Saiu hoje no blog Vencer Limites – veiculado no jornal Estado de São Paulo – uma notícia que na última quinta-feira (24) um manifesto sobre os direitos das pessoas com deficiência. Segundo o blog – escrito pelo jornalista com deficiência Luiz Alexandre – o movimento pede que haja um monitoramento da Convenção da ONU no Brasil, a regulamentação da Lei Brasileira de Inclusão, a defesa da Lei de Cotas de empresas para PCDs, uma maior ampliação do Beneficio de Prestação Continuada e uma maior implementação da avaliação biopsicossocial e a redução dos riscos da pandemia de COVID-19 sobre a população com deficiência.
Segundo o texto da manchete, esse movimento de articulação nacional é formado por 30 instituições públicas e privadas, além de, mais ou menos, 100 pessoas que trabalham no setor. Eles publicaram um manifesto em defesa ao segmento das pessoas com deficiência nos seus direitos. O manifesto diz, entre outras coisas, que diante a crise e com os direitos “duramente conquistados” nas últimas décadas estão sofrendo várias ameaças de retrocessos, estamos juntos para protegê-los, valorizá-los e divulgá-los para garantir uma inclusão. Eu também vou defender sempre os nossos direitos, mas espera que nós temos que analisar a questão.
A questão que devemos colocar dentro disso tudo é: quem começou esse movimento e quem de verdade está apoiando ele? Porque até agora ninguém explicou o porquê desse manifesto e o porque ele saiu – coincidência ou não – antes das eleições municipais. A meu ver, isso tem muito a ver com a questão da eleição e tem a ver com o fato, que a esquerda articulou esse manifesto que é, mais ou menos, as mesmas manifestações que eles fazem sempre. Além, claro, que não há nenhum nome de qualquer movimento em prol as pessoas com deficiência que está atuando nesse momento.
Primeiro lugar, eu acho (esse achar é de afirmação), que tanto os professores de filosofia ou filósofos, quanto as pessoas com deficiência, deveriam ser neutras e não deveriam ser nem de direita e nem de esquerda. O motivo é que as pessoas sempre deixaram a questão da deficiência de lado – principalmente, no lado politico – para discutir outras coisas do que implantações de politicas públicas para pessoas com deficiência e também, e uma maior conscientização. Quem me lê a muito tempo e quem vê meus vídeos, sabe muito bem, que eu penso que inclusão não é só um termo para mostrar um objeto ou uma pessoa, ser inserida em algo. E esses mesmos que assinaram esse manifesto, está muito mais preocupado em aeroportos acessíveis (nem todo mundo pode viajar de avião), está preocupado com carros (sendo que nem todo mundo pode comprar uma cadeira de rodas) e não estão preocupados com a liberdade.
É muito lindo você defender a Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, mas, não defendem o primeiro artigo que é a liberdade e muitos, também, não tem liberdade. Claro, podem me dizer que por isso mesmo estão defendendo o direito das pessoas. Mas, até onde eu sei, a Convenção da ONU nunca foi respeitada nem quando o governo era de esquerda, não foi divulgada e ainda, muito pouco fizeram nesta questão. A ratificação foi um marco, mas, o que adianta ratificar se o Brasil é muito a baixo em matéria de acessibilidade e conscientização. O capacitismo (preconceito contra pessoas com deficiência) se baseia, exatamente, na falta de conscientização que nossa sociedade não tem e isso, também, se reflete dentro da família. A questão gira em torno no que o médico disse, que as pessoas com deficiência vão depender deles pelo resto da vida e nem sempre é verdade.
No que adianta colocar na prática a convenção se muito, não tem nenhuma liberdade? No que adianta acessibilizar se as pessoas com deficiência nem podem sair? A questão de monitorar a implantação da convenção se deve em fazer denúncias, nós temos que promover a Lei Brasileira de Inclusão (eu acho que já está regulamentada), nós temos que defender a Lei de Cotas de empresas para pessoas com deficiência e denunciar. Cobrar mesmo a ampliação do BPC e cobrar o exame biopsicossocial, além claro, ter politica públicas para as pessoas com deficiência. Mas, antes de tudo, temos que defender o ser humano com deficiência no seu direito básico de valer a sua vontade. O que é a vontade? Uma vontade é tudo aquilo que um sujeito quer ou concede como algo essencial, como querer ir, querer namorar, querer amar, querer viver. Muitos não tem a vontade respeitada e acabam se acostumando com isso. Quantas pessoas com deficiência não podem estar com depressão? Quantas pessoas com deficiência podem ter tentado o suicídio ou conseguiram se matar? Quantas pessoas com deficiência estão nesse momento sendo torturados psicologicamente?
