segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

As oligarquias brasileiras e o 156 que não funciona aqui em São Paulo




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Platão, filósofo grego da antiguidade, tinha um ciclo bastante interessante. A humanidade começa numa anarquia (que não concordo, logo depois eu falo o porquê), que surge um líder que é o monarca e essa monarquia se desvirtua e começa a ser despótica. Dentro desse exemplo platônico podemos dar o exemplo de Solón, grande tirano grego na antiguidade, que fez grande reformas em Atenas em nome do povo. Assim como os fazendeiros romanos, em nome da grande população, fez a rebelião contra a dominação etrusca. Com o tempo, Roma se desvirtuou do seu propósito e começou a querer cada vez mais o poder. Assim como a democracia ateniense que desvirtuou em nome da vaidade (que Sócrates desmascarou e foi morto por uma taça de cicuta).

O povo brasileiro não tem soberania e não sabe disso, acha que só porque vota, tem alguma parcela de participação. Na verdade, a oligarquias dentro da republica vai muito além, do que a esquerda e a direita. Mas antes de explicar as oligarquias dentro do Brasil, eu vou demostrar que Platão estava errado no caso da anarquia. Anarquia quer dizer “sem governo” e nunca foi testada, é uma utopia (no qual, acho essa ideia interessante). Platão não tinha elementos para saber, que hoje sabemos por hipótese antropológica, que o ser humano sempre teve um líder por ser um animal social. Claro, podemos entrar na epistemologia e dizer que o ser humano é um ser racional e junto do ser racional, está a consciência e a percepção da realidade. Porém, temos essa consciência graças ao aprendizado da educação e essa educação, dará ao ser humano o conhecimento. Os seres humanos primitivos, não tinham consciência de sua autonomia de ir e vir como quisermos dentro do ambiente onde vive. Porque os seres humanos primitivos, não tinham o conhecimento que temos agora. Mesmo assim, países como o nosso, com altos índices de analfabetismo de conhecimento e funcional, são bem estratosféricos, adoram o ESTADO.

Nunca, dentro da humanidade, tivemos uma anarquia. A anarquia pressupõe bagunça, mas, não é nada disso. A anarquia pressupõe uma autoconsciência dentro da própria capacidade, do ser humano cuidar e si mesmo, sendo assim, se pode conviver sem amarras morais ou jurídicas, porque não haveria competição entre seres humanos. O egoísmo humano. Então, seja num governo liberal, num governo monárquico, num governo de qualquer coisa, são formas primitivas de paternalismo e essa procura de um pai eterno, um ser que possa nos carregar por toda vida, nos fez acreditar em governos. Talvez, os agrupamentos dos humanos devem ter criado o ESTADO para melhor administrar todas as pessoas e garantir uma melhor harmonia comunitária. Há explicações cientificas e explicações espirituais que muitas pessoas, devem achar besteira. Mas, acredito que com a vinda de seres humanos mais agressivos, o ESTADO deve ter desvirtuado do seu propósito inicial. Ai sim, entrando no ciclo de Platão, onde a intenção inicial é sempre desvirtuada.

Agora podemos entrar no escopo do Brasil e da soberania que o povo não tem. Porque a oligarquia é muito forte desde a programação da Republica (quem tem cérebro sabe e já entendeu isso), que havia interesses dos escravocratas (ganhavam dinheiro com escravos), a intenção de industrialização do Brasil (que não aconteceu). Por que não teve nenhuma industrialização? Porque se colocaram empresas e não se criaram empresas. Houve uma oligarquia criada para industrias de fora fossem vir para cá. Não se trata de ser de direita ou de esquerda, são coisas que somos levados a pensar graças a fatos. Sempre tivemos dificuldade de empreender, mas, as empresas quem vem de fora sempre tiveram facilidades. Por que? Por que industrias internacionais tem abate nos impostos? Por causa das oligarquias que vendem nosso país dês da programação da republica e a cem anos, temos governos populistas.

Populismo de direita e populismo da esquerda. Mas, investigamos a origem de oligarquia e aristocracia. Oligarquia vem do grego “oligarkhia” que significa “governo de poucos”, enquanto a aristocracia, que quer dizer “o governo dos melhores”. Claro, que algumas pessoas vão dizer que os dois termos são sinônimos, mas, contemporaneamente, pode até ser, mas, na antiguidade, não. O governo do tirano Sólon, lá em Atenas, era uma oligarquia de aristocratas que colocaram Atenas em ordem para o bem popular. No mesmo modo, o governo primitivo romano (que chamaram de res publica), eram de aristocratas que faziam uma oligarquia. Até mesmo, se fomos bastante radicais, os governos revolucionários foram oligarquias intelectuais que dominaram as ações políticas. Na verdade, todos os governos são aristocratas, pessoas que estudam para administrar o país melhor. Por que a aristocracia foi demonizada dentro da política brasileira? Porque se associou a riqueza, mas, ser o “melhor” não quer dizer ser o mais rico – principalmente, nossa elite rastaquera como a nossa – porque existem ricos que não gostam de cultura, não leem (só Olavo de Carvalho para dizer que está atualizado), apenas rosnam aquilo que não sabem.

