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O fim do Regime Monárquico e a Primeira República |
Amauri Nolasco Sanches Junior
Estou lendo o livro do Luiz Philippe de Orleans e Bragança, “Por
que o Brasil é um País Atrasado? ” e me fez refletir em um ponto: sejam autores
liberais ou comunistas, eles não pensam além dessas ideologias. Assim, concordo
com o professor Paulo Ghiraldelli Jr, que deu uma interessante aula sobre isso
em um dos seus vídeos. Diz ele que tudo começa com Rousseau (esquecemos as
mazelas pessoais do filósofo), quando ele analisa a questão da propriedade
privada. O filósofo genovês nos diz que todos eram felizes e contentes até um
cercar um determinado território e disse que aquilo era dele, começou a
perpetuar o egoísmo e a discórdia. A propriedade privada estava começando. Analisando
o que Rousseau disse, poderíamos dizer que a terra para ser sua tem que ser
sua, não deveríamos pagar por nada e nem ao governo. Os comunistas vão dizer
que é errado ter uma terra só sua e que a terra é de todos, os liberais clássicos,
defendem que o mínimo de regulamentação do governo, vai fazer com que a terra
seja sua por natureza.
Porém, essa colocação de Rousseau vai fundar várias filosofias
que vão até o anarquismo. O anarcocapitalismo e um outro nome para o ultra
liberalismo e tem a ver um pouco, com a direita radical, pelo menos, no Brasil.
A questão é, que o próprio anarquismo prega uma base de não regulamentação de
nada, pois, pressupõem uma autoconsciência do ser humano em se voluntariar socialmente.
O interessante que todos os avatares (enviados divino), disseram isso e é a
base da filosofia socrática de conhecer nossa própria natureza. Todos têm o
direito de fazerem o que desejar e todos convivem em harmonia em sociedade. Embora
eu goste e sou propagador dessa ideia, devo confessar que hoje com a consciência
de rebanho, as sociedades humanas ou iriam se matar, por motivos óbvios e
diversos, ou iriam escolher um novo líder. Até construíram um “deus” rei que
manda e desmanda, porque quer se sentir amparado, é inseguro em suas colocações
e em pensamentos.
Ora, essa insegurança vem da culpa que a religião traz como
base do pecado, porque somos servos do “deus-rei”. O próprio bisavô do Luiz
Philippe, Dom Pedro II, por intrigas religiosas com o Barão de Mauá, fizeram o Brasil
não construir estradas de ferro. Países liberais tem seu Estado completamente,
laico e sem nenhuma interferência religiosa. Sem as estradas de ferro, a escoação
da produção dos centros industriais, fizeram do Brasil um pais estagnado em
estradas rodoviárias que são limitadas. Nunca houve um plano de modernizar o Brasil.
Mesmo no período do império, como defende Luiz Philippe, o Brasil poderia ser
liberal na economia, mas, não era liberal no governo e tem uma distorção até
hoje defendida pela direita (os evangélicos), que são liberais na economia e
conservadores nos costumes. Ainda, quando você vai explica essas “distorções”,
eles dizem que o liberalismo de direita brasileiro é diferente. Mas, na essência,
tudo que cai dentro do Brasil, é distorcido. O comunismo, o liberalismo, o
anarquismo, o nazismo (que tem mestiços sendo nazistas, que é uma incógnita grande),
a luta ecológica, o veganismo, o vegetarianismo e outras vertentes, ficaram com
cara de adaptação de boteco. Ser liberal é ser liberal, ser conservador é ser
conservador.
Outro problema aqui no Brasil é que tudo vira uma grande religião.
Proteger animais – como apoio 100% - não quer dizer tratar um cachorro como um
ser humano e levar ele num shopping, por exemplo. Ou achar que se deva acolher
animais que pessoas largam na rua, ou proteger todos os animais domésticos da
cidade. Porém, não acho que se deve matar um cachorro a paulada, como aconteceu
no Carrefour, só porque o mercado iria receber figurões da alta cúpula. Essa proteção
deveria ser das tartarugas que estão em alto-mar e engolem plástico, que leões são
caçados na África, que animais amazônicos são deportados para fora do país. Defender
cachorrinho é fácil, encher o saco com poste desnecessário é fácil, defender as
baleias que eu quero ver., mas, o que dizer desses jovens que não arrumam nem
mesmo, seus quartos e querem arrumar o mundo? A questão é bem simples: a distorção
vem sempre da educação e da escolarização do brasileiro.