Não dá para defender essas coisas e não defender o ser humano. Por isso, segmento de PSDs, vão se foder!
Minha mãe nunca gostou de ser chamada de mãe especial,
porque ela achava que não poderia ser especial só porque tinha um filho com deficiência.
Ela ficava muito nervosa quando chamavam ela de especial. Na verdade, não existe
nenhuma mãe especial, o fato que existem algumas mães que tem filhos com deficiência,
não fazem dela especial, fazem dela mãe de crianças com limitações. No dicionário,
algo especial é algo que não é geral, uma coisa individual ou particular. Na conotação
em questão, seriam mães que teriam algo particular, uma questão individual. Daí
vem uma questão importante: se queremos uma inclusão efetiva das pessoas com deficiência
de verdade, por que temos que tratar nossas mães como mães especiais?
Eu já escrevi no meu Facebook minha opinião sobre esse apego
da família, ainda mais, pessoas com deficiência que se acomodam da ideia que a mãe
ou o pai lhe darão segurança. Não darão. Eles não são eterno e a morte chega
para todo mundo. A problema consiste em querer ou não uma inclusão de verdade,
como adultos de verdade, não adolescentes eternos que tem seu surto de rebeldia,
mas, não quer largar a saia da mamãe. Para mim, esse tipo de ideia de inclusão é
uma ideia bem vagabunda. É bem aquela frase que gosto do filosofo Luiz Felipe Pondé:
“esses jovens cheios de "causas pra mudar o mundo" fogem da obrigação
de arrumar o quarto”. Ou seja, querem mudar o mundo, mas, não sabem nem mudar
suas próprios vidas.
Vou mais além, porque conversando com vários amigos meus também
deficientes chego à conclusão – isso inclui ate mesmo a minha ex-noiva – que não
existe mãe especial, mas, mãe neurótica. A neurose são um conjunto de problemas
de ordem psíquica que conservam uma certa referência a realidade, se ligam a
algumas situações circunscritas e geram perturbações sensoriais, motoras,
emocionais ou vegetativas, são psiconeuroses. Eu gosto bastante da psicanalise,
mesmo que alguns cientifistas acharem ser charlatanismo, pois, vai muito a
fundo da questão psicológica. Na visão psicanalítica,
as neuroses são fruto de varias tentativas ineficazes de lidar com os vários conflitos
e traumas inconscientes. O que distingue a neurose da normalidade é: primeiro,
a intensidade do comportamento (atitudes exageradas); segundo, a incapacidade
do doente de resolver os conflitos internos e externo de maneira satisfatória.
Nesse caso estamos apontando atos exagerados por causa do
filho com deficiência. Essas mães tem dificuldades de dar respostas as suas
angustias satisfatoriamente, tem um medo exagerado de um futuro que nem veio e não
se sabe se vai vim. Talvez, esse futuro nem seja do jeito que estejam pensando
e talvez, nem exista um futuro. E muito pior, existe mãe que são controladoras
e usam chantagem emocional, usam a religião para controlar seus filhos. Não estou
exagerando, as mães religiosas são muito mais controladoras. Jesus, certamente,
não iria concordar. Tanto, que Cristo ao ser interrompido de fazer os seus
milagres porque sua mãe, Maria, estava querendo falar com ele, disse que todos
que estavam ali eram a família dele. Ou seja, não se apegar a ideia de família,
não se apegar em pessoas. Alias, Cristo mesmo disse que muitos seriam chamados,
mas, poucos seriam escolhidos, a alusão que muito poucos entenderiam seus
ensinamentos.
Eu já escrevi no meu Facebook.
Que o namoro com pessoas com deficiência deveria ser acompanhado com “personal
psiquiatra”, porque é muita neurose da família, principalmente, da mulher com deficiência.
