quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Do ovo a Jennifer – a imbecilidade da nossa cultura






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Amauri Nolasco Sanches Junior

Quando eu tinha uns 12 anos de idade, mais ou menos no ano de 1989, estourou a moda da lambada. Meninas com saias curtas e que dançavam “coladinhos”, e que, tinha letras repetitivas que eram apenas uma música “cornífera” mais agitada. Depois disso as coisas começaram a descer e a nossa cultura começou a se imbecilizar, porque as músicas eram uma repetição para, exatamente, ficar gravada no nosso consciente. Até antes da lambada, tinha músicas que poderíamos dizer, não trazia nada de bom para as pessoas. Mas, o que seria essa “coisa boa”? Ampliar os horizontes de um conhecimento.

Há vários pontos da nossa cultura que podemos fazer uma análise bastante interessante. Por que as pessoas sempre gostam do que está na modinha? Primeiro, porque as pessoas querem seguir a manada, para não perder o rumo onde ela quer ir. Eu, particularmente, não gosto de músicas e filmes que estão na moda e assisto sempre, o que está no “fundão” do Netflix sem constrangimento nenhum. Enquanto a lambada corria solta e a Daniela Mercury despontava como uma promessa nacional – que só era mais uma que beijou a mão da máfia do dendê – eu começava a gostar de Beatles, de Led Zeppelin e na época, comecei a ser fã da banda Guns N` Roses. Você pode dizer que tenho o “espirito de vira-lata”, mas eu vou responder que eu gostava bastante de bandas e cantores nacionais, como Cazuza, como o próprio Barão Vermelho, o RPM (que os roqueiros detestavam), Titãs, Nenhum de Nós (gostava de uma só música que nem virou hits), gostava do Uns e Outros e outras bandas (eu também gostava e gosto do Lobão e do Ultraje Rigor, mesmo não concordando de algumas falas do Roger).

Existem dois problemas dentro da nossa cultura: primeiro, nós somos herdeiros de uma fé católica que condenava o conhecimento e segundo, sempre tivermos governantes que queriam a ignorância do nosso povo. Para a igreja católica romana, o conhecimento não era um sinal de humildade e só o clero poderia ter. tudo era do diabo (inclusive, isso ficou muito pior com a fé protestante que condenou o rock como filho do demônio e agora com o Olavo de Carvalho, como uma música comunista) e ressonou, com a libertação dos escravos e uma “reserva” de empregados nas comunidades das periferias das cidades. Ainda, existem as músicas que dizem que você é um “bosta” e que nem quem você ama, pode ficar com você com o estouro do sertanejo (ou melhor, o sertanojo). Ora, como seria uma sociedade que tivesse uma cultura que fizesse pensar e não fazer repetições e uma sociedade com um alto grau de autoestima elevada? Como que seria se as universidades ao invés de seguir interesse ideológicos ou mercadológicos, ensinassem verdadeiramente o ser humano a ser um cidadão com uma profissão? Que até dentro dessas universidades e faculdades, vai ter idiotas ouvindo funk (leia-se, pornografia sonora), vai ter pessoas gostando de programas imbecis e vai ter aqueles que o pai tinha um sonho de ser médico e obriga o filho a ser um médico. Vai ser um ótimo profissional (ironia).

Claro, que existe lugares para curtir tais músicas, e tem lugares para curtir outras coisas. O problema do nosso povo é as bolhas culturais que se cria dentro de um certo estilo. A questão é: por que descemos tão baixo se até mesmo, dentro das universidades que deveriam ser centros do conhecimento, as pessoas também gostam dessas coisas? Uma foto de um ovo ser a mais curtida do Instagram ou a música da Jennifer fazer sucesso não é o problema, o problema é isso virar a única coisa a ser comentada em toda internet e mostrar como nossa cultura foi imbecilizada. Por isso mesmo programas como Big Brother, Masterchef e outros do gênero, serem os mais vistos aqui. Porque as pessoas não conhecem outras coisas além daquilo que é mostrado nas mídias e que você ouviu falar. A titilo de exemplo, uma vez eu perguntei se a pessoa gostava de rock e a pessoa me respondeu que sim, e quando perguntei qual banda, ela me respondeu Madonna. Ela desconhecia o rock e colocava a Madonna como rock, sendo que a cantora é pop. O problema não foi o desconhecimento?