Para explicar a educação, tenho que explicar uma outra
coisa. Quando uma lei aparece, diferente do que prega os liberais como Luiz
Philippe, não é um complô contra o mercado, é uma regulamentação imposta porque
há uma necessidade social de reeducação de hábitos. Claro, que seria ótimo que pudéssemos
ser livres para fazer o que quiséssemos, mas, existem ainda, pessoas que não são
virtuosas. Existem empresários que não querem pagar o que é justo. Existem empresários
que olham sua aparência, sua cor, como você se veste, se você tem brinco, se você
tem tatuagem, se você fala bem. Seria um ideal e não o real. Muitos liberais
radicais, como os anarcocapitalistas podem me dizer, que as empresas são deles
e eles fazem o que quiserem. Porém, não é bem assim. A pergunta é: você quer
idealizar uma empresa transformando ela em um “desfile de moda” ou você quer
uma empresa que te dê lucro? Por isso, entrando na minha condição da deficiência
para dar um exemplo prático, aparecem leis como das cotas para pessoas com deficiência
em empresas. Seria mostrar que a questão da aparência, muitas vezes, não tem a
ver com a questão da produtividade e ainda, temos empresários – como a maioria
do povo brasileiro – que ainda acha, que a perfeição é uma grande qualidade,
uma virtude. Mas, nem sempre é assim.
Mas, por que não temos essa ética de olhar além das aparências?
Porque, ainda, somos educados com a ética religiosa. O ideal da perfeição seria
o divino e o real, o imperfeito que reduz ao limitado, o tosco. As empresas de
tecnologia já contratam pessoas de condições diversas, porque as suas matrizes são
de fora. Porque a parte governamental dos outros países sabem, que a educação e
a escolarização, são a base de um pais bem mais desenvolvido. Com a escolarização
seria – sem ideologias ou coisas afins – uma base para temos uma sociedade
diferente, porque formaria pais melhores que iriam educar seus filhos dentro de
uma ética bem mais social. Não existe bem ou o mal, mas, existe o conhecimento
e a ignorância. O conhecimento te dará a base para esclarecer que o importante
é você viver em harmonia, viver sem brigar, sem achar que o outro tem alguma obrigação
com as tuas escolhas. Afinal, as escolhas são suas. Você é prisioneiro das suas
próprias escolhas, e está fadado a colher seus resultados. Portanto, sem a escolarização
de verdade: matemática, português, filosofia e retorica (porque nossos jovens não
sabem nem sequer se expressar), dará as bases de uma cidadania solida e
concreta, sem idealizações de perfeição e uma sociedade ideal.
Em nenhum momento, pelo menos ainda não li, eu não vi isso
no livro do Luiz Philippe de defender a educação. Logo o seu bisavô que adorava
a ciência e o positivismo. Sem a escolarização não tem nem o liberalismo, não tem
nada de modernização e só vamos ser uma sociedade feudal. Nas sociedades feudais,
a questão do estudo era restrita só a igreja, tinham reis que nem sabiam ler e
escrever. Um dos maiores, Carlos Magno, não sabia nem assinar seu nome. Porque para
a igreja católica, o conhecimento tinha a ver com a vaidade e só os virtuosos –
no caso, os párocos – eram dignos disso. No Brasil, há muito disso e nós vimos
em memes no Facebook, como o importante não é estudar é ler a bíblia, que quem
está filosofando nas redes sociais é porque tomou no cu, entre outras coisas,
que refletem o culto a ignorância. Fora, claro, que pagamos impostos igual os
vassalos pagavam aos senhores de terras. Como podemos nos modernizar? Como sair
de um atraso ainda acreditando em “salvadores”?
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