Um amigo fez um post no Facebook que dizia de comentários de
um vídeo sobre uma cadeirante beijar um cara no carnaval. Depois de escrever uma
matéria, eu resolvi pesquisar e descobrir o vídeo que tanto algumas pessoas vêm
comentando. Três caras apostando o beijo de uma moça cadeirante, e dizendo que
o cara que beijou essa cadeirante, é um herói, que deveria pegar carona na cadeira
de rodas motorizadas, que chamam de cadeira elétrica. Primeiro, há um grande
erro de chamar pessoas com deficiência por pessoas com necessidades especiais
ou portadoras de deficiência – que até mesmo, o comentarista Caio Copolla erra –
porque sempre vi isso dentro da imprensa escrita ou falada, que deveriam dar
uma pesquisada no Google. Segundo, não é cadeira elétrica, cadeira elétrica é
um instrumento norte-americano de pena de morte (morte por choque elétrico com
milhões de volts), mas, cadeira motorizada. A questão é fácil de entender até
mesmo, das mentes que estão encravadas com a crítica vagabunda, cadeiras com
motor são motorizadas e só tem baterias elétricas, para fazerem funcionar os
motores.
A questão do vídeo é muito mais do que termos no que somos
chamados ou as explicações como chamar as cadeiras motorizadas, tem a ver com o
momento que estamos vivendo. A moda agora é ter ideias fáceis e rápidas, se
perdeu o respeito, se perdeu a empatia e se perdeu a capacidade de pensar. Como
você fica dando pontos para mulher feia, bonita ou sei lá o que? essa tabelinha
entra sua irmã ou sua mãe? Mas a questão da moça cadeirante foi muito além,
pois, os 3 homens que acham que estão julgando uma conduta, estão violando o princípio
de privacidade. Só porque uma pessoa está numa cadeira de rodas, ela não pode
ter sua individualidade em querer beijar ou transar com uma pessoa. Por que não?
Porque raios, só porque estão numa cadeira de rodas ou com uma deficiência,
temos que dar satisfação do que pode e não pode?
Eu não falo sem experiência própria, eu falo porque eu e
minha noiva vivemos isso, sabemos como é chato você ficar vendo o celular e as
pessoas olhando o que você está olhando, ou que você não pode beijar ou ficar
abraçado e não venham com essa de “onda conservadora”. Sabemos muito bem qual o
conservadorismo rege nosso povo e sabemos muito bem o porquê essa “curiosidade”.
Xeretice mudou de nome. Falta de educação agora virou conservadorismo. Você acha
que um povo, que mesmo casado, fica em puteiro, fica arranjando amante, fica
criando desculpa para ficar na putaria, é um povo conservador? Um povo que fica
viajando, fica gastando dinheiro à toa, fica amarrotando estabelecimentos com
tumulto e filas, é um povo conservador? É mal-educado mesmo. Param na vaga
destinadas as pessoas com deficiência e olham com maior cara feia para você,
porque você não deixou ele parar ali.
O BPC/Loas é um benefício que são cadastradas pessoas com deficiência
que não podem trabalhar. O valor desse benefício é um salário mínimo (como se
uma pessoa com deficiência gastasse um salário mínimo por mês). Segundo o meu
colega e jornalista, Jairo Marques, o pente-fino passado pegou 2 milhões
desses benefícios de forma irregular e no meio desses benefícios, devem haver
algumas pessoas com deficiência que trabalham ou tendo algumas atividades
remuneradas. Essas informações foram cruzadas com dados fiscais. E ele faz
algumas perguntas: será que o benefício é justo e precisa continuar? Vai se
abrir mão do pagamento pelo “bem” maior do país? Uma cadeirante que ganha o
teto da Previdência pode dar palestras de R$ 15 mil reais? E termina a reflexão
dizendo, que é o momento importante para se saber qual rumo as coisas irão tomar
e que rumos nós tomaremos (o post dele linkado AQUI).
Duas coisas eu sempre questionei: (1) é a Lei de Cotas das
empresas que governo nenhum deu jeito de funcionar (esse também não vai fazer
nada); (2) que esses benefícios atrelados com a previdência, porque sempre vai
dar cagada e são usados o dinheiro de Previdência. Vamos ser bastante sinceros,
se existe uma lei que não tem punições severas, ela pode continuar? A questão não
é se você contratar ou não as pessoas com deficiência, a questão é, que você não
pode discriminar deficiência e enquanto não forem atuadas pessoas que
discriminam os cadeirantes (que muitas pessoas não contratam por ser
cadeirante), a lei não vai funcionar mesmo. Pelo contrário, existem meios para
ficar mais difícil as pessoas com deficiência serem contratadas tendo que
mandar laudos médicos. Muitas pessoas dizem, que esses laudos médicos são para
a empresa se adequar as pessoas com deficiência, mas, todos nós sabemos que não
é bem assim. A questão é o “filtro” das deficiências menos visíveis e que tem
menor acessibilidade no meio de trabalho (como mesas, banheiros acessíveis,
programas para cegos, legendas para surdos e etc), e as deficiências mais visíveis
que podem causar mal-estar num primeiro momento, tem mais necessidade de
acessibilizar o ambiente de trabalho e tal.