Por que eu escrevi tudo isso? Para explicar o porquê, quando reclamamos, o poder público não faz absolutamente, nada. A questão vai muito além das questões de aristocracia, porque se trata de oligarquias que se encontram, ainda, aqui no Brasil. Vamos pegar os serviços da prefeitura desde um simples número 156, daqui de São Paulo, até uma fiscalização de vagas para pessoas com deficiência e idosos. Existem grupos de interesse nos três poderes que transcendem essa coisa de direita e esquerda, porque quando há interesses, não há uma boa ética. Aí resgatamos Aristóteles e sua ideia de ética (bastante interessante). Quando estamos convivendo e vivendo com os demais, sempre achamos um motivo para procurar a felicidade e dividir a felicidade com o outro. Porque, se procuramos só a nossa felicidade, entramos num egoísmo narcisista, no qual, pensando só no nosso bem-estar. Mas, a ética por sua natureza racional e natureza social de informação e conhecimento, vai ampliando cada vez mais a discussão em torno de uma harmonia social. É ético sempre olhar o outro através de um olhar se fosse você. Se você fosse pobre? Se você quisesse fazer uma ligação para o 156 e não conseguisse? Se você fosse um idoso ou uma pessoa com deficiência que quisesse parar naquela vaga? As vagas não são privilégios, são vagas para exatamente, não tumultuarem o estacionamento ou mais perto da entrada. Isso requer empatia.

As pessoas deveriam ser civilizadas, mas não são, porque não foram educadas. A ética pressupõe que você viva bem e queira as outras pessoas felizes. Mas o que acontece em países que há um déficit muito grande de escolaridade? Tendem a haver mais conflitos e fanatismo. Civilidade pressupõe conhecimento e o conhecimento lhe dará a ética. Ética veio do grego antigo ou helênico, ETHOS e a tradução moderna seria caráter, porém, o grande estudioso da cultura grega antiga, Werner Jaeger (1888 – 1960), diz que é muito mais do que pensamos hoje. Pois, a ideia de ETHOS para o grego era a sociedade de sua cidade-estado e esse estado de espirito, era a união como um todo. Quando não temos o caráter civilizatório, tendemos ao egoísmo e ao fanatismo ideológico ou religioso. Por que será que há tantas guerras civis no território africano? Por que há tantos conflitos religiosos no oriente médio? Por causa do auto grau de analfabetismo que distorcem e não dão a verdadeira informação para as pessoas, que aquele governo quer, na verdade, dominar todos ou pela fé, ou pela fome. No Brasil não é diferente. Só que a questão do Brasil é curiosa, existem dois analfabetos, os da escrita e os funcionais. Os da escrita são aqueles que não tiveram oportunidade de estudar em uma escola para trabalhar e ajudar no sustento da casa, os funcionais, são aqueles que lê e não entendem nada.

Os emergentes (aqueles que tiveram a sorte de empreender e ficar rico), são, em sua maioria, funcionais. São pessoas que distorcem o que sabem da vida com seus conceitos, que muitas vezes, são preconceitos. Daí se esquecem que empresas tem sim, um papel social muito grande. Sem empresas, no mundo de hoje, não há sustento. Aí entra a civilidade e a ética, e porque não, a etiqueta. Nossos emergentes ainda não entenderam, ou por ignorância ou por má-fé mesmo, que etiqueta seria além de saber onde colocar os talheres ou não arrotar na mesa, e sim, ter uma ética social. Vamos a um exemplo bastante simples. A Lei de Cotas para pessoas com deficiência física que manda as empresas com mais de 100 funcionários terá que contratar 1% de pessoas com deficiência, 200 funcionários terão que contratar 2%, 300 funcionários e mais de 1000 funcionários, terá que contratar 5% de pessoas com alguma deficiência. Ora, como disse em um outro texto, as leis como essa (que os norte-americanos liberais, também fizeram), são leis que reeducam a sociedade a não discriminarem uma parcela da sociedade. Ético não é só não fraudar o imposto, não dar propina para político corrupto, ética é ter o seu bem-estar, e também, a felicidade do outro.

Se temos empresários que para fugir da lei, ficam dizendo que não existe pessoas com deficiência qualificadas, logicamente, se deve mostrar que existe essas pessoas. Ora, como acontece no serviço do número 156, não há uma eficiência dentro do poder público por causa da ética e da etiqueta. Você liga para a SPTrans, tem sempre um funcionário que não sabe o que está acontecendo, não atende como deveria e ainda, você não consegue falar com quem deve falar. Só esclarecendo, o serviço 156 é uma iniciativa da prefeitura do governo João Doria Jr (PSDB) que unificou tudo em um número só. Acontece, que muitas coisas dentro da SPTrans, acontecem a revelia do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida de São Paulo, como 3 faltas no ATENDE acarreta o desligamento automático. Não parece de interesses de oligarquias de empresas que o serviço diminua?

Aristóteles falando de ética disse: “A humanidade em massa se assemelha totalmente aos escravos, preferindo uma vida comparável à dos animais”. São os religiosos e os ideológicos, que se escravizam diante de tantas coisas.



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