segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

A goiabeira de Jesus e o abuso infantil além de assédio contra mulheres com deficiência






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Amauri Nolasco Sanches Junior

Estamos num pais machista e isso, gostando você ou não, é fato. Digo isso porque eu tive uma educação (educare), muito diferente do que a maioria dos homens brasileiros. Primeiro lugar, minha mãe dizia que filho dela seria homem e não “macho”, porque “macho” era cachorro e teríamos que respeitar as mulheres. Até mesmo, sempre disse que se eu e meu irmão engravidássemos uma namorada nossa, não iria obrigar a casar, mas, que teríamos que sustentar o filho gerado. Afinal, não era um boneco, dizia ela, mas, um ser humano. Eu e meu irmão tivemos poucas namoradas e não engravidamos ninguém. Minha mãe faleceu sabendo do caráter de cada filho dela em respeitar as mulheres, não trazer nenhuma prostituta em casa, não ficar com puta por aí (meu pai sempre odiou meretrizes por achar que ele não era lixo para transar com elas), porque deveríamos se dar ao respeito. Exato. Pesquisas mostram que não somos como os outros animais, mesmo o porquê, somos animais conscientes do outro e de toda a realidade que nos cerca. Não somos o “macho” da espécie, porque não somos animais instintivos e sim, animais conscientes e racionais, que temos necessidade de inventar morais para regulamentar costumes que rodeiam a sociedade.

A moral em si não é errada ou uma prisão como todo mundo sempre diz, mas, o moralismo. A moral (como costume), traz o limite daquilo que o ser humano pode fazer ou não, o que o ser humano tem como valor verdadeiro daquilo que recebeu dentro de casa. A escolarização te dará matéria cultural para trabalhar e como respeitar a diversidade como convívio – já que o sujeito vai conviver com várias pessoas no período escolar – mas, a educação dará os valores espirituais daquilo que você trará como ética e moral. A escola forma cidadãos que convivem dentro da sociedade respeitando um ao outro, a família te dará o alicerce para ser uma pessoa respeitável dentro da sociedade. Mas, e quando temos uma família doente e que temos um chefe de família que não recebeu valores verdadeiros, ou temos um membro da família que é doente? Nossa sociedade não teve alicerces educacionais verdadeiros, porque temos uma cultura que se baseou numa cultura católica que o conhecimento era pecado, que a sexualidade era suja e pecaminosa, que falar disso trazia o demônio ou trazia coisa ruim. Várias outras religiões absorveram esse tipo de pensamento.

Não se lê nada além do que a bíblia, não temos uma cultura de questionar as coisas (somente algumas vertentes protestantes, espiritas menos fanáticos e filósofos verdadeiros), e sempre se aceita aquilo que nos é dito sem se perguntar se é verdade ou é certo. Acontece, que sempre teremos “salvadores” ou “exemplos de superação”, no meio de sociedades que não tem uma educação com valores verdadeiros e uma escolarização que mostre a verdadeira ética e a verdadeira moral. O caso do médium João Teixeira (conhecido como João de Deus), mostrou como é nossa cultura de fanatizar as coisas e ainda, achar que as mulheres vítimas dos assédios sexuais e estupros, deveriam ficar quietas para elas serem curadas. A cordialidade brasileira sempre – ou as vezes – tem um fundo de interesse. Porém, como temos uma cultura extremamente machista e que não se fala de sexo (por ser pecado), várias crianças e jovens, podem cair nas lábias de idiotas que acham que são o galo e o resto, seu galinheiro. Mas, existem muitas outras coisas além disso, porque quando vivemos em uma sociedade extremamente, repressora e hipócrita, onde valores são ensinados e não são seguidos, temos uma grande confusão mental aos nossos jovens. Já que, a juventude, segue aquilo que lhe dará o exemplo de valores a cumprir dentro de uma sociedade. Exato, você “revolucia” não nasceu no meio do mato, nasceu na sociedade. Você “reaça” também nasceu numa sociedade e tem desejos e anseios como todo mundo que se presa.

Mas, quero falar sobre pedofilia e sobre assédio. Pedofilia vem de dois termos gregos que designavam atos pedófilos – bem diferentes do que hoje, que explicarei mais adiante – uma era “paidos” que significava garotos ou garotas, por não haver ainda o termo criança e o outro termo, “philia” que queria dizer amor. No rigor etimológico o significado é “amor por criança”. Na Grécia antiga (Hellas), esse “amor por crianças” não era por crianças pequenas, mas, por jovens que tinham relacionamento com homens mais velhos. Não havia penetração. Era apenas por toque. Como Roma era a grande herdeira da Grécia helênica, herdou também esse habito e a igreja não seria diferente. Antigamente, as crianças duravam pouco por causa das doenças e a que salvavam, eram coroinhas nas igrejas ou eram adotadas por homens poderosos para serem seus vassalos. Poucos ficavam com a família. É muito recente essa família que tem amor ao filho e é estruturada como somos hoje, porque bem a uns 200 anos atrás, morria o filho e nem e sentido direito. Mas, alguns escritos mostram, que a pedofilia na igreja não é uma coisa recente. O próprio Freud, sempre dizia que ambientes muito repreensivos e de pouco debate sobre a sexualidade – quando aparece a culpa por sentir o desejo pelo outro -  sempre haverá perversão por querer aquele prazer. Na verdade, o cristianismo (que nada tem a ver com Jesus), é uma doutrina muito repreensiva por ser uma doutrina dos ressentidos, aqueles que não conseguiram ter o que o outro, o mais forte e o mais apto a conquista, teve. Muitos aparecem com doenças psicossociais, desejos pervertidos, valores invertidos, culpas atormentadores e o machismo. Afinal, o cristianismo como doutrina criada a partir de um judeu de Tarso, tem que ter o mesmo machismo que colocou Maria de Magdala (que latinamente, ficou Madalena), como uma simples puta. Mas, estudos mostram que ela era herdeira do reino de Magdala e nada tem a ver com a prostituta, que diz uma lenda não confirmada, foi Pedro Simão que semeou isso.