Acontece, que há alguns problemas nessa questão. Existem
leis que obrigam TODOS os prédios a serem adaptados para pessoas com deficiência,
tendo ou não, alguma pessoa com deficiência ali. Isso é um ato ético e como um
ato ético, deveria ser respeitado. Por outro lado, quem não queria um salário
bem maior e poder comprar uma cadeira de rodas melhor ou produzir como outra
pessoa qualquer? O problema do Brasil não é as pessoas com deficiência ou
outras pessoas que recebem um salário mínimo da Previdência e sim, funcionários
públicos que recebem salários integrais, regras que não condizem com a
realidade brasileira, pessoas da política que tem duas ou três aposentadorias acumuladas.
Fora, que esses 2 milhões de pessoas com deficiência que entraram no
pente-fino, uma boa parte foi por causa de atividades remuneradas (como se o
cara não pudesse vender balas num farol para complementar seu salário mínimo), então, por
que essa cadeirante (que a gente sabe muito bem quem), que ganha o teto total
desse benefício (R$ 5.645,80) e faz palestras, não perdem esse benefício, se
é uma regra dentro do BPC/Loas? Nós, como muitos países desiguais, somos
levados a termos castas e achamos que não temos.
Na Índia, por exemplo, há o sistema de castas a séculos e a religião
de lá foi feita nesse sistema. Mesmo que o cristianismo pregue a igualdade –
como o Mestre Jesus pregou – nós sabemos que não há nenhuma igualdade. Até arrisco
dizer que toda essa teologia cristã, nada tem a ver com qualquer ensinamento de
Jesus e tudo foi feito, como uma tentativa de perpetuar o império romano. Voltando
a Índia, lá pelo menos se assume que há esse sistema, muito embora, o budismo
nasceu de uma necessidade de questionamento desse sistema (como Jesus questionou
o sistema judaico). No Brasil, se acreditamos que não há sistemas de castas, não
há pessoas que são beneficiadas mais do que, as outras e entramos em minha
outra questão.
Se olharmos os outros países, a questão da deficiência é
muito mais sossegada (nem tanto, mas, não é igual aqui). As ruas são mais acessíveis
na maioria da Europa e nos EUA, tem transporte adaptável, tem como as pessoas
com deficiência se locomoverem. As regras são obedecidas porque as pessoas são punidas
severamente, e não é só na questão da vaga de estacionamento, é em tudo. Tem
mais educação e teve um maior trabalho de inclusão e reabilitação. Então, as
pessoas podem trabalhar, podem andar na rua (as cadeiras motorizadas são subsidiadas
pelo governo e não dadas), podem ter uma vida comum. A ajuda do governo vem
separado, quando há um sistema previdenciário. Portanto, não é questão da
Previdência e nem um (beneficio) e sim, ajudar para essas pessoas tenham as mesmas
oportunidades que as outras pessoas.
Vivemos num país que as pessoas não são educadas para serem éticas
e sim, verem somente o “seu”, só que estamos numa sociedade e gostando ou não,
temos que seguir algumas regras de convívio. Isso faz parte do que Aristóteles chamava
de etiqueta. Etiqueta não é coisa só da elite e muito menos, coisa de saber
onde fica os talheres, onde fica o vinho, mas, como respeitar o outro dentro de
uma sociedade. Você respeitar uma autoridade é cautela, você respeitar mulheres
gravidas, cadeirantes, entre outras pessoas, é ético. Isso é etiqueta. Quando você
consegue fazer uma palestra e custa R$ 15 mil reais, sabendo que existe pessoas
que recebem da Previdência, um salário mínimo, você não iria abrir mão? Será que
essa cadeirante, não consegue dar essas palestras por estar direto na mídia? Sim,
porque há cadeirante que faz stand-up e não ganha nem a metade.
Humildade, segundo o filósofo Sponville, é uma virtude nobre
que pode ir ao encontro da misericórdia. Mas, analisando a misericórdia,
chegamos ao sinônimo, perdoar. O perdão é aquilo que cessa o ódio, quase, digamos,
a indiferença por aqueles que nos fizeram algo. A ignorância pode ser perdoada?
