Amauri Nolasco Sanches
Junior
Platão, filósofo grego da antiguidade, tinha um ciclo
bastante interessante. A humanidade começa numa anarquia (que não concordo,
logo depois eu falo o porquê), que surge um líder que é o monarca e essa
monarquia se desvirtua e começa a ser despótica. Dentro desse exemplo platônico
podemos dar o exemplo de Solón, grande tirano grego na antiguidade, que fez
grande reformas em Atenas em nome do povo. Assim como os fazendeiros romanos,
em nome da grande população, fez a rebelião contra a dominação etrusca. Com o
tempo, Roma se desvirtuou do seu propósito e começou a querer cada vez mais o
poder. Assim como a democracia ateniense que desvirtuou em nome da vaidade (que
Sócrates desmascarou e foi morto por uma taça de cicuta).
O povo brasileiro não tem soberania e não sabe disso, acha
que só porque vota, tem alguma parcela de participação. Na verdade, a
oligarquias dentro da republica vai muito além, do que a esquerda e a direita.
Mas antes de explicar as oligarquias dentro do Brasil, eu vou demostrar que
Platão estava errado no caso da anarquia. Anarquia quer dizer “sem governo” e
nunca foi testada, é uma utopia (no qual, acho essa ideia interessante). Platão
não tinha elementos para saber, que hoje sabemos por hipótese antropológica,
que o ser humano sempre teve um líder por ser um animal social. Claro, podemos
entrar na epistemologia e dizer que o ser humano é um ser racional e junto do
ser racional, está a consciência e a percepção da realidade. Porém, temos essa
consciência graças ao aprendizado da educação e essa educação, dará ao ser
humano o conhecimento. Os seres humanos primitivos, não tinham consciência de
sua autonomia de ir e vir como quisermos dentro do ambiente onde vive. Porque
os seres humanos primitivos, não tinham o conhecimento que temos agora. Mesmo
assim, países como o nosso, com altos índices de analfabetismo de conhecimento
e funcional, são bem estratosféricos, adoram o ESTADO.
Nunca, dentro da humanidade, tivemos uma anarquia. A
anarquia pressupõe bagunça, mas, não é nada disso. A anarquia pressupõe uma
autoconsciência dentro da própria capacidade, do ser humano cuidar e si mesmo,
sendo assim, se pode conviver sem amarras morais ou jurídicas, porque não
haveria competição entre seres humanos. O egoísmo humano. Então, seja num
governo liberal, num governo monárquico, num governo de qualquer coisa, são
formas primitivas de paternalismo e essa procura de um pai eterno, um ser que
possa nos carregar por toda vida, nos fez acreditar em governos. Talvez, os
agrupamentos dos humanos devem ter criado o ESTADO para melhor administrar todas
as pessoas e garantir uma melhor harmonia comunitária. Há explicações
cientificas e explicações espirituais que muitas pessoas, devem achar besteira.
Mas, acredito que com a vinda de seres humanos mais agressivos, o ESTADO deve
ter desvirtuado do seu propósito inicial. Ai sim, entrando no ciclo de Platão, onde
a intenção inicial é sempre desvirtuada.
Agora podemos entrar no escopo do Brasil e da soberania que
o povo não tem. Porque a oligarquia é muito forte desde a programação da
Republica (quem tem cérebro sabe e já entendeu isso), que havia interesses dos
escravocratas (ganhavam dinheiro com escravos), a intenção de industrialização
do Brasil (que não aconteceu). Por que não teve nenhuma industrialização?
Porque se colocaram empresas e não se criaram empresas. Houve uma oligarquia
criada para industrias de fora fossem vir para cá. Não se trata de ser de
direita ou de esquerda, são coisas que somos levados a pensar graças a fatos. Sempre
tivemos dificuldade de empreender, mas, as empresas quem vem de fora sempre
tiveram facilidades. Por que? Por que industrias internacionais tem abate nos
impostos? Por causa das oligarquias que vendem nosso país dês da programação da
republica e a cem anos, temos governos populistas.
Populismo de direita e populismo da esquerda. Mas,
investigamos a origem de oligarquia e aristocracia. Oligarquia vem do grego “oligarkhia”
que significa “governo de poucos”, enquanto a aristocracia, que quer dizer “o
governo dos melhores”. Claro, que algumas pessoas vão dizer que os dois termos
são sinônimos, mas, contemporaneamente, pode até ser, mas, na antiguidade, não.
O governo do tirano Sólon, lá em Atenas, era uma oligarquia de aristocratas que
colocaram Atenas em ordem para o bem popular. No mesmo modo, o governo primitivo
romano (que chamaram de res publica), eram de aristocratas que faziam uma
oligarquia. Até mesmo, se fomos bastante radicais, os governos revolucionários
foram oligarquias intelectuais que dominaram as ações políticas. Na verdade,
todos os governos são aristocratas, pessoas que estudam para administrar o país
melhor. Por que a aristocracia foi demonizada dentro da política brasileira?
Porque se associou a riqueza, mas, ser o “melhor” não quer dizer ser o mais
rico – principalmente, nossa elite rastaquera como a nossa – porque existem
ricos que não gostam de cultura, não leem (só Olavo de Carvalho para dizer que
está atualizado), apenas rosnam aquilo que não sabem.
