Amauri Nolasco Sanches
Junior
Um anarquista não tem lado, ou seja, não pode ser nem de
esquerda e nem de direita. Não pode ser nada do que um sujeito que acredita na
autoconsciência e que está autoconsciência (através do estudo que vai clarear
as suas ideias), lhe torna seu próprio governante e seu próprio solucionador
dos seus problemas. Uma utopia? Talvez. Talvez, vários pensadores, vários
avatares (sim, um anarquista pode acreditar em uma espiritualidade sem um
domínio), várias pessoas que acreditavam que podemos sentir a essência da
liberdade. Ora, o próprio Buda Sakiamuni dizia que tudo era uma questão de pensamento
e aquele que domina seu pensamento, domina a sua realidade. A hierarquia é uma
forma de delegar sua vida a outra pessoa e mesmo querendo uma humanidade mais
justa – que só poderia ser conquistada pelo ethos – se você acredita no
socialismo, sempre alguém vai ter que dominar o outro para impor as suas ideias
e o que quer que a massa deve fazer. Mas será que isso é justo? Nem sempre tudo
se resume dentro da economia.
Se temos a autoconsciência conquistada pelo conhecimento,
não vamos temer aquilo que é diferente e aquilo que o outro representa. O
preconceito, sempre foi um discurso dominante entre os poderes que se alterna entre
direita (girondinos) e a esquerda (jacobinos), desde a Revolução Francesa. Mas,
no intuito mais radical possível, essa revolução foi uma revolução de interesses
da burguesia que queria o poder para dominar o mercado, afinal, quem dominava o
que ou o porquê seria vendido, era o rei. De alguma forma, o Brasil herdou
muitas coisas da política e do pensamento francês e conseguimos adaptar as
ideologias conforme aquilo que acreditamos. Como uma pessoa conservadora está
no terceiro casamento? Como existem mulheres evangélicas sendo miss bumbum ou traficantes
serem batizados como evangélicos? Como existem católicos que leem coisas
espiritas, acreditam em horoscopo ou vão na igreja de vez em quando? Todos têm
o direito à liberdade, mas, podemos dizer que as pessoas nem sabem o que estão
seguindo e não sabendo, simplesmente, não seguem como deveriam. No mesmo modo
acontece na anarquia, quando as pessoas não sabem o que é a anarquia, seguem
apenas uma sombra daquilo que não conhecem. O anarquismo é contra a violência.
O anarquismo é contra o ser humano dominar o outro e a anarquia é evolui em
liberdade e respeito.
Thoreau na sua Desobediência Civil disse que o melhor governo
é aquele que governa menos, ou seja, aquele que não começa a se meter na vida
dos seres humanos ou que não imponham leis que só interessam para eles. Ou
seja, sempre quando eles se verem em perigo, começam a criar subterfugio para
recuperar o seu poder. Foi assim com o império romano que se tornou a igreja
romana. Foi assim quando vários países se verem com o perigo dos seus governos
serem eliminados. Napoleão subiu ao poder porque a burguesia iria perder o
poder na França. O próprio Jesus diz que devemos dar a Cesar o que é de Cesar e
de Deus o que é de Deus, ou seja, os bens materiais são mínimos comparados ao
poder espiritual e da autoconsciência de si mesmo. A questão é: será que as
pessoas querem o bem das outras pessoas ou seguem ideologias e religiões para
se autopromoverem?
O ex-participante do programa Big Brother Brasil (2005) e
ex-deputado do Partido Socialista e Liberdade, Jean Wylys, não é
socialista. Assim como muitos famosos
não são o que dizem que são, apenas querem “surfar” em uma “onda” que está se
formando naquele momento. João Gordo não pode ser anarquista tendo um busto do Mussolini
na sua mesa (ainda chama o atual presidente de fascista e nazista), uma Baby do
Brasil não pode ser evangélica e montar trio elétrico gospel. A espiritualidade
não pode ser compreendida somente no cristianismo – mesmo o porquê, não
entenderam nada no que Jesus disse em autoconhecimento e a espiritualidade sem
nenhum templo – assim como uma ideologia política não pode ser entendida sem
conhecer a política. O socialismo não passa de uma ditadura do centro
acadêmicos e intelectuais que se moldaram a partir de uma ideia paternalista – onde
a massa que não tem o conhecimento deve ser guiada – que não passa, de uma
ideia hierárquica. Os maiores ditadores socialistas eram professores (como
Lenin e Stalin). Não querem libertar o ser humano das correntes, como está no
teorema da caverna de Platão, e sim, botar o ser humano em pé de igualdade
econômica. Sendo impossível: o ser humano tem sua individualidade espiritual,
de valores, vontades e sentimentos. E como disse, não se pode melhorar a
humanidade com apenas o meio econômico.