Claro. O fato de escrever uma pauta tão importante – como o Ministério da Educação
reabrir as classes especiais – e ser chamado de petista e terem criticado
minhas posições espirituais, não me causa ferimento nenhum, só mostra a ignorância
alheira da minha pessoa. Não é à toa, que Sakiamuni Buda disse que não existe o
bem e o mal, mas, o conhecimento e a ignorância. Jesus Cristo também disse algo
parecido, quando disse que não podemos tirar o cisco do olho do outro, sem ao
menos, tirar a trave do seu próprio olho. Se as pessoas tivessem conhecimento
da minha pessoa como alguns tem, não falariam tantas coisas que não são verdade.
Sou fiel aos princípios que me regem.
A indiferença é a assumi que não adianta brigar com pessoas que
já tem dentro de si uma postura rígida. O fanatismo de todo tipo é um tormento,
porém, a ignorância de um caminho melhor, te faz indiferente a opinião do
outro. Não pode ser uma regra. Mas, uma mulher pode ficar indiferente ao homem
que a assediou (com atos e não com olhares)? Claro que não. Um assédio, quando
é feito com o ato da mão em algumas partes, é uma invasão ao corpo e toda a invasão
é uma violência. As pessoas com deficiência que o diga. A indiferença da
sociedade, nos complica com rampas erradas, com degraus em estabelecimento, além
de ser uma violência a nossas cadeiras de rodas (que são nossas pernas), ainda é
uma falta de respeito. Será que podemos perdoar um bandido matar um pai de família
por causa do objeto que esta cobiçando? Não. Mas podemos pedir justiça, afinal,
a lei deveria ser para todos. Humildade de reconhecer que antes de atirar as
pedras devemos examinar nossos próprios pecados, como diria Cristo. Por isso,
devemos sempre lembrar, que a origem do termo humildade vem de “húmus” que quer
dizer, terra. Lembramos como os centuriões romanos – que em algum lugar da história,
esqueceram da missão espiritual de Roma – eram lembrados que vieram do pó. Realmente,
somos fruto de pós estelar, moléculas de estrelas mortas ou nuvens espaciais,
que fizeram acontecer nosso sistema solar. Nosso corpo é filho do universo.
Talvez, Kant tenha razão quando diz: “Se o homem se
considera um verme, ele não deve se queixar quando for pisado”, que, na
verdade, a humildade é uma baixeza (objectio). Mas será que Kant quis dizer
sobre a humildade ou sobre a submissão? Submissão não é humildade. O submisso
não é um humilde. Um humilde é o sujeito que reconhece seu erro e reconhece o
seu lugar na humanidade. O submisso tem o espirito de rebanho como diz Nietzsche,
mas, o filósofo também voltou a ideia de Kant. Nietzsche disse: “A minhoca se
enrola quando pisamos nela. Isso encerra muita sabedoria. Com isso, ela diminui
a possibilidade de que tornem a pisar nela. Na linguagem da moral: humildade. ”.
Ou seja, Nietzsche mostra que a defesa da minhoca (verme), é a verdadeira
humildade de reconhecer suas fraquezas e te preservar. O ser humano, tem consciência
da sua própria realidade e não do outro, da sua moral e da sua ética, então,
deveria andar conforme ela.
Se apoia a moral, por que vai numa balada ou ouve funk
pancadão? Se é a favor de políticas progressistas, por que não é a favor da
infraestrutura do país? Somos regidos
com nossos princípios éticos (caráter), pois, eles que vão nos mostrar as leis
morais regem nossa sociedade.Mas, será que
todas as leis morais são as certas? Não, certamente. Nossa ética pode reger
nossa conduta para não invadir o outro. Daí chegamos as redes sociais e as opiniões.
Platão dizia que as opiniões (doxa) são, o que chamamos hoje, achismo. O filósofo
grego que foi discípulo de Sócrates, dizia que só podemos dizer nossas ideias
com o conhecimento (episteme/cientia), porque só com o conhecimento poderemos
chegar a verdade. Voltamos ao que Buda e Jesus disseram, sem o conhecimento
daquilo que você está dizendo, não haveria tantas ideias erradas nas redes
sociais. Ora, Buda disse que o que pensamos nos faz montar nossa própria realidade,
que se confirma, quando hoje se fala da bolha ideológica. Se você começa só ler
e ver vídeos que te interessam, só vai enxergar aquela realidade. O Brasil nunca
teve um perigo comunista, mas, com uma “forcinha” do Olavo de Carvalho, se
criou essa ideia do perigo comunista. Talvez, quando teve a intervenção de 64
teria (embora, a intervenção foi por outros motivos), porém, hoje, não mais.
