domingo, 27 de janeiro de 2019

Jean Wylys não é resistência, a resistência só pode ser anárquica






Amauri Nolasco Sanches Junior


Um anarquista não tem lado, ou seja, não pode ser nem de esquerda e nem de direita. Não pode ser nada do que um sujeito que acredita na autoconsciência e que está autoconsciência (através do estudo que vai clarear as suas ideias), lhe torna seu próprio governante e seu próprio solucionador dos seus problemas. Uma utopia? Talvez. Talvez, vários pensadores, vários avatares (sim, um anarquista pode acreditar em uma espiritualidade sem um domínio), várias pessoas que acreditavam que podemos sentir a essência da liberdade. Ora, o próprio Buda Sakiamuni dizia que tudo era uma questão de pensamento e aquele que domina seu pensamento, domina a sua realidade. A hierarquia é uma forma de delegar sua vida a outra pessoa e mesmo querendo uma humanidade mais justa – que só poderia ser conquistada pelo ethos – se você acredita no socialismo, sempre alguém vai ter que dominar o outro para impor as suas ideias e o que quer que a massa deve fazer. Mas será que isso é justo? Nem sempre tudo se resume dentro da economia.

Se temos a autoconsciência conquistada pelo conhecimento, não vamos temer aquilo que é diferente e aquilo que o outro representa. O preconceito, sempre foi um discurso dominante entre os poderes que se alterna entre direita (girondinos) e a esquerda (jacobinos), desde a Revolução Francesa. Mas, no intuito mais radical possível, essa revolução foi uma revolução de interesses da burguesia que queria o poder para dominar o mercado, afinal, quem dominava o que ou o porquê seria vendido, era o rei. De alguma forma, o Brasil herdou muitas coisas da política e do pensamento francês e conseguimos adaptar as ideologias conforme aquilo que acreditamos. Como uma pessoa conservadora está no terceiro casamento? Como existem mulheres evangélicas sendo miss bumbum ou traficantes serem batizados como evangélicos? Como existem católicos que leem coisas espiritas, acreditam em horoscopo ou vão na igreja de vez em quando? Todos têm o direito à liberdade, mas, podemos dizer que as pessoas nem sabem o que estão seguindo e não sabendo, simplesmente, não seguem como deveriam. No mesmo modo acontece na anarquia, quando as pessoas não sabem o que é a anarquia, seguem apenas uma sombra daquilo que não conhecem. O anarquismo é contra a violência. O anarquismo é contra o ser humano dominar o outro e a anarquia é evolui em liberdade e respeito.

Thoreau na sua Desobediência Civil disse que o melhor governo é aquele que governa menos, ou seja, aquele que não começa a se meter na vida dos seres humanos ou que não imponham leis que só interessam para eles. Ou seja, sempre quando eles se verem em perigo, começam a criar subterfugio para recuperar o seu poder. Foi assim com o império romano que se tornou a igreja romana. Foi assim quando vários países se verem com o perigo dos seus governos serem eliminados. Napoleão subiu ao poder porque a burguesia iria perder o poder na França. O próprio Jesus diz que devemos dar a Cesar o que é de Cesar e de Deus o que é de Deus, ou seja, os bens materiais são mínimos comparados ao poder espiritual e da autoconsciência de si mesmo. A questão é: será que as pessoas querem o bem das outras pessoas ou seguem ideologias e religiões para se autopromoverem?

O ex-participante do programa Big Brother Brasil (2005) e ex-deputado do Partido Socialista e Liberdade, Jean Wylys, não é socialista.  Assim como muitos famosos não são o que dizem que são, apenas querem “surfar” em uma “onda” que está se formando naquele momento. João Gordo não pode ser anarquista tendo um busto do Mussolini na sua mesa (ainda chama o atual presidente de fascista e nazista), uma Baby do Brasil não pode ser evangélica e montar trio elétrico gospel. A espiritualidade não pode ser compreendida somente no cristianismo – mesmo o porquê, não entenderam nada no que Jesus disse em autoconhecimento e a espiritualidade sem nenhum templo – assim como uma ideologia política não pode ser entendida sem conhecer a política. O socialismo não passa de uma ditadura do centro acadêmicos e intelectuais que se moldaram a partir de uma ideia paternalista – onde a massa que não tem o conhecimento deve ser guiada – que não passa, de uma ideia hierárquica. Os maiores ditadores socialistas eram professores (como Lenin e Stalin). Não querem libertar o ser humano das correntes, como está no teorema da caverna de Platão, e sim, botar o ser humano em pé de igualdade econômica. Sendo impossível: o ser humano tem sua individualidade espiritual, de valores, vontades e sentimentos. E como disse, não se pode melhorar a humanidade com apenas o meio econômico.

