terça-feira, 8 de janeiro de 2019

Estudos apontam: as pessoas com deficiência podem ser mais sexys do que a maioria da população









Amauri Nolasco Sanches Junior

Uma das características da minha filosofia é pensar fora da caixa, sair do senso comum para sair da Matrix, que não passa de um espirito de rebanho. O espirito de rebanho é bem simples, só você ficar 5 minutos em qualquer rede social e você vai ver pessoas implorando para seu like, mostrando todas as partes de seu corpo perfeito em uma foto. Poderia ser uma foto de Photoshop? Poderia esconder celulites, seios caídos ou cicatrizes de tombos da infância? Poderia. Isso me fez pensar e lembrar um dos episódios do Black Mirror – se eu não me engano, o primeiro da 3º temporada – que se chama Queda Livre. Interessante ver um mundo certinho, onde as pessoas são perfeitas e amigas, porque o status online tem que receber 5 estrelas. Não existe pobre no Instagram. As pessoas são sempre felizes e dentro de resordes caros, cheios de nuances e perfeição. Claro que você não vai postar sentado no vaso sanitário, mas, podemos postar você naturalmente.

Você pode estar se perguntando: qual estudo é baseado o artigo? No meu mesmo. As pessoas sexys são as pessoas naturais sem rosto de pegador (a), que torna tudo superficial, sem corpos perfeitos e sem nenhum viés ideológicos. Não adianta postar uma foto de biquíni e na descrição escrever “Jesus no comando”. Como disse Gandhi: “Gosto do seu Cristo, mas não gosto dos seus cristãos. Seus cristãos são tão diferentes do seu Cristo.”. Exato. Demorei para ver que Jesus não pregou toda essa moralidade e até foi contra algumas normas da religião judaica, no qual, ele pertencia. Mas porque as pessoas com deficiência não podem ser mais sexys do que as demais pessoas? Acho que é porque somos pessoas verdadeiras em todos os sentidos – pelo menos uma grande parcela, porque existem os canalhas com deficiência sim – sem maquiar muito aquilo que é obvio e que tem a ver de um modo, bastante, estético.

A estética em si é um estudo novo, deve ter uns 200 a 300 anos, mas a questão do corpo é uma questão bastante antiga dentro da humanidade. Aliás, essa coisa de adorar corpos perfeitos veio do cristianismo que trouxe uma discussão do tempo do filósofo Platão, que ele diz que o ser humano só ama corpos perfeitos. Platão vivia num mundo onde as pessoas com deficiência – pelo menos da grande elite – eram eliminados por causa da sua imperfeição. A imperfeição era vista como um castigo dos deuses ou um grande entrave para a boa convivência social. Ainda hoje, se tem notícia que existem pessoas que acham que a deficiência vem da concepção errada ou algum pecado. Com a piedade cristã – não “mucho” com os churrascos que eles faziam na era medieval – começou a tratar nós com deficiência, como pessoas que merecem ter piedade. Éramos pessoas sem alma e que não poderíamos racionar, não podíamos sentir e não podíamos reproduzir. Trabalhar então, nem pensar.

As coisas mudaram só um pouco. As pessoas ainda acham que não fazemos sexo e nos tratam como crianças, como se fossemos eternos assexuados que um simples namoro, é apenas de mentira. A questão vai muito além. As pessoas ainda perguntam para quem está nos acompanhando e não para nós, sendo que, nos tratam como crianças crescidas e que não poderíamos pensar ou sentir algo. Fica um pouco pior quando dizemos nossa deficiência que é paralisia cerebral, que muitas pessoas ainda acham, que se limitam como as que tem ela mais severamente. Só que nós somos normais. Pensamos, sentimos e temos desejos. Temos a libido e somos assexuados sim. Temos desejos pelo sexo oposto e temos até pessoas com deficiência que são homossexuais.

Mas qual a questão desse texto? Uma indagação de uma amiga que foi bastante pertinente. Ela estava procurando um artigo que mostrasse que pessoas com deficiência são pessoas sexys também, mas não encontrou. Talvez, com o fenômeno do Teleton e ainda uma visão infantilizada das pessoas com deficiência, as pessoas achem que não somos atraentes, não numa forma estética, mas, é uma visão de uma pessoa desprotegida. As mulheres com deficiência sofrem mais por serem mulher e com deficiência, que sofrem abusos, que sofrem discriminação e sofrem a subproteção da família. Lá fora há uma visão muito mais ampla. Uma visão que uma pessoa com deficiência pode sim ter uma vida e porque não, uma vida sexual. A pergunta que fica no ar é: será que as famílias são mesmo tradicionais? É tradição os irmãos fazerem o que quer e as mulheres com deficiência não podem? Existem ensaios de pessoas especializadas, mas, cadê a grande imprensa que muito se preocupa com as minorias e muitos pouco se mostra ou escreve dessas minorias? Cadê estudos acadêmicos sérios desse tema? Porque não é só a direita tem um certo preconceito, a esquerda também tem muito.

Não vi, além dos blogs e além de agências especializadas, nenhuma comentarista de moda comentar desfiles inclusivos e ensaios dessas agencias. O que podemos observar – sem nenhuma dúvida – que há um certo discurso que ainda são enraizadas nessas culturas que não são discutidas e essas coisas são escondidas. Por que nos escondem? Por que nos fazem como crianças crescidas? Esse é o mistério que em pleno século vinte e um não desvendamos.




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