segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

Faustão acertou em sua crítica e não foi para Bolsonaro – Brasil tirado a limpo




Amauri Nolasco Sanches Junior

Eu assisto o Faustão a muito tempo e sei que ele faz críticas genéricas de todos os governos. Durante os 30 anos de Rede Globo, Fausto Silva, foi o único apresentador com uma certa liberdade de fazer críticas de tudo, desde a produção até o governo que está lá. Para mim não há nenhuma surpresa que ele faça esse tipo de crítica e isso fica bem claro, como o Faustão é isento em seus comentários. Faz muito tempo que não vejo televisão, porque se eu tenho serias críticas a esses canais (leia-se: TODOS), eu tenho que ser coerente com aquilo que eu critico e não vejo aquilo que eu critico. Então, não sei em que formato está o programa Domingão do Faustão, porém, eu vejo o Faustão desde 1989.

A questão é que temos uma população que não tem uma escola boa, onde ensine a interpretar textos, interpretar falas que, muitas vezes, nem tem nada daquilo que as pessoas interpretam. Isso, também, tem muito a ver com a questão dos valores do respeito ao outro, daquilo que você não gosta e daquilo que você gosta. Não acho que o brasileiro de um modo geral, seja um povo conservador nos costumes, porque, muitas vezes, trai a confiança, não tem fidelidade nenhuma com a ética e escondido, nem mesmo com a moral. Isso se chama, hipocrisia. Não acredito que um povo que viveu numa cultura corrupta (até mesmo na religiosidade, deturpando as falas de Jesus), queiram continuar nessa cultura hipócrita em que nos encontramos. Quem não respeita as vagas das pessoas com deficiência? Quem não sabe andar num shopping center? Eu fui atropelado – lembrando que eu estava numa cadeira de rodas motorizada – em um shopping center numa tarde de domingo que eu tinha o direito de estar lá. E ainda, vai e doa dinheiro para o Teleton, que nada tem a ver com a inclusão. Mas, isso vai muito além disso, a crítica do Faustão é uma crítica geral da nossa cultura. O Faustão disse:

“Na hora do Carnaval, na hora da seleção, o brasileiro, e nós sabemos muito bem, é um povo que tem união, tem solidariedade, tem uma integração. Por que isso não acontece nas coisas sérias? Lutar por educação, saúde pública, contra a corrupção, contra a incompetência, que é uma forma de corrupção. O imbecil que está lá – e não devia estar – pode até ser honesto, mas é um idiota que está lá e está ferrando todo mundo. Você paga imposto e o que você recebe? Vamos ver se esses novos ares vão mudar”.

O Faustão faz referência ao povo na primeira parte, que quando há carnaval, jogos de seleção brasileira e “porcarias” afins, as pessoas se unem para torcer ou ficar na “putaria” (não faço media mesmo). O brasileiro tem um espirito de rebanho por natureza – Nietzsche iria dizer bem isso mesmo – pois, quer agradar todo mundo para ser aceito dentro da sociedade. Veja as redes sociais. Eu não acredito, que todas essas pessoas estudam política, leem algum livro sobre política ou escrevem sobre política. No mesmo modo, vão a igreja ou seguem alguma religião só porque a maioria vai ou segue, nada é tão volátil do que o gosto musical do brasileiro. Nos países que tem mais estudos e tem valores mais sólidos, o gosto musical é o mesmo, as músicas são afirmativas (nada de voltar ao passado), as músicas são alegres e inteligentes. O que temos no carnaval além de copulação e coisas sem cultura nenhuma? O que temos em igrejas pentecostais e neopentecostais, do que a procura aos bens materiais e nenhum viés espiritual? A integração do nosso povo sempre houve no viés de sempre conseguir algo em troca, alguma vantagem.

Daí o Faustão pergunta: Por que isso não acontece quando é coisas serias? A seriedade do povo brasileiro acaba quando a sexta-feira chega, que o sujeito enche a cara de bebida, enche a cara de balada, vai no puteiro e depois fica gritando que quer moralidade no governo. Como disse, eu sou uma pessoa coerente daquilo que eu tenho de valores, não nego por causa dos outros e nem valorizo demais pelo mesmo motivo. Voltando ao Faustão, ele continua dizendo, que não há o mesmo empenho de união – do mesmo modo na putaria e na espiritualidade fest-food (que você passa duas horas em uma igreja e acha que está bom) – quando é para lutar para ter educação, para ter saúde e coisas afins o povo não se une. Faustão erra em colocar educação e não escolarização, mas, se você falar numa escolarização há vários pensamentos que, muitas vezes, entra em conflito. Na verdade, um ensino de verdade é isento de ideologias e religiões, para respeitar os valores familiares. Saúde sempre a mesma conversa.

Contra a corrupção aí o debate é bastante extenso, porque tem a ver com a ética. Corrupção tem a ver com corromper e só corrompe valores quando não temos tais valores. Não estou dizendo valores religiosos (mesmo o porquê, vários corruptos presos se dizem cristãos e conheço muito cristão que trai a mulher ou o marido, que seria uma forma de corrupção), estou dizendo valores éticos. Quando você dá caixinha para o lixeiro, presente para motorista, o dinheiro do café para não tomar multa, você está colaborando para corromper um sistema que é feito para todos e não só para você. Você respeitar um ministro do Supremo ou em outras instancias é cautela, você respeitar um cadeirante em sua vaga inclusiva, na preferencial ou no seu simples direito de ir e vir é ético. Ética não é não fazer, e sim, respeitar o outro como um ser humano e isso que o Faustão está dizendo. Quando você não é cometente naquilo que você faz, sendo um serviço essencial, você de alguma maneira está sendo corrupto.

Por fim a história do imbecil. O Faustão sempre chamou os presidentes e políticos de imbecis ou outras coisas. Isso não poderia e não deveria ser nenhuma novidade. Segundo o Google, primeiro, que o imbecil seria aqueles indivíduos que tem uma inteligência curta, tolo, idiota, aqueles que tem muito pouco juízo. Segundo, é aquele sujeito sem forças ou um fraco. Sempre um imbecil não pode estar numa chefia ou num cargo maior, por não ter forças para manter a questão governamental. Ou seja, é um idiota que só está lá (mesmo honesto), para atrapalhar o sistema de gestão social e gerar mais burocracias para prejudicar o básico da população. Portanto, sem tocar em nenhum mérito de nenhum político, a questão vai além do novo presidente e vai além das questões gerais. É uma crítica genérica que vai muito além de especificações ideológicas ou religiosas, é uma crítica pontual e deve sim, ser feitas, deve sim ser expostas.

Democracia é isso, temos o ponto e o contraponto.




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