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Amauri Nolasco Sanches Junior
Entre 2003 e 2004, eu fui apresentado ao professor Paulo Ghiraldelli
Jr por um amigo virtual, que participava de um grupo virtual do Yahoo, que Paulo
tinha. Esse grupo, bem a grosso modo, era uma espécie de sala de aula, que Paulo
dava suas aulas virtuais. Ele sempre dizia que deveríamos sair do banal para
filosofar e não está de todo errado, pois, filosofar é muito mais do que analisar
a história da filosofia. Aprendi as duras penas. Aprendi e comecei a entender
que a filosofia é muito mais do que repetir – como um papagaio – os filósofos mais
famosos e mais clássicos. Será que não tem pontos filosóficos no Simpsons? Será
que não tem pontos filosóficos em um personagem de novela? Qual a diferença de
uma Capitu, do livro Dom Casmurro de Machado de Assis, com qualquer mulher suspeita
de traição? Ou a Madame Bavary, livro de Gustave Flaubert, que traiu o marido e
se matou ser comparada a qualquer personagem de novela? Uma era clássica e o
outro não? Eu posso muito bem, pegar um personagem de novela e dissertar sobre
o mundo de hoje ou posso pegar uma personalidade e fazer como filósofos como
Adorno e Horkheimer, ou Guy Debord com sua Sociedade do Espetáculo. Qual o
problema?
Paulo foi para a polêmica, começou a mexer com pessoas
famosas e começou a fazer o que criticava (na filosofia, crítica quer dizer uma
análise do fato), e entrou no banal. Começou a fazer vídeo só de “treta” e eu
continuei com a filosofia do banal. Mas o que é o banal? Uma coisa banal é uma
coisa sem nenhum valor, uma coisa que não tem originalidade ou é comum. Uma filosofia
do banal se tranca dentro do academismo (vou até contra a ideia do Paulo,
porque ele defende que filósofo só seria aquele que fez academia), e tirar ela
de grandes problemas da humanidade e trazer a filosofia no simples, no
cotidiano. No meu texto que analiso o feminismo da Kéfera (aqui), eu trago até
a construção social da mulher da Simone de Beauvoir e ninguém entendeu, porque
eu peguei o exemplo da Kéfera, eu analisei e trouxe como argumento os
argumentos do Luba e todo mundo disse, que era apenas uma guerra de egos. Foi o
que aconteceu com o Paulo, ele não largou a filosofia do mesmo, só trouxe para
o seu campo da polêmica e não gosta de argumentar. Disseram que a filosofia tem
outros fins, mas, quais fins são esses? De negar que o YouTube é a nova mídia? Ou,
por ser clássico, só Guy Debord pode analisar a sociedade do espetáculo?
Ora, herdamos dentro da academia – que mais emburrece do que
te dará algum conhecimento – a filosofia positivista de Comte, que junta a filosofia
com a ciência. Se não for de base cientifica, com pares e essa merda toda, teu
livro ou teu artigo, não é de filosofia. Para o acadêmico – o Ghiraldelli se
inclui nisso – se eu analisar algo dentro da filosofia, tenho que analisar
dentro de bases cientificas, mesmo que você tenha base dos filósofos clássicos.
Mas será que a filosofia tem um padrão a
seguir? Será que a questão platônica do senso comum? Porque, por muitos séculos,
a igreja dentro da patrística (pais da igreja) e a escolástica (o aprendizado),
sempre colocou (usando essa parte da filosofia de Platão), como se o
conhecimento só deveria ser do academismo e não do cotidiano. Mas, se
analisarmos o “doxa” de Platão, vamos chegar a essência da filosofia, até socrática.
O que Sócrates fazia? Ele discutia coisas do cotidiano comum, ou coisas ditas
elevadas? Se pode achar que os escritos de Platão, Aristóteles e outros,
escritos considerados eruditos, mas no seu tempo, eram escritos sobre o
cotidiano e era analise da vida grega da época.
Ora, esse é o problema. O problema é a amarração da
filosofia em verdades prontas porque não existem verdades eternas. E se amanhã,
se descobre que o Sol não é uma estrela de hélio e sim, de metano, por exemplo?
A verdade que o Sol é uma estrela de hélio,
caiu por terra e a verdade mudou. Se pode dizer: “O Amauri gosta de Coca-Cola”
e amanhã, eu não gostar mais, a verdade mudou novamente. Nossa realidade é
feita de mudanças e as verdades não podem ser absolutas, porque não pensamos matematicamente,
24 horas por dia. E outra, o 1 não fica 1 para sempre, pelo simples fato, que o
1 representa um único objeto. Só no nosso sistema solar são milhares de objetos
entre planetas, cometas, asteroides, meteoros, luas entre outras coisas. No
tempo de Platão, o cosmos era toda a realidade conhecida, hoje o cosmos, é o
infinito universal. Colocar uma só maneira de filosofar, me parece forçado.
Para mim, a leitura de um só meio de literatura ou de
filosofia, traz a banalização de uma discussão bem pobre. Não pobreza erudita –
porque o brasileiro nunca soube o que é erudição – mas, pobreza de argumento e
gosto bastante das ideias do youtubers, da nova mídia e vou continuar
analisando.
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