Amauri Nolasco Sanches Junior
Eu assisto o Faustão a muito tempo e sei que ele faz críticas
genéricas de todos os governos. Durante os 30 anos de Rede Globo, Fausto Silva,
foi o único apresentador com uma certa liberdade de fazer críticas de tudo,
desde a produção até o governo que está lá. Para mim não há nenhuma surpresa que
ele faça esse tipo de crítica e isso fica bem claro, como o Faustão é isento em
seus comentários. Faz muito tempo que não vejo televisão, porque se eu tenho
serias críticas a esses canais (leia-se: TODOS), eu tenho que ser coerente com
aquilo que eu critico e não vejo aquilo que eu critico. Então, não sei em que
formato está o programa Domingão do Faustão, porém, eu vejo o Faustão desde
1989.
A questão é que temos uma população que não tem uma escola
boa, onde ensine a interpretar textos, interpretar falas que, muitas vezes, nem
tem nada daquilo que as pessoas interpretam. Isso, também, tem muito a ver com
a questão dos valores do respeito ao outro, daquilo que você não gosta e
daquilo que você gosta. Não acho que o brasileiro de um modo geral, seja um
povo conservador nos costumes, porque, muitas vezes, trai a confiança, não tem
fidelidade nenhuma com a ética e escondido, nem mesmo com a moral. Isso se
chama, hipocrisia. Não acredito que um povo que viveu numa cultura corrupta
(até mesmo na religiosidade, deturpando as falas de Jesus), queiram continuar
nessa cultura hipócrita em que nos encontramos. Quem não respeita as vagas das
pessoas com deficiência? Quem não sabe andar num shopping center? Eu fui atropelado
– lembrando que eu estava numa cadeira de rodas motorizada – em um shopping center
numa tarde de domingo que eu tinha o direito de estar lá. E ainda, vai e doa
dinheiro para o Teleton, que nada tem a ver com a inclusão. Mas, isso vai muito
além disso, a crítica do Faustão é uma crítica geral da nossa cultura. O Faustão
disse:
“Na hora do Carnaval, na hora da seleção, o brasileiro, e nós sabemos muito bem, é um povo que tem união, tem solidariedade, tem uma integração. Por que isso não acontece nas coisas sérias? Lutar por educação, saúde pública, contra a corrupção, contra a incompetência, que é uma forma de corrupção. O imbecil que está lá – e não devia estar – pode até ser honesto, mas é um idiota que está lá e está ferrando todo mundo. Você paga imposto e o que você recebe? Vamos ver se esses novos ares vão mudar”.
O Faustão faz referência ao povo na primeira parte, que
quando há carnaval, jogos de seleção brasileira e “porcarias” afins, as pessoas
se unem para torcer ou ficar na “putaria” (não faço media mesmo). O brasileiro
tem um espirito de rebanho por natureza – Nietzsche iria dizer bem isso mesmo –
pois, quer agradar todo mundo para ser aceito dentro da sociedade. Veja as
redes sociais. Eu não acredito, que todas essas pessoas estudam política, leem
algum livro sobre política ou escrevem sobre política. No mesmo modo, vão a
igreja ou seguem alguma religião só porque a maioria vai ou segue, nada é tão volátil
do que o gosto musical do brasileiro. Nos países que tem mais estudos e tem
valores mais sólidos, o gosto musical é o mesmo, as músicas são afirmativas
(nada de voltar ao passado), as músicas são alegres e inteligentes. O que temos
no carnaval além de copulação e coisas sem cultura nenhuma? O que temos em
igrejas pentecostais e neopentecostais, do que a procura aos bens materiais e
nenhum viés espiritual? A integração do nosso povo sempre houve no viés de
sempre conseguir algo em troca, alguma vantagem.
Daí o Faustão pergunta: Por que isso não acontece quando é
coisas serias? A seriedade do povo brasileiro acaba quando a sexta-feira chega,
que o sujeito enche a cara de bebida, enche a cara de balada, vai no puteiro e
depois fica gritando que quer moralidade no governo. Como disse, eu sou uma
pessoa coerente daquilo que eu tenho de valores, não nego por causa dos outros
e nem valorizo demais pelo mesmo motivo. Voltando ao Faustão, ele continua
dizendo, que não há o mesmo empenho de união – do mesmo modo na putaria e na espiritualidade
fest-food (que você passa duas horas em uma igreja e acha que está bom) – quando
é para lutar para ter educação, para ter saúde e coisas afins o povo não se
une. Faustão erra em colocar educação e não escolarização, mas, se você falar
numa escolarização há vários pensamentos que, muitas vezes, entra em conflito. Na
verdade, um ensino de verdade é isento de ideologias e religiões, para
respeitar os valores familiares. Saúde sempre a mesma conversa.
Contra a corrupção aí o debate é bastante extenso, porque tem
a ver com a ética. Corrupção tem a ver com corromper e só corrompe valores
quando não temos tais valores. Não estou dizendo valores religiosos (mesmo o porquê,
vários corruptos presos se dizem cristãos e conheço muito cristão que trai a
mulher ou o marido, que seria uma forma de corrupção), estou dizendo valores éticos.
Quando você dá caixinha para o lixeiro, presente para motorista, o dinheiro do
café para não tomar multa, você está colaborando para corromper um sistema que
é feito para todos e não só para você. Você respeitar um ministro do Supremo ou
em outras instancias é cautela, você respeitar um cadeirante em sua vaga inclusiva,
na preferencial ou no seu simples direito de ir e vir é ético. Ética não é não fazer,
e sim, respeitar o outro como um ser humano e isso que o Faustão está dizendo. Quando
você não é cometente naquilo que você faz, sendo um serviço essencial, você de
alguma maneira está sendo corrupto.
Por fim a história do imbecil. O Faustão sempre chamou os
presidentes e políticos de imbecis ou outras coisas. Isso não poderia e não deveria
ser nenhuma novidade. Segundo o Google, primeiro, que o imbecil seria aqueles indivíduos
que tem uma inteligência curta, tolo, idiota, aqueles que tem muito pouco juízo.
Segundo, é aquele sujeito sem forças ou um fraco. Sempre um imbecil não pode
estar numa chefia ou num cargo maior, por não ter forças para manter a questão governamental.
Ou seja, é um idiota que só está lá (mesmo honesto), para atrapalhar o sistema
de gestão social e gerar mais burocracias para prejudicar o básico da população.
Portanto, sem tocar em nenhum mérito de nenhum político, a questão vai além do
novo presidente e vai além das questões gerais. É uma crítica genérica que vai
muito além de especificações ideológicas ou religiosas, é uma crítica pontual e
deve sim, ser feitas, deve sim ser expostas.
Democracia é isso, temos o ponto e o contraponto.
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