Penso que o deputado não vai para o estrangeiro por causa de
ameaças de morte, porque várias pessoas têm ameaças de morte. Afinal, estamos num
país marcado com ignorância que é alimentada pelo medo daquilo que é diferente
e pelo medo da mudança. Aqui se tem muito medo de mudar e por causa disso, o
povo daqui não consegue desvincular com o passado. Nós evoluímos e conforme
evoluímos, a tecnologia e o mundo evolui. O universo é a ressonância da nossa
consciência de fazer e construir a nossa realidade. Mas o que seria a realidade? Será que estamos
mesmo vendo o real? Tudo que temos como realidade, temos um termo para chamar. Então,
a nossa realidade é feita pela linguagem e conforme a linguagem, podemos
construir a realidade a nossa volta. Se eu falo, por exemplo, que quero uma
maçã vermelha eu sei o que é uma maçã e sei o que é vermelho. A maçã vermelha
faz parte da minha realidade, porque me foi ensinada pela cultura que a fruta é
uma maçã e que aquilo estar vermelho. A maçã é um substantivo masculino e que é
o sujeito na frase, porque estou vendo aquela maçã e que é o objeto do meu
desejo. O vermelho é um adjetivo, porque o adjetivo é dar uma qualidade.
Voltamos a ressonância da realidade. Se colocarmos o filme
Matrix vamos chegar a narrativa dominante de uma cultura que são alimentadas pelo
ser humano, seja num trabalho físico ou alimentando num modo ideológico. Num modo
físico, podemos dizer, que a questão é de produção de massa que as grandes
empresas precisam para produzir as coisas que o ocidente pensa precisar. Uma pergunta
básica daquilo que você quer e que precisa perguntar antes de comprar: eu sou
aquele objeto que estão me oferecendo? Será que estou sendo induzido a querer
esse objeto? Não há problema nenhum em ter objetos que usamos, como eu tenho esse
computador, como eu tenho a cadeira de rodas que tenho que ter para me
locomover. A questão que minha cadeira de rodas de R$ 1 mil reais, mais ou
menos, faz isso num mesmo modo de uma de R$ 33 mil reais e que tem tecnologia
da NASA (ou diz ter, eu não sei). A questão é que não sou minha cadeira de
rodas, eu sou apenas uma pessoa com deficiência física que uso um objeto. Os objetos
vão dissolver na terra ou em outro local e suas moléculas vão voltar as suas
origens, como nós mesmo (do pó vieste e do pó voltarás). Isso nada tem a ver
com a ideologia liberal ou a socialista (que já escrevi sobre).
O sonho que é mostrado no filme, tem uma explicação metafisica
e uma explicação não metafisica. A explicação metafisica é a explicação religiosa
que o mundo é uma grande ilusão e só vamos nos libertar quando aceitarmos Jesus,
buda e etc. Isso já começa com as filosofias orientais – mais precisamente as
hindus a cerca de cinco mil anos – que diziam que o mundo é uma ilusão e temos
que ver a verdade, ou seja, a verdade é o encontro entre o verdadeiro eu e a
realidade que nos cerca. O próprio Buda Sakiamuni disse que nossos pensamentos
e nossas atitudes moldam a nossa realidade, ou podemos dizer, que todo efeito
sempre haverá uma causa. Assim como Jesus também disse que não era pecado o que
entra na boca (alimento), mas, o que sai da sua boca. Ou seja, pecado é uma
falta com o Eterno (não gosto de chamar de Deus, porque se vulgarizou o termo),
então, o que você fala pode modificar toda a realidade e pode trazer uma falta
para o TODO. No mais, todos os filósofos e avatares (também, profetas
verdadeiros), disseram ser uma ilusão total essa realidade e se nós nos
conhecemos, podemos modificar essa realidade.
A explicação não metafisicas são as ideologias políticas vigentes,
porque usam a narrativa da esperança. Se pensarmos no capitalismo liberal,
vamos ver que é muito difundido que somos libertos de fazemos e termos o que
quiser e temos que dar uma taxa para o governo, para nos garantir o nosso bem-estar.
Acontece, que todo o ESTADO é movido a dificultar no máximo isso e que não garante
nem segurança, nem aprendizado escolar (educação é e só pode ser familiar) e nem
emprego. A burocracia estatal colabora com a corrupção, não garante que
trabalhamos com segurança e nem garante que minorias não sejam discriminadas na
hora de serem empregadas (como acontece com as pessoas com deficiência). Então,
no capitalismo ficamos presos na narrativa da falsa liberdade que tanto nos
iludimos. O capitalismo também, colocou a família ideal, colocou o romantismo
como um meio de consumo no casamento, consumo até mesmo, no ritual. No modo
socialista, se vendeu uma igualdade social que não existe, porque o socialismo já
começa desigual. Por que que se tem que ter uma elite que deve ensinar o
comunismo ao povo? Será que o ser humano não é adaptável a mudanças de regimes
ou mudanças de posturas sociais?
Mas, como no filme ou no teorema da caverna platônico,
aquele que descobre como se processa a Matrix deve ser sacrificado
(sacro-oficio) para o bem maior. Jesus foi esfolado pela liberdade humana, Sócrates
foi envenenado por causa da verdade e todos sempre diziam, sobre a autoconsciência.
A revolução tem que ser dentro de nós mesmo.
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