Quem conta a história sempre é o vencedor. Quem venceu nesse
período foi a esquerda, ideologicamente. Mas, a direita usa ou se viciou – como
os católicos acabaram viciando das suas crenças, o protestantismo, o
espiritismo entre outras vertentes cristãs – com os mesmos ataques que a
esquerda, fanática, usa. A humildade nos dará sempre o exame de avaliar nossos “pecados”
antes de jogarmos as pedras, avaliar se conhecemos as convicções morais de alguém
para defender com tanta ênfase; ter condutas morais que defende, para julgar o
outro. Uma hashtag não vai trazer nada além de um escrito pobre e que nada
traz. Homens não são deuses para trazer o paraíso, mas, não são demônios para
trazer a destruição total da humanidade. Os nazistas tinham a ignorância que não
existe nada perfeito dentro do universo, as coisas são o que são, judeus,
pessoas com deficiência, ciganos, eslavos, negros, gays, tudo que achavam
imperfeitos, são seres humanos. Somos todos homines sapiens. Acharam que a raça
ariana (que não era uma raça e sim, uma etnia a muito tempo, tempo o bastante
para desaparecerem e se fundirem na cultura grega e indiana. E existem
pesquisadores que defendem, que nem da Europa vieram), eram a mais fortes,
sendo que até mesmo os alemães, tiveram sua mesclagem cultural. A ignorância de
saber que somos todos seres humanos, levou a destruição europeia. Os norte-americanos
cometem os mesmos erros de acharem que etnias diferentes, separam nossa origem
ancestral comum. Não separa. Sejam negros, brancos, asiáticos, índios, aborígenes,
todos são uma só espécie humana. O paraíso e o inferno são conceitos da moral
humana.
O universo existe graças a evolução (conhecimento), onde
cada coisa transmite uma informação. Nunca, pelo menos no que se sabe, nada
regrediu para a ignorância. Memória é também evolução. Esquecemos aquilo que
nos atrapalha em nossa evolução. Portanto, o fanatismo é aquilo que não largamos
para se sentimos confortáveis. Se não largarmos – a lei do desapego tem a ver
com a realidade impermante do universo de sempre mudar com sua evolução – não vamos
enxergarmos as diversas formas de informação e conhecimento. Somos parte do
humano.
(42 anos, formado em
filosofia da educação na FGV e também, formado em publicidade pelo IPED e
técnico de informática pela ETEC Parque Santo Antônio)
Quando a vida nos desafia, temos que encarar esses desafios
e dizer para vida que você aceita o desafio. O medo existe, esse medo é normal
para temos mais cuidado com certas situações. Mas, o medo em excesso vira fobia
e as fobias não são tão boas. Porém, o medo gera uma certa raiva que você
queria fazer e não consegue ou não pode fazer, por causa dela e não sabe que é
uma questão dela mesma e não dos outros. Conhecendo a si mesmo e suas
limitações e o que seu poder – mesmo que esse poder seja apenas poder sair – pode
fazer, você conquista uma galáxia. Parece uma coisa contraditória, mas, vendo meu
boneco (adquiri recentemente) do Darth Vader não é não. Aliás, sai sozinho,
pela primeira vez em 42 anos de vida.
Quem lê meus textos sabe que eu sou uma pessoa com
deficiência física e sou cadeirante, mas, por incrível que pareça, mesmo com
minha cadeira motorizada. Eu sempre saio com as pessoas e não tinha o habito de
sai sozinho, mesmo o porquê, minha deficiência não me dá forças nos braços para
sair com a cadeira manual. Neste domingo, com o transporte já marcado, mas, com
o rompimento do meu noivado, eu decidi encarar o desafio de sai sozinho e
encarar o medo de ficar lá sem ninguém conhecido (como sempre estou lá, os
seguranças sempre me conhecem do shopping). Gostei de encarar esse desafio e
prestei mais atenção em mim, nas minhas vontades, naquilo que eu quero comer,
daquilo que eu quero vestir, aquilo que eu preciso. Prestei atenção em mim
mesmo e prestei atenção naquilo que eu posso fazer. Mesmo com o pneu dianteiro
murcho, mesmo com as dificuldades, eu voltei para casa com o desafio feito e
encarado. Talvez, esse papo de que a vida te coloca desafio para você evoluir
seja verdade, e é o que acredito como um bom espiritualista que sou.
