Amauri Nolasco Sanches
Junior
David Hume, em seu livro Investigação Acerca do Entendimento
Humano, na Seção V (Solução Crítica Destas Duvidas), diz que tanto as paixões
filosóficas como as paixões religiosas parecem ser expostas, mesmo que elas
procurem terminar com os vícios e corrigir os hábitos, ao inconveniente, quando
são manejadas com imprudência (bem Aristóteles) de só encorajar uma inclinação
predominante (da massa?) E levar ao espirito resolutamente na direção do
temperamento natural. Mas qual a solução? Hume nos diz, enquanto se espera o
grande limite do nosso próprio espirito, e assim, tornar nosso pensamento como
a de Epicteto e os estoicos, que ensinavam um sistema mais refinado de egoísmo
e nos persuadir racionalmente de nos desligar de toda virtude como todos os
prazeres sociais. Mas o que é virtude? A virtude é uma qualidade moral
particular, que é uma capacidade humana, não tem em outros animais, na qual é
regido apenas pelo instinto. Toda virtude é uma conduta dentro de uma moral
social vigente em praticar o bem, segundo a justiça dentro daquela moral. Hume,
dúvida dessa justiça e concorda com os estoicos que devemos esquecer esse tipo
de moral, porque ela pode ser enganada pelos sentidos e pela memória como é
demostrado nessa seção (aliás, esse livro dele é bastante interessante).
Sou um cético quando se é referido dentro da política e
dentro de qualquer religião, porque concordo com os estoicos e com Hume, que os
sentidos podem nos trair em alguns momentos. Por isso Hume vai dizer que, diante
a essas azafamas (grande atividade e confusão; atropelo, atrapalhação) e
fadigas nos negócios (trabalho no seu tempo), que é uma racional desculpa para
se entregar a preguiça; há uma corrente filosófica que é menos falada a esse
inconveniente, porque se alia a qualquer tendência ou propensão natural. Essa
corrente filosófica é a acadêmica ou cética. É o filósofo escocês explica, que
essa filosofia acadêmica fala sempre na dúvida, sem uma resolução apressada em
confinar dentro de uma só resolução a investigação de um entendimento e
estreitos limites e em renunciar a todas as especulações que transbordam da
vida e da pratica cotidiana.
Por que eu escrevi tudo isso? Porque eu acho que um filósofo
não deveria defender nada, e sim, duvidar daquilo que é exposto em qualquer
lugar dentro da sociedade. Aí entra o que Hume disse em seu livro, que para filosofar
devemos esquecer as virtudes e aos prazeres sociais. Um filósofo que gosta de
ficar na boemia não pode duvidar de nada, porque ele se entrega a esse prazer.
Se o filósofo usa o argumentum ad homeninem (argumento contra a pessoa), ele
passa a acreditar em uma verdade e quando ele acredita numa verdade, as dúvidas
começam a perder o sentido. Quando você acusa alguém de não ter diploma de
asno, se começa a chamar de Tales de Mileto até Platão – porque Platão só era
um seguidor de Sócrates e não era diplomado – de asnos também. Você xingando e
usando de escarnio contra a pessoa e não nas ideias, você começa a não ter um
argumento para rebater as ideias ou não sabe nada dessas ideias. Quem conhece o
Paulo Ghiraldelli Jr e o Olavo de Carvalho, sabe muito bem que a questão dos
dois é quem xinga mais quem descordam deles.
Quando um filósofo discorda do outro, em tempos clássicos e
em países que formam reais filósofos, um fica debatendo as ideias do outro.
Voltaire, ao ler o livro de Rousseau, não xingou ele e sim, disse que sentiu
vontade de andar de quatro e comer grama. Quando Proudhon discordou de Marx,
ele apenas deixou o grupo dizendo que Marx estava criando uma ditadura do povo
(proletariado). Anos depois, a URSS provou que Proudhon estava certo. No vídeo “MAMÃE
CHOREI - POR CAUSA DE FLÁVIO BOLSONARO”, Paulo Ghiraldelli Jr fala de um
aumento da argumentação dentro do debate seja na área política, seja na filosofia,
seja na área de qualquer coisa. Mas como elevar no nível do debate se ele
próprio xinga e bloqueia quem discorda seu ponto de vista? Quem conhece o Paulo
dos grupos – o Olavo sempre foi mais arrogante – sabe que ele xinga mesmo as
pessoas de burras e quando o bicho pega, como no caso da jornalista, ele diz que
fake ou que a conta dele foi invadida. A questão é: não há elevação de nada se
você não sabe debater nada, se você quer fazer uma seita e não um debate
filosófico. Paulo não entendeu Hume e nem os estoicos e, muito menos, Sócrates.
Como ele quer falar para o Arthur do Val, que quer elevar o debate? Como ele
fala para o Arthur estudar se nem ele entendeu o que é ser filósofo?
Filósofo está acima do bem e do mal. Filósofos não ficam
alimentando coisas que não está no controle de algum ser humano. Filósofos não
podem ter crenças nenhuma (porque acabam ficando presos em uma só verdade). Filósofos
analisam a moral como se não tivessem nenhuma moral, assim como Hume está
dizendo. Suspender qualquer noção de crença, de moral ou de prazeres humanos.
Um filósofo que se rende ao senso comum – que há até dentro da academia
brasileira existe – está propenso a se confundir dentro dos seus sentidos.
Paulo Ghiraldelli se engana que ele, vendo novela e vendo BBB ou tudo isso, vai
ser um filósofo da massa, porque não vai. O Olavo conseguiu montar um
pensamento próprio, que mesmo alguns pontos malucos, é dele. O que o Paulo fez
ou defendeu tudo esse tempo dentro da internet? A educação ou a não banalização
da filosofia? Ele mesmo banaliza a filosofia. Ele usa Sloterdijk como se
entendeu toda a sua filosofia. Luiz Felipe Pondé entendeu Hume e o ceticismo
filosófico – muito embora, muitos vão dizer que é uma filosofia de autoajuda – ele
não vai junto ao senso comum, muito embora, acho que ele escolheu um lado
ideológico.
Ao meu ver, um filósofo deveria estar acima de qualquer
mazela ideológica e ter a plena certeza, que tudo isso é uma tremenda bobagem. Ninguém
é obrigado a seguir um pensamento ou uma ideologia, temos antes de tudo, ter a consciência
em sempre ter a dúvida, porque o importante não é a resposta e sim, a pergunta.
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