Foto do Google. Descrição: um cadeirante com roupas punks, com calças rasgadas, uma camiseta preta (a calça também), na camiseta tem uma estampa com um desenho. O seu cabelo é verde e ele ou ela, esta com batom preto com os olhos também pintados de preto. |
Amauri Nolasco Sanches Junior
Dia 3 de dezembro se comemora o dia internacional das
pessoas com deficiência. Aqui no Brasil – como sempre – deveríamos ter um país
mais inclusivo, mas, não temos. Temos estruturas erradas, temos assédios com
mulheres com deficiência (homens também sofrem abusos) – estou devendo um texto
sobre – temos cadeiras de rodas (outros aparelhos) vagabundos e caros,
entidades que fazem seu showzinho em cima da nossa deficiência, o MEC quer
trancar crianças com deficiência em classes especiais. Além, do governo achar
que o BPC-Loas (Benefício de Prestação Continuada de Assistência Social) vai
quebrar as finanças, uma Lei de Cotas de empresas que não funcionam por falta
de fiscalização. Quer dizer, querem cortar o BPC, mas, fiscalizar a lei de
cotas não querem fazer – fora que muitas empresas e muitas instituições,
centros comerciais ou empresas, ou tem as adaptações erradas ou nem tem – e ainda,
o benefício querem tirar. Será que é ético ou antiético? Será que existe
maneiras de encontrar equilíbrio? Talvez. Mas, com uma militância que não tem
argumento, não tem consistência e só usa o esporte para mostrar a deficiência,
fica um pouco difícil.
Não que as reinvindicações não podem ser feitas, mas, sem
vitimismo que são marcas maiores das pessoas com deficiência da esquerda. Acho
e sempre achei – sem achismo – que as pessoas com deficiência não deveriam ter
partido. O Lula e a Dilma – que também foi o governo do Lula – não garantiram inclusão
nenhuma, porque não garantiram nosso direito de ir e vir (que está na Constituição),
o direito da escolarização inclusiva (não teve uma política de adaptação de
todos os tipos), o direito ao trabalho (suspenderam a fiscalização). Mas, é
melhor as pessoas com deficiência trabalharem ou é melhor ficar recebendo um salário
mínimo? Será que se eu, como um publicitário, não conseguiria fazer peças muitos
melhores do que esses “lixos” que eles chamam de propagandas (que só mostram
bundas e porcarias e nada de ideias inteligentes)? Eles olham para minha
cadeira de rodas e pensam que não. Eu como técnico de informática não conseguiria
cuidar de um setor inteiro de uma empresa? Eles olham para minha cadeira de
rodas e acham que não. Será que como filósofo eu não saberia dar aula em alguma
escola ou em algum projeto? Eles olham para minha cadeira de rodas e acham que não.
A questão que a minha cadeira de rodas tem o encanto de infantilizar minha
imagem, como se eu fosse criança ou incapaz.
Não estou reclamando, mesmo o porquê, escrevi três livros e
escreverei o próximo. Só estou mostrando o quanto as políticas inclusivas são políticas
fracas e sem propósito nenhum. Além, claro, temos uma sociedade ignorante em
todos os aspectos. A definição para o capacitismo é a discriminação e o
preconceito social contra as pessoas com deficiência. Ou seja, em sociedades
capacitistas, pessoas sem nenhuma deficiência é vista como normal, e as pessoas
com deficiência, são entendidas como se fossem exceções (como um “biólogo” como
Richard Dawkins, anos atrás, dizer que mães que tem filhos com Síndrome de Down
seria imoral). E essas deficiências devem ser corrigidas por intervenção médica.
A título de exemplo, uma postura capacitista é falar com o acompanhante (sem
nenhuma deficiência) em vez de falar com a própria pessoa com deficiência.
Porém, alguns militantes exageram, porque usam isso para dar
palestras e ainda, por incrível que pareça, usa sua deficiência para ganhar visualização
da mídia. Aliás, para parecer na mídia tem que chorar, fazer o maior drama. Sem
drama não existe nenhuma inclusão, diz a mídia, mas, se houver muita dramatização,
a questão fica banalizada. Além de banalizar, ainda faz com que a sociedade
pegue repulsa da causa. Afinal, quem quer ser obrigado de algo? Será que isso é
democracia? Acho que a maioria do segmento das pessoas com deficiência, na
verdade, são bunda moles que só querem ter uma vidinha vagabunda sem ter o
trabalho, nem, de aprender algo da sua própria deficiência. Ou seja, temos os
alienados que não querem nada com nada e os exemplos de superação. Duas “castas”
que não prestam para nada. Ainda, aguentar paraplégicos ensinarem para nós (que
nascemos assim), a sermos pessoas com deficiência física.
Ainda, tempos de eleição, fizeram um documento que dizia que
todas as pessoas com deficiência estavam junto com Fernando Haddad (PT-SP),
sendo, que não dei nenhuma procuração para me representarem. Isso é um ato democrático?
Como escreveu o filósofo francês André Comte-Sponville, a democracia não pode
ser vista como fraqueza e a tolerância, não pode ser visto como algo passivo. Podemos
tolerar que alguém queira representar algo se nem foi eleito para isso? Podemos
pensar em igualdade com tantos militantes da causa, falando merda por aí? Seja de
um lado ou de outro, não temos nada que comemorar, só lamentar o quanto o Brasil
é atrasado na questão das pessoas com deficiência.
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