Mas, podem me perguntar: o que tem a ver Darth Vader com
isso? Bom, eu vou explicar da maneira que sei explicar, controverso e
filosófico. A maioria do nerds e geeks (como eu), sabem, que toda a saga do
Guerra das Estrelas (Star Wars) tem dois pilares, a filosofia zen e a segunda
guerra mundial. Os Jedis, nitidamente, têm raízes no zen budismo por ser algo
que o criador, George Lucas, segue e a segunda guerra, por ele (Lucas) ter
ascendência judia. O maior templo budista que se tem notícia foi o templo Shaolin
na China, onde eram feitos treinamentos espirituais severos a partir do zen e
se tinha os monges da linha clara e os monges da linha escura, como os Jedis e
os Siths. Só que para os budistas – pegando a raiz de Buda Gautama – não existe
o bem ou o mal, existe o conhecimento e a ignorância. Pessoas ignorantes podem fazer
o mal para outras pessoas, podem ter ódio de coisas que não entendem ou não
podem entender. Os que tem o conhecimento, não podem fazer isso porque sabem
como funciona as leis universais: se você fizer algo esse algo molda toda a sua
realidade e essa realidade fica boa ou má, conforme suas atitudes.
Anakin Skaywaker era o jedi mais poderoso que se tinha
noticia, tinha componentes da FORÇA fora do normal. Foi resgatado de um planeta
remoto como escravo junto com sua mãe pelos jedis Qui-Gon Jinn e Obi-Wan Kenobi.
Qui-Gon sempre acreditou que Anakin era o escolhido para equilibrar a FORÇA
novamente e trazer paz ao universo, como estava na profecia dos jedis. A mãe de
Anakin jurava que ele foi gerado sem um pai e então, isso faz dele, muito mais
especial (e dará um ar maior de escolhido da Força). Muitas pessoas vão ligar
Anakin a Jesus numa análise superficial, mas, são analises muito pobres da
questão. Todo relato de escolhidos são assim, deuses e anjos avisam e eles são
concebidos sem pai para mostrar o lado imaculado do útero que gerou a criança mostrando
assim, que o sexo é pecado ou é sujo. O lado do prazer que as religiões
desprezam e condenam, porque são concorrentes muito perigosos. Já pensaram se o
ser humano sentisse prazer e não se ligasse dos problemas da vida? O que seria
das religiões que darão sempre um caminho? Estou falando da verdadeira
espiritualidade que só é aprendida no esoterismo de cada uma dessas religiões que
existem. Todas. Mas, voltamos a Anakin.
Foi treinado. Não por Qui-Gon que morreu salvando Kinobi e
Anakin, mas, pelo próprio Kinobi na qual, quando se tornou Lord Sith, Anakin o
matou. Não faço uma análise rasteira como fazem vários esotéricos que não
entendem a mensagem filosófica dentro da saga. Primeiro, os sabres de luz
mostram muito dentro de quem é quem, porque os mestres jedis tem os sabres
azuis (que mostram a espiritualidade) e os mestres siths tem sabres vermelhos (mostrando
o poder). Alguns colocam como os nazistas e os aliados, que também é uma visão
bastante válida, mas, estou analisando por outro viés. Outras características
interessantes podem ser mostradas, como a obsessão sith de colocar androides,
componentes eletrônicos, e até mesmo, modificar o corpo. O próprio Anakin, por
ter sido queimado por larva vulcânica após um duelo com seu mestre, foi
modificado com componentes eletrônicos. Mostrando o lado materialista.
Anakin não conseguiu desapegar da mãe e quando foi buscar
ela, viu ela morrer nos seus braços. O problema do desapego é muito retratado
na saga, porque tem a ver com a questão do sentimento, aquilo que temos medo de
perder. E quando temos medo de qualquer coisa, sempre tudo que temos medo
aparece para trabalharmos esse medo, e o desapego é o medo da perca do amor, do
desaparecimento daquilo ou de quem, amamos. Quando desapegamos, deixamos esse
alguém ir e não sofremos, ficando só o amor. Anakin não fez isso e viu a mãe
morrer. Não se desapegou de Padmé e viu, também, ela morrer (ele mesmo tentou
enforca-la), e por medo de perde-la, se associou ao senador Palpatine e que
foi, o imperador sith da republica galáctica. Mas, o amor não é tão maléfico,
não pode ser tão nocivo ao mundo espiritual ao ponto de ser proibido dois seres
ficar juntos. Um mestre da arte jedi, não pode se casar (não pode na velha
ordem, depois, seu filho Luke modificou isso).
