem de fazer aquilo que a outra pessoa fez. Se você teve um chefe chato é porque ele não gosta de ver você trabalhar tão bem, porque isso ofende ele, é ressentido de ser um bundão incompetente. Não criamos filhos para serem eles mesmos, criamos filhos para seguir as regras morais que nem mesmo entendemos no que se trata essas regras morais. A família da pastora Flordelis quebra, completamente, a tese do apresentador Ratinho em que criar filhos dentro das igrejas, os filhos serão seres humanos melhores. Não vão, porque a base de toda a educação passa na educação que tivemos dos nossos pais, seja com exemplos, seja com que falaram dentro de casa. Pais racistas e preconceituosos, vão gerar filhos racistas e preconceituosos.

O medo não é todo um grande mal, porque te livrará de coisas que podem te ferir. Mas, o medo exagerado ou de coisas que você não sabe que vai acontecer, ou, só ouviu de outras pessoas e não pesquisou. Aqui, o nosso povo não tem o habito da leitura, porque se criou uma aversão a coisas teóricas (marxismo ou positivismo?), onde a prática sempre é a ordem do dia. Mas, como poderemos entender as coisas se não se tem o habito pela leitura? Nesse momento, o ministro da economia Paulo Guedes, está com o projeto de taxar ainda mais os livros, porque não querem que o brasileiro leia e ao ler, descubra que o povo sempre vai ser servo do poder. O poderio sempre não vai gostar que as pessoas leiam ou se informem, seja de direita, seja de esquerda. Aliás, a esquerda deveria se silenciar, porque seu maior insone (leia-se, Lula) não gosta de ler e só leu na prisão, se leu alguma coisa, foi para diminuir sua pena.

Ora, quando vimos que a promessa tanto iluminista quanto positivista, que o conhecimento e a ciência vai salvar o mundo, não se concretizou em sua ânsia do saber, podemos notar, que há algo além disso. Será mesmo que só o conhecimento nos fará seres humanos melhores ou o conhecimento sempre vai ser limitado a certas castas? Será que as pessoas poderiam ser classificadas como só racionais ou tem um diferencial humano? São questões, que talvez, não tenham nenhuma resposta, mas, no fundo, nem mesmo sabemos o que é o conhecimento. Desde Aristóteles – que disse que o ser humano tem a necessidade de saber – as questões de entender o mundo ficaram bastante claras com aqueles que, como diria o filósofo prussiano Immanuel Kant, ouse saber. Pois, num mundo que cultua a ignorância, onde há moralistas bundões covardes, onde há o desprezo por pautas mais justas (não estou dizendo igualdade, pois ninguém é igual), procurar saber é uma ousadia.

Por outro lado, não creio que nossa capacidade de saber anula a nossa capacidade de perceber a nossa vontade. Aliás, quanto mais sabemos e aprendemos, nossa vontade fica mais sofisticada e não e qualquer coisa que te faz rir, te faz admirar ou te faz amar. Os amantes (no sentido do amor verdadeiro), quanto mais se conhecem, mais amam aquilo que eles são e não aquilo que idealizamos como imagem popular. Essa “ousadia” kantiana, tem a ver com o crescimento por dentro e quanto mais aprendemos, olhamos nossa realidade de um outro ângulo. De uma outra perspectiva. Assim, se comprazemos daquilo que nos fez sair da caverna, a grande sede do saber.




quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Bolsopetismo e a grande Matrix ideológica


Por Amauri Nolasco Sanches Junior


A dicotomia tomou parte do mundo por falta de uma definição concreta das ideologias. Por quê? Porque nunca houve uma definição real o que seria de direita e o que seria de esquerda, pois, sempre haveria um terceiro excluído e por outro lado, as coisas nunca foram em uma caixinha definida. Mesmo na assembleia francesa onde essa dicotomia apareceu, havia nobres que defendiam a posição da esquerda. Na verdade, a questão sempre foi uma das formas que os conservadores ingleses acharam, para combater o progressismo iluminista. Quantos conservadores não deveriam ter tido várias amantes e ter traído sua esposa? Quantos conservadores não devem ter molestado ou maltratado os próprios filhos? A questão foi sempre em ter um “cobertor quentinho” para se sentirem seguros de si e o que eles chamam de “inimigo”. 

A meu ver, tanto a direita, quanto a esquerda, são denominações daquilo que chamo de “reprogramação do sistema”. No final das contas, o poder constrói um artifício sólido (com inimigos e tudo), para enganar a grande massa que tem que trabalhar para sobreviver. Parece que se auto-alienam para não responder pelos seus próprios atos ou até mesmo, acharem que devem se fazer de ignorantes para não perder algum beneficio. Ao certo, essa “infantilização” da grande massa tem uma origem: o poder fazendo problemas para venderem soluções. Qual estado fez de seu povo tivesse melhores condições? Pior de tudo, nenhum governo pode governar sem o aval e sem a “permissão” da elite dominante (mesmo os que se chamam de socialistas). A teoria que sem o estado haveriam guerras perpétuas, remontam muitos milênios atrás, que talvez, com esse discurso puderam convencer as inúmeras clãs a estabelecerem esse tipo de sistema. 

Uma câmara parlamentar de hoje não é diferente dos sacerdotes egípcios, assim como, um senado romano não é diferente de um senado de qualquer governo democrático de hoje. Mas, o que remontam, verdadeiramente, a direita que designa a conservação de morais seculares (o Brasil tem milhares de culturas e não construiu sua própria), e uma esquerda que tenta convencer que existe uma moral dominante que precisa mudar? Essa díade – que são duas individualizações que tem uma certa ligação – não tem uma definição aqui, pois, por sermos um país desigual, temos tanto questões das morais judaico-cristãos, como uma modernização de tudo (que poderia ser classificado como progressismo). Não há um consenso – que aliás, há vários cristãos dentro da própria esquerda – porque não temos, dentro da escola, nem uma definição com o qual podemos nos identificar. Temos uma moral judaico-cristã, afro, indígena? Temos uma ética ocidental ou oriental? 

Com esse cenário podemos ver que a realidade, muitas vezes, não existe e o que existe é só um jogo de linguagem. Quando eles dizem que tudo é culpa do outro (seja ele quem for), não é muito diferente dos reis que usavam figuras ou sagradas para levar o seu reino a guerra. Ou até mesmo, esconder alimentos para convencer os seus súditos a conquistar tal reino para ter o alimento. Não era a realidade, não era como as pessoas pensam que é, são apenas ilusões para te convencer que tudo não passa de uma simples dicotomia. O poder sempre vai te fazer agir como eles querem que você haja, ou pela mídia, ou pelas mídias sociais, ou por outros meios. Não importa se é a direita ou a esquerda, o que importa é o poder.


http://br.blastingnews.com/politica/2020/09/rosa-weber-autoriza-investigacao-de-romario-e-benedita-da-silva-003195142.html

Publicado por Amauri Nolasco S. Junior em Quarta-feira, 2 de setembro de 2020