terça-feira, 1 de janeiro de 2019

Fogos, praia e Instagram – a derrocada da cultura brasileira






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Amauri Nolasco Sanches Junior

Nossa nação não sabe escrever e não sabe ler. Quando li uma postagem, que uma moça diz que o coletivo de lobo é cardume, eu tive a certeza que não temos escola. Escola vem na Grécia antiga, SKOLE que teve uma evolução até o termo em latim SCHOLA. Em ambas as línguas – tanto o grego quanto o latim – temos o significado, “discussão ou conferencia”, mas também significavam “folga ou ócio”. Na essência, a escola deveria ser uma discussão ou conferencia, num estado de ócio ou folga. O modelo da escola hoje, o professor na frente e fileiras de alunos, vendo o professor passar matérias de séculos atrás. Há uma discussão de avaliar os erros dos alunos e o professor, no meio da discussão, poderá corrigir esses erros? Será que o modelo que temos hoje é um modelo falido? Quando vemos as redes sociais, o analfabetismo funcional ou não.

Eu escrevi um texto <<< FELIZ NATAL METALEIRO - UMA REFLEXÃO >>>, onde eu faço algumas reflexões sobre o Instagram. Interessante, que esse anime mostra exatamente, que as pessoas montam uma vida artificial para mostrar nessas redes sociais. Você vê paredes de tijolos numa foto no Instagram? Venezuelanos mostrando uma vida que não bate no que vimos nos jornais ou em testemunhas de outros venezuelanos, relatando uma realidade miserável. Porque as pessoas idealizam uma realidade que não existe. Se você vai para a Grécia – um país que hoje, se encontra quase falido e salvo por grandes potencias como a Alemanha ou a França – você pode ir e mostra que você foi. Mas, se você não mostra as ruinas, por exemplo, como acreditar que você foi mesmo na Grécia? Não é uma discussão entre liberdade e não liberdade. Todos podem fazer o que quiser, mas, devemos colocar uma visão cética e duvidar nas coisas que nos mostram. Isso tem mais a ver com a má-fé e boa-fé. Eu, particularmente, não dou like para fotos de praia.

Temos uma cultura (condicionamento), que as pessoas “tem que” ir para a praia, as pessoas “tem que” ir numa balada, as pessoas “tem que” sempre sair ou ostentar algo. Acho muito brega. Quer coisa mais brega do que ser escravo dos objetos? Ninguém sabe que eu passei o ano novo em algum lugar, ou que passei o natal em algum lugar fora, porque não postei. Teve o churrasco no apartamento da minha irmã e não postei nenhuma foto, ninguém postou nada, porque não somos escravos da modinha. O declínio de uma cultura é a falta de valores verdadeiros dentro de uma sociedade, algo que o filósofo Nietzsche alertou no século 19. Quando ele diz que “matamos Deus”, ele está falando que matamos tradições de milênios em nome de outros valores que negam a vida. O que ele chama de “espirito de rebanho” é o reflexo de uma cultura de sempre querer estar nas mídias, ouvir ou assistir tudo que a massa ouve ou assiste. A sociedade brasileira perdeu valores. Não estou dizendo valores conservadores, mas, um discernimento do que ouve. Músicas infantis, que mostram homens ou mulheres, sendo traídos, amores arrebentados, mostrando que você não pode ficar nem com quem amamos. O sertanejo virou uma coisa que não é mais sertanejo.

O funk pancadão é uma música machista, idealista (ostenta aquilo que aquela realidade não pode ter), uma música que só há pornografia e nada passa de bom. Que, claro, a esquerda transforma em cultura, mas, não há nenhuma cultura nisso. Ensina ao jovem alterar a bebida da moça para estupra-la, ensina ao jovem fazer de tudo para ganhar muito e ter um carrão, ensina ao jovem  um hedonismo (prazer a todo custo e só prazer), interessa na vida. A verdadeira cultura procura ensinar, no meio de discussões e no ócio, que o importante não é o prazer (hedonismo), mas, a felicidade de ser verdadeiro (eudemonismo), onde há o bem e o bem-estar não só meu, mas, de toda a uma sociedade. Sendo assim, concordo com Platão e Aristóteles – mais Aristóteles – que diz que a ética é uma conduta da pratica. Até mesmo, você seguir uma religião e fazer coisas que não combinam com aquela religião, não faz o menor sentido. Fora, que com muita “cara-de-pau”, diz ensinar as meninas a ser imponderadas, porém, rebolam e dizer “dar” para os homens, do jeitinho que eles querem. Isso não é contra o feminismo? Você ficar rebolando de calcinha para machinho se masturbar? Ou acham que o cara está vendo o seu vídeo para quê? Essa é a derrocada da nossa cultura.

Claro, cada um é dono do seu corpo e das suas partes intimas, mas, estão invertendo lutas que não são assim. O emponderamento da mulher não se dá ela gritando os quatro ventos, que no governo do presidente Bolsonaro, “vai dar o seu cu”. Desculpem, mas, tem que ser mostrado isso. Ou fazendo clipes, que o sujeito faz da bunda da cantora de tamborim. Qual a valorização da mulher nisso tudo? Quando essa derrocada começa em nosso país? No final dos anos 80 com a lambada, que meninas vestiam saias curtas – para aparecerem mesmo tudo – que terminou hoje com o funk. Mas, nos anos 90 já existia o funk carioca, ainda, fechado no escopo do morro e os bailes eram em periferias. Talvez, tem a ver com a ilusão que esse tipo de música mostra, a realidade dessas comunidades. Por que mostra esse tipo de realidade? Será, que, exatamente, não ter uma cultura com esses valores? Será que essas músicas, não, também, incentivam a gravidez na adolescência? Você não pode incentivar e querer que as pessoas repitam esse tipo de coisa, você tem que ensinar que aquilo é errado.

O que podemos ver com isso? Que a ética só acontece com o conhecimento e a razão, pois, uma sociedade sem educação sempre será como “animais”. Ou seja, somos presos a nossa própria liberdade, mas essa liberdade, tem que ter o conhecimento sem esse “espirito de rebanho”.



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