sábado, 19 de janeiro de 2019

Ninguém quer ler Olavo de Carvalho









Amauri Nolasco Sanches Junior

Será mesmo que o público leu o filósofo Olavo de Carvalho? Será mesmo que seus livros foram bem vendido pelas suas ideias ou porque ele falava mal do Lula e do PT? Porque sabemos que o povo mal ler um post de Facebook ou de Twitter, ainda mais, livros de filosofia e de pensamento como do Olavo de Carvalho. Posso ter algumas divergências filosóficas e ideológicas com ele, mas, aprendi muitas coisas com ele ao longo da minha estada na internet. Nem acredito que um filósofo ou um intelectual, se faça só na academia como prega Paulo Ghiraldelli Jr. Claro, que a filosofia tem seus jargões certos, existe uma maneira certa de se fazer, porém, pessoas podem sim aprender fora da academia esses jargões filosóficos que usamos. A questão é muito além do que jargões ou ter diploma, vai ao encontro da educação e da nossa cultura que acha que um filósofo é um ser inútil, porque produzimos intelectuais e não filósofos.

Essa questão vem desde que fomos colonizados pelos jesuítas lá no século dezesseis. A igreja católica sempre pregou que o conhecimento era uma vaidade e sempre incentivou a ignorância, então, o nosso povo pegou ranço desse conhecimento. Por isso mesmo, o brasileiro é um pouco distante da leitura, porque temos uma cultura positivista da pratica e não da teoria, nunca gostamos de pensar e refletir. Por isso mesmo, nossa infraestrutura é uma porcaria, sempre fazemos as coisas nas “coxas”, porque não gostamos de parar e planejar as coisas. Já fui coordenador de um movimento grande em prol das pessoas com deficiência e eles tinham aversão ao planejamento, porque achavam que as coisas tinham que ser na pratica. Sim, Aristóteles disse que é melhor ter a pratica do que a teoria, mas, sabemos que o que ele estava falando, era a pratica de filosofar, de pensar e fazer críticas.

Dentro da filosofia a crítica não é somente falar mal, mas, analisar de fato, um problema que pode ter várias soluções. Uma das minhas críticas ao que o Olavo fala ou escreve, não é ele falar as bobagens que ele diz da Pepsi ou que a teoria da Terra esférica não tem fundamento, porque isso é uma tremenda palhaçada e a gente sabe, que isso é para ficar em evidencia; mas, é ele achar que só os filósofos clássicos fizeram filosofia e não os modernos e os contemporâneos. Não há nenhuma analise seria do Olavo pelos filósofos de agora, que chama todos de imbecis. Tem até um ranço grande com Nietzsche por conta da frase “Deus morreu”. No Jardim das Aflições, livro que deu a ele o nome do seu documentário, ele crítica Epicuro com a moral católica dizendo que o filósofo pregava o prazer desmedido. Isso não é verdade. Quem estuda o filósofo grego sabe, que Epicuro pregava o prazer equilibrado e essa fama de hedonista foi muito espalhada pela própria igreja católica.

 Ora, ele criticou a igreja protestante, mas, se não fosse ela, ele nem poderia ser filósofo (ia ser queimado em praça pública, fora os avanços que se seguiram após a revolução de Lutero). Vários pastores pentecostais, além de lerem (ou dizerem que leram) ainda apoia o pensador sem saberem, ou sabem, que o filósofo chamou eles de “vigaristas”. Olavo faz críticas contundentes contra a ciência, mas, esquece do computador que usa, esquece do hospital que foi cuidado. Claro, que acho que a ciência não está imune de críticas, ou até mesmo, duvidas. Mas devem ser duvidas logicas dentro de um sistema de comprovação, que claro, só é uma mera opinião. Platão, que Olavo de Carvalho gosta tanto de repetir, disse que uma mera opinião (doxa) não leva o ser humano ao conhecimento e sim, o pensamento lógico e filosófico. Aliás, a filosofia não é uma mera opinião ou mera falas ideológicas – se pode fazer ideologias com certas filosofias, como aconteceu com o marxismo ou com o anarquismo, mas, não se pode filosofar ideologicamente – se crítica com argumentos contrapondo-se a aquilo. Posso criticar as ideias de Karl Marx, por exemplo, mas se eu chamar ele de vagabundo e achar que ele não é filósofo por causa disso, é uma mera opinião. Um homem que escreveu um livro e trabalhou dentro da sua ideia, pode ser chamado de vagabundo? Ora, ser contra a teoria socialista até eu sou contra, mas, temos que criticar as ideias e não a pessoa para ser filosofia.

As pessoas não entenderam, junto com Olavo de Carvalho, que as coisas não são quadradas ou redondas como pensam. Existem coisas além do que ideologias por trás de uma transação comercial, que mexem com a economia de um país inteiro (consequentemente, o PIB). Quando imaginamos uma esfera, imaginamos que essa esfera seja perfeitamente, redonda sem nenhum defeito. Mas, quando moldamos a esfera que imaginamos, essa esfera não sai, totalmente, perfeita. A questão é muito clara, a política não há uma ideologia perfeita, atitude perfeitas e sim, atitudes comerciais ao país. O próprio Estados Unidos tem acordos comerciais com a China, o próprio presidente, Donald Trump, viajou até lá para fazer mais um acordo. Acho valido a crítica do Olavo por causa do vício do brasileiro de sempre dizer amem para tudo e não ter opinião contraria de nada que ele concorda, ninguém que ele ama ou tem amizade, ou ninguém que interessa para ele. O papel do filósofo é esse. Tirar o povo da caixinha daquilo que sempre estão acostumados a concordarem sempre. Porém, manipular informações para levar o país ao caos, já é uma inconsequência irresponsável e que poderia, por ventura, levar a prisão por lesa pátria.

Mas, o leitor deve estar perguntando: o porque eu acho que ninguém quer ler o Olavo de Carvalho? Pelo artigo que eu escrevi no Blasting News que ninguém quis ler, ninguém abriu e ninguém quis olhar a defesa até, que eu coloquei no artigo, da deputada do PSL – partido de Bolsonaro – Carla Zambelli dizendo coisas esclarecedoras. As pessoas só querem xingar e criticar e não estudam. Será que a maioria sabe o que é comunismo? Será que as pessoas sabem o que o Olavo de Carvalho escreve é filosofia? Ou as pessoas só entendem o que lhe interessam? Vale a reflexão.

PODEM CLICAR QUEM QUISER LER:





Nenhum comentário:

Postar um comentário