Como disse, ambientes repreensivos levam ao abuso, levam ao abusado um abusador. Existe um outro fator que ninguém diz, que homens podem fazer o que quiserem, mas, as mulheres não podem fazer o que querem. Vimos isso nos últimos tempos, onde o ator Alexandre Frota ter feito filme pornô é apenas uma fase, mas um filme que a Xuxa Meneguel fez numa fase do começo da sua carreira, virou que ela era pedófila (o ator era de maior. Ou, em pleno regime militar, eles iriam deixar um menino fazer um filme daquele?). Isso mostra o machismo. Um outro ponto, ou outros pontos, são a questão que as próprias mulheres ensinam isso aos filhos, incentivados pelo seu marido, que o menino pode tudo e as meninas, não podem nada. Principalmente, antigamente, quando os homens achavam que as mulheres eram vagabundas e os homens eram os certos, os machos da espécie. Por que? Por causa que Eva que seduziu Adão para comer o fruto do pecado. Só que adão comeu porque quis e a história tem a ver com uma ciência muito além do que, só sexo. O sexo em si tem todo uma simbologia – principalmente, nas filosofias orientais – que vai muito além do coito em si. Mas, como toda simbologia espiritual-elevada, foi deturpado dentro da igreja romana, como algo errado, como algo ruim, como algo contra o Eterno. Se fosse, ele permitiria o sexo em si? Ou a religião rivaliza com o sexo? As duas tem o mesmo poder, diz várias pesquisas.

Jesus dizia que aquele que tivesse fé veria a verdade, assim como Buda Gautama, dizia que por meio do equilíbrio, iriamos ver a verdade. Nenhum deles quis fundar uma religião, pelo simples fato, que eles não gostarem de religiões e sim, de pessoas. Não precisamos ser religados a nada, precisamos sentir e sentir é ligado a nada. Portanto, só podemos ter respeito com o outro pela empatia daquilo que a outra pessoa passou. Como o caso da pastora e futura ministra dos Direitos Humanos, Damares Alves. Tenho a impressão, que antigamente, tinha um sentimento muito forte, de dominação das mulheres da família. Conheço casos desse tipo dentro da família, e também, pessoas que foram alvo de pedofilia.  Não é piada o que ela passou e acho que deveríamos ter um certo respeito, porque eu sei muito bem o que é ter um membro familiar ser vítima disso e ter outras pessoas, serem vítimas de assédio sexual. É uma violência, porque é uma invasão ao corpo da mulher. Ponto.

Só que, se não é fácil para as mulheres sem nenhuma deficiência, imagine as que tem deficiência. Conheço mulheres assediadas que levam a marca desse assédio por toda a vida dela, como se aquilo, fosse já a violência sexual acontecida. Conheço histórias de vizinhos que invadiram a casa e estupraram mulheres com deficiência que não podiam se defender com ferros na vagina, outros relatos de jornais que os estupros eram constantes com meninas com deficiência mental. Tudo isso não é aquele sentimento de ser o macho da espécie? Tudo isso não é o sentimento de achar que o galo estará sempre num grande galinheiro? Ainda, o segmento tem seu lado machista em querer acessibilizar os puteiros. Afinal, o “macho alfa de rodinha” não está satisfeito em encher o saco das moças nos eventos, não está satisfeito em ficar azarando e sendo folgado com a mulher alheira, tem que ter ainda boquinha na zona do meretrício, ué. O “macho alfa de rodinha” é o machão que quer ser o fodão de novo, mas, puro sonho. O assédio também acontece aí. Então, o que fazer se a mulher com deficiência quer sair sozinha ou até mesmo com o namorado, sofre assédio na rua e até mesmo do transporte?

Como disse no meu Facebook, o problema aqui no Brasil é tudo virar uma baita piada. Mas, quando o povo começa a fazer piada com pautas serias, politicamente, essas pautas viram escárnios e não são devidamente analisadas. Posso ter milhares de coisas contra a futura ministra, mas, no momento do suicídio, quando ela viu a imagem de Jesus essa visão mística pode ter sido a única maneira que a espiritualidade ter salvado ela do suicídio. Eu ouvi vários relatos de jovens que sofreram abusos sexuais num grupo de jovens que meu amigo participava e fui para conhecer, assim, vi o quanto essas religiões ficam amarrotadas dessas pessoas que tiveram seu orgulho rasgado por ser mulher. Vi quanto a mulher com deficiência é pressionada por ser mulher e a imagem da deficiência, assexuada, sem direito de ter a sua vida. Vi um país que cobra dos políticos ética, mas, o povo não tem nenhuma.


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