Amauri Nolasco Sanches
Junior
“Eu vos digo: é preciso ter ainda o caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante, eu vos digo: tendes ainda o caos dentro de vós” – Nietzsche, Assim Falou Zaratustra, p. 18
Tenho duas coisas que me movem quando eu estou escrevendo ou
querendo dar minha opinião é ser uma metamorfose ambulante do nosso saudoso “Raulzinho”.
Outro, minha “veia” filosófica que o meu pensamento mor – cada filósofo tiro
uma essência que sigo – é a destruição de todos os ídolos que veio, claro, de Nietzsche.
A título de exemplo, posso gostar de uma banda, gosto das músicas e posso
gostar de algumas atitudes, mas, isso não quer dizer que não vou criticar
outras atitudes que não gosto. Só para ressaltar, posso gostar dos Beatles,
mas, reconheço que foram uma banda pop do mesmo naipe dos Black Street Boys. Ou
seja, eu quebro os ídolos e não uso de fanatismo, nem ideológico, nem religioso
e muito menos, televisivo, para analisar. Ídolos são apenas para as pessoas que
precisam de “muletas” conceituais para imaginar ser uma pessoa que não é, ou não
aceitar quem você é.
Para se chegar a destruir ídolos (de qualquer porte) se tem
que ter o caos dentro de você e usar esse caos para criar a estrela brilhante. Quem
conhece um pouco de astrofísica, sabe muito bem, que dentro de cada nuvem
espacial, existe o caos que nasce uma estrela quando as moléculas se agitam. Esse
caos que Nietzsche fala para dar vida a uma estrela dançante, é o caos da
certeza, o caos da morte dos ídolos e só você pode resolver seus próprios problemas.
Você tem seus conceitos, tem seus valores e não mudarão, porque uma sociedade
ressentida, acha que você não pode ser o vencedor (só se você se achar mais
fraco que eles), acha que quem tem um pensamento acima de qualquer ídolo, é um
desqualificado. O ressentido é aquele que não consegue ser o vencedor, aquele
que não tem esse caos dentro dele mesmo, tem que procurar ídolos para confortar
seu próprio fracasso. Se escondem embaixo de religiões ou ideológicas politicas
só para se sentir importante, só para se sentirem senhores de si mesmo, mas,
ainda sim, tem alma de rebanho. Por isso tem os pastores (que cuidam do rebanho
das ovelhas dóceis) ou existem os padres (que cuidam dos seus filhos), porque
quem tem alma de rebanho, quem precisa de um pai, tem que ter alguém que lhe mostre
o caminho.
Aí você começa a pensar que dentro da caverna você só via
sombras daquilo que te falavam que era a verdade, porém, não existe nem fatos eternos
e nem verdades absolutas. Segundo Nietzsche, não precisamos esperar sair da
caverna para ver que aquilo não é verdade – mesmo o porquê ele usou Heráclito que
dizia que tudo muda – porque as sombras uma hora teriam que mudar, porque tudo
muda dentro da realidade. O ressentido – voltando um pouco – vai ver as
verdades absolutas para estar seguro, quem não é ressentido, vê que a realidade
muda e aceita essa realidade. O “amor fati” nietzschiano, é a aceitação que você
está numa caverna e tem que perceber as sombras e graças a essas sombras, você é
dominado. Num outro exemplo, posso pegar minha condição de cadeirante e pessoa
com deficiência física e aceitar minha condição sem me martirizar ou pensar ser
um castigo, pois, é só uma condição que vou ter que me adaptar e lutar pela inclusão
das pessoas com deficiência que estão na mesma condição. Isso está além da
esquerda progressista (muito menos a socialista), muito além da direita liberal
ou conservadora.
Chagamos ao Ubermensch (além-homem ou super-homem) que nada
tem a ver com o fascismo ou o nazismo – que ainda exige um ídolo para seguir – e
sim, ver os verdadeiros valores nobres como valores a seres seguidos, valores
que estão além do bem ou no mal. O “super-homem” de Nietzsche não é o Superman
da DC – alguns até dizem que é ao contrário do que Nietzsche pregava. É escravo
da moral humana num bem totalmente, kantiano – e sim, um ser humano que transcende
as morais que fazem dele mais um num rebanho, um que vê a humanidade acima da
montanha. Ele não é submisso a ninguém e nem a ídolo nenhum, está acima de
qualquer valor vigente e isso que é o caos, as marteladas nos ídolos.
Quando eu escrevi o texto “MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO NÃO QUER EDUCAR AS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA”, nunca coloquei nenhuma ideologia no texto,
mas, fatos que comprovam que o MEC quer mesmo, reabrir as classes especiais. Em
dois grupos que tratam do assunto, pessoas me criticaram (criticas burras por
sinal), no meu modo de pensar e dizendo ser notícia falsa. Ora, isso mostra que
há muitas pessoas que se apegam, ainda, em ídolos e esses ídolos apoiam seu
fracasso. O ressentimento de não aceitar sua deficiência e se trancar numa
ideologia (o Bolsonaro não é nenhum imperador os até mesmo, um ser divino infalível),
ou se trancar em religiões ressentidas que pregam a humildade da submissão, ou
a vitória só se você se submeter para um “deus” ciumento, que adora guerras e
deixou um querubim criar o inferno. Se o Eterno é onipresente, onisciente e
onipotente, não vai ser nada disso, porque ele está acima de qualquer
sentimento humano. Minha convicção espiritual é acima do ressentimento, porque
o caminho espiritual tem a ver com o conhecimento, pois, não há o bem e o mal, há
o conhecimento e a ignorância. Se tenho imagens de todos os líderes
espirituais, é porque conheço cada um deles e suas mensagens.
Críticas vazias ou da perfeita falta de convicção sua mesmo,
fazem de você um sujeito com alma de rebanho. Sempre quando se tem alma de
rebanho, se tem uma mente dual, convicções que não são suas, ações escravas de
outras ações. Quem tem a convicção daquilo que acredita e é (valores de nobreza
verdadeiros), são aqueles que deixam o caos dentro de si para deixar sempre
suas estrelas dançantes, brilhares e serem. Essas estrelas são a celebração da
vida, a verdadeira vitória da vida.
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