Penso que o deputado não vai para o estrangeiro por causa de ameaças de morte, porque várias pessoas têm ameaças de morte. Afinal, estamos num país marcado com ignorância que é alimentada pelo medo daquilo que é diferente e pelo medo da mudança. Aqui se tem muito medo de mudar e por causa disso, o povo daqui não consegue desvincular com o passado. Nós evoluímos e conforme evoluímos, a tecnologia e o mundo evolui. O universo é a ressonância da nossa consciência de fazer e construir a nossa realidade.  Mas o que seria a realidade? Será que estamos mesmo vendo o real? Tudo que temos como realidade, temos um termo para chamar. Então, a nossa realidade é feita pela linguagem e conforme a linguagem, podemos construir a realidade a nossa volta. Se eu falo, por exemplo, que quero uma maçã vermelha eu sei o que é uma maçã e sei o que é vermelho. A maçã vermelha faz parte da minha realidade, porque me foi ensinada pela cultura que a fruta é uma maçã e que aquilo estar vermelho. A maçã é um substantivo masculino e que é o sujeito na frase, porque estou vendo aquela maçã e que é o objeto do meu desejo. O vermelho é um adjetivo, porque o adjetivo é dar uma qualidade.

Voltamos a ressonância da realidade. Se colocarmos o filme Matrix vamos chegar a narrativa dominante de uma cultura que são alimentadas pelo ser humano, seja num trabalho físico ou alimentando num modo ideológico. Num modo físico, podemos dizer, que a questão é de produção de massa que as grandes empresas precisam para produzir as coisas que o ocidente pensa precisar. Uma pergunta básica daquilo que você quer e que precisa perguntar antes de comprar: eu sou aquele objeto que estão me oferecendo? Será que estou sendo induzido a querer esse objeto? Não há problema nenhum em ter objetos que usamos, como eu tenho esse computador, como eu tenho a cadeira de rodas que tenho que ter para me locomover. A questão que minha cadeira de rodas de R$ 1 mil reais, mais ou menos, faz isso num mesmo modo de uma de R$ 33 mil reais e que tem tecnologia da NASA (ou diz ter, eu não sei). A questão é que não sou minha cadeira de rodas, eu sou apenas uma pessoa com deficiência física que uso um objeto. Os objetos vão dissolver na terra ou em outro local e suas moléculas vão voltar as suas origens, como nós mesmo (do pó vieste e do pó voltarás). Isso nada tem a ver com a ideologia liberal ou a socialista (que já escrevi sobre).

O sonho que é mostrado no filme, tem uma explicação metafisica e uma explicação não metafisica. A explicação metafisica é a explicação religiosa que o mundo é uma grande ilusão e só vamos nos libertar quando aceitarmos Jesus, buda e etc. Isso já começa com as filosofias orientais – mais precisamente as hindus a cerca de cinco mil anos – que diziam que o mundo é uma ilusão e temos que ver a verdade, ou seja, a verdade é o encontro entre o verdadeiro eu e a realidade que nos cerca. O próprio Buda Sakiamuni disse que nossos pensamentos e nossas atitudes moldam a nossa realidade, ou podemos dizer, que todo efeito sempre haverá uma causa. Assim como Jesus também disse que não era pecado o que entra na boca (alimento), mas, o que sai da sua boca. Ou seja, pecado é uma falta com o Eterno (não gosto de chamar de Deus, porque se vulgarizou o termo), então, o que você fala pode modificar toda a realidade e pode trazer uma falta para o TODO. No mais, todos os filósofos e avatares (também, profetas verdadeiros), disseram ser uma ilusão total essa realidade e se nós nos conhecemos, podemos modificar essa realidade.

A explicação não metafisicas são as ideologias políticas vigentes, porque usam a narrativa da esperança. Se pensarmos no capitalismo liberal, vamos ver que é muito difundido que somos libertos de fazemos e termos o que quiser e temos que dar uma taxa para o governo, para nos garantir o nosso bem-estar. Acontece, que todo o ESTADO é movido a dificultar no máximo isso e que não garante nem segurança, nem aprendizado escolar (educação é e só pode ser familiar) e nem emprego. A burocracia estatal colabora com a corrupção, não garante que trabalhamos com segurança e nem garante que minorias não sejam discriminadas na hora de serem empregadas (como acontece com as pessoas com deficiência). Então, no capitalismo ficamos presos na narrativa da falsa liberdade que tanto nos iludimos. O capitalismo também, colocou a família ideal, colocou o romantismo como um meio de consumo no casamento, consumo até mesmo, no ritual. No modo socialista, se vendeu uma igualdade social que não existe, porque o socialismo já começa desigual. Por que que se tem que ter uma elite que deve ensinar o comunismo ao povo? Será que o ser humano não é adaptável a mudanças de regimes ou mudanças de posturas sociais?

Mas, como no filme ou no teorema da caverna platônico, aquele que descobre como se processa a Matrix deve ser sacrificado (sacro-oficio) para o bem maior. Jesus foi esfolado pela liberdade humana, Sócrates foi envenenado por causa da verdade e todos sempre diziam, sobre a autoconsciência. A revolução tem que ser dentro de nós mesmo.

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