Amauri Nolasco Sanches
Junior
Humildade, segundo o filósofo Sponville, é uma virtude nobre
que pode ir ao encontro da misericórdia. Mas, analisando a misericórdia,
chegamos ao sinônimo, perdoar. O perdão é aquilo que cessa o ódio, quase, digamos,
a indiferença por aqueles que nos fizeram algo. A ignorância pode ser perdoada?
Claro. O fato de escrever uma pauta tão importante – como o Ministério da Educação
reabrir as classes especiais – e ser chamado de petista e terem criticado
minhas posições espirituais, não me causa ferimento nenhum, só mostra a ignorância
alheira da minha pessoa. Não é à toa, que Sakiamuni Buda disse que não existe o
bem e o mal, mas, o conhecimento e a ignorância. Jesus Cristo também disse algo
parecido, quando disse que não podemos tirar o cisco do olho do outro, sem ao
menos, tirar a trave do seu próprio olho. Se as pessoas tivessem conhecimento
da minha pessoa como alguns tem, não falariam tantas coisas que não são verdade.
Sou fiel aos princípios que me regem.
A indiferença é a assumi que não adianta brigar com pessoas que
já tem dentro de si uma postura rígida. O fanatismo de todo tipo é um tormento,
porém, a ignorância de um caminho melhor, te faz indiferente a opinião do
outro. Não pode ser uma regra. Mas, uma mulher pode ficar indiferente ao homem
que a assediou (com atos e não com olhares)? Claro que não. Um assédio, quando
é feito com o ato da mão em algumas partes, é uma invasão ao corpo e toda a invasão
é uma violência. As pessoas com deficiência que o diga. A indiferença da
sociedade, nos complica com rampas erradas, com degraus em estabelecimento, além
de ser uma violência a nossas cadeiras de rodas (que são nossas pernas), ainda é
uma falta de respeito. Será que podemos perdoar um bandido matar um pai de família
por causa do objeto que esta cobiçando? Não. Mas podemos pedir justiça, afinal,
a lei deveria ser para todos. Humildade de reconhecer que antes de atirar as
pedras devemos examinar nossos próprios pecados, como diria Cristo. Por isso,
devemos sempre lembrar, que a origem do termo humildade vem de “húmus” que quer
dizer, terra. Lembramos como os centuriões romanos – que em algum lugar da história,
esqueceram da missão espiritual de Roma – eram lembrados que vieram do pó. Realmente,
somos fruto de pós estelar, moléculas de estrelas mortas ou nuvens espaciais,
que fizeram acontecer nosso sistema solar. Nosso corpo é filho do universo.
Talvez, Kant tenha razão quando diz: “Se o homem se
considera um verme, ele não deve se queixar quando for pisado”, que, na
verdade, a humildade é uma baixeza (objectio). Mas será que Kant quis dizer
sobre a humildade ou sobre a submissão? Submissão não é humildade. O submisso
não é um humilde. Um humilde é o sujeito que reconhece seu erro e reconhece o
seu lugar na humanidade. O submisso tem o espirito de rebanho como diz Nietzsche,
mas, o filósofo também voltou a ideia de Kant. Nietzsche disse: “A minhoca se
enrola quando pisamos nela. Isso encerra muita sabedoria. Com isso, ela diminui
a possibilidade de que tornem a pisar nela. Na linguagem da moral: humildade. ”.
Ou seja, Nietzsche mostra que a defesa da minhoca (verme), é a verdadeira
humildade de reconhecer suas fraquezas e te preservar. O ser humano, tem consciência
da sua própria realidade e não do outro, da sua moral e da sua ética, então,
deveria andar conforme ela.
Se apoia a moral, por que vai numa balada ou ouve funk
pancadão? Se é a favor de políticas progressistas, por que não é a favor da
infraestrutura do país? Somos regidos
com nossos princípios éticos (caráter), pois, eles que vão nos mostrar as leis
morais regem nossa sociedade. Mas, será que
todas as leis morais são as certas? Não, certamente. Nossa ética pode reger
nossa conduta para não invadir o outro. Daí chegamos as redes sociais e as opiniões.
Platão dizia que as opiniões (doxa) são, o que chamamos hoje, achismo. O filósofo
grego que foi discípulo de Sócrates, dizia que só podemos dizer nossas ideias
com o conhecimento (episteme/cientia), porque só com o conhecimento poderemos
chegar a verdade. Voltamos ao que Buda e Jesus disseram, sem o conhecimento
daquilo que você está dizendo, não haveria tantas ideias erradas nas redes
sociais. Ora, Buda disse que o que pensamos nos faz montar nossa própria realidade,
que se confirma, quando hoje se fala da bolha ideológica. Se você começa só ler
e ver vídeos que te interessam, só vai enxergar aquela realidade. O Brasil nunca
teve um perigo comunista, mas, com uma “forcinha” do Olavo de Carvalho, se
criou essa ideia do perigo comunista. Talvez, quando teve a intervenção de 64
teria (embora, a intervenção foi por outros motivos), porém, hoje, não mais.
Quem conta a história sempre é o vencedor. Quem venceu nesse
período foi a esquerda, ideologicamente. Mas, a direita usa ou se viciou – como
os católicos acabaram viciando das suas crenças, o protestantismo, o
espiritismo entre outras vertentes cristãs – com os mesmos ataques que a
esquerda, fanática, usa. A humildade nos dará sempre o exame de avaliar nossos “pecados”
antes de jogarmos as pedras, avaliar se conhecemos as convicções morais de alguém
para defender com tanta ênfase; ter condutas morais que defende, para julgar o
outro. Uma hashtag não vai trazer nada além de um escrito pobre e que nada
traz. Homens não são deuses para trazer o paraíso, mas, não são demônios para
trazer a destruição total da humanidade. Os nazistas tinham a ignorância que não
existe nada perfeito dentro do universo, as coisas são o que são, judeus,
pessoas com deficiência, ciganos, eslavos, negros, gays, tudo que achavam
imperfeitos, são seres humanos. Somos todos homines sapiens. Acharam que a raça
ariana (que não era uma raça e sim, uma etnia a muito tempo, tempo o bastante
para desaparecerem e se fundirem na cultura grega e indiana. E existem
pesquisadores que defendem, que nem da Europa vieram), eram a mais fortes,
sendo que até mesmo os alemães, tiveram sua mesclagem cultural. A ignorância de
saber que somos todos seres humanos, levou a destruição europeia. Os norte-americanos
cometem os mesmos erros de acharem que etnias diferentes, separam nossa origem
ancestral comum. Não separa. Sejam negros, brancos, asiáticos, índios, aborígenes,
todos são uma só espécie humana. O paraíso e o inferno são conceitos da moral
humana.
O universo existe graças a evolução (conhecimento), onde
cada coisa transmite uma informação. Nunca, pelo menos no que se sabe, nada
regrediu para a ignorância. Memória é também evolução. Esquecemos aquilo que
nos atrapalha em nossa evolução. Portanto, o fanatismo é aquilo que não largamos
para se sentimos confortáveis. Se não largarmos – a lei do desapego tem a ver
com a realidade impermante do universo de sempre mudar com sua evolução – não vamos
enxergarmos as diversas formas de informação e conhecimento. Somos parte do
humano.
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