Muitas vezes, as pessoas desconhecem as coisas e tem uma visão preconceituosa daquilo. Eu estava no CRAS para a renovação do cadastro do benefício esperando, uma atendente mostrou para a colega uma música e o outro colega disse que ela gostava de rock, a que mostrou a música disse “credo” como se a outra devesse gostar dessas músicas. Expressões como “Deus me livre” ou “credo” denominam como se devesse se livrar de algum mal (se esse mal existisse), que no caso do rock, se criou um estereotipo de demoníaco. Porque questiona. Porque mostra fatos históricos e a realidade da vida sem expressões “bonitinhas” e “fofinhas”. Que entra na liberdade sexual sem ser chulo, sem achar que devemos cometer violência contra a mulher ou com qualquer pessoa (tem os babacas como quaisquer estilos).

Eu sou um cético e como um cético eu duvido do mercado cultural, seja na música, seja na literatura ou seja nas artes. Sempre a nossa cultura foi levada a uma cultura de massa porque alguém vai ganhar com isso e isso deixa claro, quando essa “merda” cantada da Jennifer, precisou de oito compositores. Conjuntos como Menudo, Dominó, o Bonde do Tigrão, e entre outros, tem vários empresários por trás. Várias indagações poderiam ser feitas: por que as pessoas TODA sexta-feira tem que ir numa balada? Por que todo brasileiro gosta de cerveja? Será que a indústria junto com a mídia, ajudaram a ser uma cultura solidificada como uma cultura moderna? Será que as rádios colaboram para as modinhas por causa das gravadoras? Fora que criamos o habito de ler coisas pequenas e fáceis e não se abre as notícias. O brasileiro é o único povo que lê as notícias só pelo título dela, sabe do ocorrido, ainda comenta como se fosse um cientista político. Não tem dinheiro para comprar um livro descente para o filho, mas, tem dinheiro para ir em uma partida de futebol ou encher o saco dos vizinhos com rojões.

Quer coisa mais idiota como um rojão? Quer coisa mais idiotizada do que comemorar datas mundialmente, conhecidas e não saber nem o que está fazendo? Nietzsche diria que a massa é massa por causa do seu instinto de seguir o outro para ser aceito (mais ou menos, isso), porque não sabe ver a realidade e fica inventando realidades que não existem. A muito tempo que não vejo televisão. Não gosto de nenhum canal. Não gosto de nenhuma música que toca em rádios populares (não estou ouvindo nem radio de rock). Não gosto de nenhum filme que está na modinha. Não gosto de nenhum filme nacional, porque tem a mania de querer retratar realidades que só existem na visão ideológica de alguns. Não gosto do novo metal (raras bandas do New Metal eu ouço). Leio livros. Não leio o que todo mundo fica lendo. Não vejo BBB ou programa do gênero. Não gosto de nada que as massas me impõem. Não leio Olavo de Carvalho (leio seus artigos desde 1999, portanto, sei muito bem do seu pensamento). Não vejo nem vídeo NEOCON e nem vídeos de esquerdismo. Não acho graça dos shows de stand-up que dizem muito palavrão. Não gosto de programas muito certinhos. Não sigo religiões populares, porque a minha visão espiritual é muito mais ampla.

Mas vocês devem estar se perguntando: você não é um anarquista e acredita na liberdade de cada ser humano? Sim. Mas se eles têm o direito de estuprar meus ouvidos com esse “lixo sonoro” (o rojão está incluído), se eles têm o direito de lerem só o nome da notícia e comentar, se eles enchem a minha visão de bobagens que estupram o meu intelecto; por que não tenho o direto de dar a minha opinião a esse lixo de cultura? Por que acham que para eu respeitar as diferenças – eu sou um diferente – tenho que aceitar músicas incentivadas por uma esquerda velha, que quer o caos mesmo, e ensinam o que é errado? Temos que ter princípios e esses princípio não é a liberdade desmedida sem nenhum controle, é a liberdade consciente da respeitabilidade do outro humanamente.



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