Vou chegar numa outra questão que todo mundo concordará. Por
que, com tantos heróis, ainda Darth Vader é o personagem mais interessante da
saga? Porque, se queira ou não, Anakin era o mais poderoso jedi e o escolhido,
mas, não nos moldes de uma moral jedi já ultrapassada que não enxergou o obvio.
O sentimento fez Anakin ser o lord sith mais poderoso da galáxia conhecida e
deixava cada planeta ter sua própria cultura. Porém, foi o sentimento dele que
salvou seu filho do imperador e morreu. Ele equilibrou a FORÇA e livrou a ordem
republicana do império. O desapego, muitas vezes, pode ser encarado como uma
indiferença com quem amamos, pode sim fazer sofrer se amamos com força, mas,
todas as forças podem anular a FORÇA maior, como diz a teoria newtoniana. Mesmo
sendo escravo, mesmo sendo um jedi incompreendido, mesmo sendo um lord sith,
ela supera sua dor e seu medo, e traz de volta o equilíbrio e fez o que quis
fazer. Conquistou vários planetas com o corpo queimado, sem um braço, sem uma
perna e o corpo robótico. Sem contar, que sem a roupa com a máquina, ele não
respira. Quantas pessoas com deficiência, mesmo com tantos aparatos, nem saem
de casa?
Na essência, a saga é uma saga psicológica entre o que você é
e o medo daquilo que esconde o que você é. A saga do herói de Campbell (que
ajudou Luccas a escrever toda a saga por ser um mitólogo de renome), é a essência
do Star Wars como uma saga psicológica da renegação do herói em fazer a
aventura. No Ilíada, Aquiles se recusa no primeiro momento de obedecer a
Agamenon e ir para Troia, até a mãe dele dizer que ou ele fica e é esquecido,
ou ele vai e seu nome escoara por toda a eternidade. No mesmo modo acontece com
Anakin que a mãe lhe convence a ir cruzar novas aventuras e ser um mestre jedi
livre. A mãe representa a segurança, o útero que lhe gerou e lhe deu a vida, a
segurando do “quentinho” de não enfrentar o mundo. Mas o mundo deve ser
enfrentado. O mundo é onde vivemos e aprendemos a ser seres humanos. Com a doença
da minha mãe e ela ir para o mundo espiritual, aprendi que é muito fácil você ser
corajoso com ela por perto, mas, é extremamente, difícil, ser corajoso longe
dela. A vida nos ensina com a solidão. Quando o útero que lhe deu segurança e
conforto, não está lá para te dar segurança, se deve andar com as próprias pernas.
Anakin não viu, ele deixou esvair na culpa, temos também um sentimento de
culpa, mas, passa. Mesmo ele sendo lord sith por esse ódio, ele aos poucos, se
deu conta que ele se tornou de novo um escravo do imperador e já queria
derruba-lo.
O imperador é a ignorância do falso EGO, aquele que nutre
somente a si mesmo. O filho (Luke) é o seu alter ego (outro eu) querendo te curar
da ilusão (sabe de luz verde) e a filha (Leia), é a retomada do controle da
liberdade. Mas, você salva seu alter ego e seu lado sombra morre para renascer
seu lado espirito, a sombra é a meteria. Transcender seus medos é um pouco enfrentar
o instinto de preservação do corpo, porque o corpo é comandado pela alma e não ao
contrário. A questão é: que para deixar nossa caixa de conforto, a dor é
imensa, você tem que deixar o útero uma hora e seguir em frente. Desculpe, mas,
Star Wars é a saga dos Skywakers e ensina sim, transcender o nosso medo,
transcender o nosso lado material, transcender a existência de algo maior e nos
ensina que o que nos move é a FORÇA. Sai no domingo (18) e venci meu medo de
deixar a casa (útero) sem ninguém por perto, venci meu medo de não saber fazer,
vi que eu sou capaz e fiz o que era para fazer. Como Anakin (de maneira um
pouco diferente), perdi duas pessoas que me davam segurança, tive meu momento
de Darth Vader em ter ódio, mas, consegui ver além do ódio e não acho que
devemos renegar ele, pois, muitas vezes, é esse ódio que nos faz sair da
caixinha confortável. Estou redescobrindo minha vida e vou ter que me readaptar.
Quem sabe, ter mais controle comigo e como dizem, vida que se segue.