Por que eu escrevi tudo isso? Para explicar o porquê, quando
reclamamos, o poder público não faz absolutamente, nada. A questão vai muito
além das questões de aristocracia, porque se trata de oligarquias que se
encontram, ainda, aqui no Brasil. Vamos pegar os serviços da prefeitura desde
um simples número 156, daqui de São Paulo, até uma fiscalização de vagas para
pessoas com deficiência e idosos. Existem grupos de interesse nos três poderes
que transcendem essa coisa de direita e esquerda, porque quando há interesses,
não há uma boa ética. Aí resgatamos Aristóteles e sua ideia de ética (bastante
interessante). Quando estamos convivendo e vivendo com os demais, sempre
achamos um motivo para procurar a felicidade e dividir a felicidade com o
outro. Porque, se procuramos só a nossa felicidade, entramos num egoísmo narcisista,
no qual, pensando só no nosso bem-estar. Mas, a ética por sua natureza racional
e natureza social de informação e conhecimento, vai ampliando cada vez mais a
discussão em torno de uma harmonia social. É ético sempre olhar o outro através
de um olhar se fosse você. Se você fosse pobre? Se você quisesse fazer uma
ligação para o 156 e não conseguisse? Se você fosse um idoso ou uma pessoa com
deficiência que quisesse parar naquela vaga? As vagas não são privilégios, são
vagas para exatamente, não tumultuarem o estacionamento ou mais perto da
entrada. Isso requer empatia.
As pessoas deveriam ser civilizadas, mas não são, porque não
foram educadas. A ética pressupõe que você viva bem e queira as outras pessoas
felizes. Mas o que acontece em países que há um déficit muito grande de
escolaridade? Tendem a haver mais conflitos e fanatismo. Civilidade pressupõe conhecimento
e o conhecimento lhe dará a ética. Ética veio do grego antigo ou helênico,
ETHOS e a tradução moderna seria caráter, porém, o grande estudioso da cultura
grega antiga, Werner Jaeger (1888 – 1960), diz que é muito mais do que pensamos
hoje. Pois, a ideia de ETHOS para o grego era a sociedade de sua cidade-estado
e esse estado de espirito, era a união como um todo. Quando não temos o caráter
civilizatório, tendemos ao egoísmo e ao fanatismo ideológico ou religioso. Por que
será que há tantas guerras civis no território africano? Por que há tantos conflitos
religiosos no oriente médio? Por causa do auto grau de analfabetismo que
distorcem e não dão a verdadeira informação para as pessoas, que aquele governo
quer, na verdade, dominar todos ou pela fé, ou pela fome. No Brasil não é
diferente. Só que a questão do Brasil é curiosa, existem dois analfabetos, os
da escrita e os funcionais. Os da escrita são aqueles que não tiveram
oportunidade de estudar em uma escola para trabalhar e ajudar no sustento da
casa, os funcionais, são aqueles que lê e não entendem nada.
Os emergentes (aqueles que tiveram a sorte de empreender e
ficar rico), são, em sua maioria, funcionais. São pessoas que distorcem o que
sabem da vida com seus conceitos, que muitas vezes, são preconceitos. Daí se
esquecem que empresas tem sim, um papel social muito grande. Sem empresas, no
mundo de hoje, não há sustento. Aí entra a civilidade e a ética, e porque não,
a etiqueta. Nossos emergentes ainda não entenderam, ou por ignorância ou por
má-fé mesmo, que etiqueta seria além de saber onde colocar os talheres ou não arrotar
na mesa, e sim, ter uma ética social. Vamos a um exemplo bastante simples. A
Lei de Cotas para pessoas com deficiência física que manda as empresas com mais
de 100 funcionários terá que contratar 1% de pessoas com deficiência, 200
funcionários terão que contratar 2%, 300 funcionários e mais de 1000 funcionários,
terá que contratar 5% de pessoas com alguma deficiência. Ora, como disse em um
outro texto, as leis como essa (que os norte-americanos liberais, também
fizeram), são leis que reeducam a sociedade a não discriminarem uma parcela da sociedade.
Ético não é só não fraudar o imposto, não dar propina para político corrupto, ética
é ter o seu bem-estar, e também, a felicidade do outro.
Se temos empresários que para fugir da lei, ficam dizendo
que não existe pessoas com deficiência qualificadas, logicamente, se deve
mostrar que existe essas pessoas. Ora, como acontece no serviço do número 156, não
há uma eficiência dentro do poder público por causa da ética e da etiqueta. Você
liga para a SPTrans, tem sempre um funcionário que não sabe o que está
acontecendo, não atende como deveria e ainda, você não consegue falar com quem
deve falar. Só esclarecendo, o serviço 156 é uma iniciativa da prefeitura do
governo João Doria Jr (PSDB) que unificou tudo em um número só. Acontece, que
muitas coisas dentro da SPTrans, acontecem a revelia do Conselho Municipal das
Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo, como 3 faltas no
ATENDE acarreta o desligamento automático. Não parece de interesses de
oligarquias de empresas que o serviço diminua?
Aristóteles falando de ética disse: “A humanidade em massa
se assemelha totalmente aos escravos, preferindo uma vida comparável à dos
animais”. São os religiosos e os ideológicos, que se escravizam diante de
tantas coisas.
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