quinta-feira, 29 de novembro de 2018

Ministério da educação não quer educar as crianças com deficiência










Amauri Nolasco Sanches Junior

“Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica. ”
(Paulo Freire)

“É por isso que se mandam as crianças à escola: não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as suas ideias. ”
(IMMANUEL KANT)

Primeiro, no Brasil, se confundem escolaridade e a educação. O termo escola tem a origem desde a Grécia antiga, onde o termo era “SKHOLE” que evolui no latim “SCHOLA” que tem o mesmo significado, “discussão ou coerência”. No mesmo modo, tem o significado “folga ou ócio”. Neste último significado, neste caso, seria um tempo ocioso para ser possível ter uma conversa inteiramente educativa. Ou seja, hoje se confunde escolaridade, que deveria ser uma conversa, com doutrinar as crianças para serem o que a ideologia vigente, quer que seja. Já o termo educação vem do português “educar” (que é um verbo), e tem a origem latina “EDUCARE” que é uma derivação de “EX”, tem o significado “fora” ou “exterior” e “DUCERE” que tem o significado “guiar”, “instruir”, “conduzir”. Para os romanos na antiguidade, ter educação é “guiar para fora” e pode ter o significado em conduzir as crianças para o mundo exterior (social), ou para fora de si (o outro). Então, educar não tem muito a ver com escolaridade.

Werner Jaeger (1888 – 1961), dizia que a escolaridade grega antiga (Paideia) era algo a mais. Ou seja, os gregos tinham a escolaridade como algo espiritual, mesmo o porquê, eles usavam poesias homéricas e além disso, coisas básicas de gramática e aritmética. Seria impossível dar esse tipo de coisa nos dias de hoje. Nesses dias, escrevi no Facebook que a questão da escolaridade é que tem muitas matérias que são “inúteis” para o dia a dia. Os gregos e posteriormente, os romanos (de maneira um pouco diferente), entendiam a escolarização como uma ética que entra dentro dos costumes da sociedade. Os romanos enfatizaram bem mais isso quando traduziram “ETHOS” para “MOR” ou “MORES”, pois, a escolarização deveria criar cidadãos hábitos de conviver com o outro. Davam filosofia, gramática, aritmética, filosofia e algumas noções de história. Algumas “SKHOLES” davam oratória e as filosóficas, davam noções de ética. Platão escreveu na entrada da Academia, que quem não soubesse matemática, não poderia entrar. Cada matéria se compremente uma na outra e nenhuma atrapalha a outra, que o mundo moderno, destruiu por causa da ganancia. Se escolariza uma criança não para ser um cidadão, mas, para ser uma pessoa “melhor”.

Tirando as exclusões que gregos e romanos faziam para a garantia da escolarização do cidadão (que era chamado de politikon), eles montaram o sistema escolar muito melhor e muitos mais consistente. Porque era o básico, quem ficava de educar as pessoas eram a família, ou no caso romano, era os “paidagogós”. Na maioria das vezes, esses sujeitos eram pessoas escravas que cuidavam das crianças e as levava ao “pedagogium”. Ora, se o básico deve ser ensinado, como hoje, se colocou tantas coisas para ser ensinadas que nem metade é usada? Essa política de “pode ser” que ele vai ser engenheiro, “pode ser” que ele quer ser professor, “pode ser” que ele quer ser isso ou aquilo, começa a amarrotar as escolas e não dá o que tem que dar – mesmo o porquê, se existem jovens que queiram ser engenheiro, é a obrigação da UNIVERSIDADE ou FACULDADE dar esse tipo de matéria – e deveria ser a preocupação maior do MEC (Ministério da Educação e Cultura) e não, querer trancafiar crianças com deficiência em entidades para não gastarem dinheiro com inclusão.

Como ouvi Jefinho da Praça é Nossa dizer que acessibilidade não é só uma rampa e como eu disse no meu livro – vendido em todo Brasil neste site AQUI – Tratado sobre o Capacitismo, eu digo que inclusão não é só um termo. Ou seja, inclusão não pode ser encarada só na área de acessibilidade, mesmo o porquê, não nascemos em uma floresta, nascemos dentro de uma sociedade. Inclusão é muito mais do que construir uma rampa, colocar piso tátil ou tudo que facilita nossa saída da cidade, inclusão é uma atitude de respeito com as pessoas com deficiência. Não adianta ter vagas destinadas em estacionamento ou em ônibus, e, no entanto, as pessoas não respeitarem o direito de cada um. Rampas podem ser usadas por mulheres com carrinho de bebe, assim como, idosos que não podem subir as rampas. As coisas não são tão engessadas como parecem, que rampas são só para cadeirantes, que as vagas são só para isso ou para aquilo, mas, para pessoas com mobilidade reduzida. Assim, segundo a nossa “confusa e longa” Constituição, a escolaridade é para todos e se deve da-la até para as crianças com deficiência com o convívio com outras crianças.

As classes especiais ensinam? Não. Não há nenhum ensino nas classes especiais – pelo menos eu não aprendi nada nas classes especiais da AACD – há apenas, uma alfabetização vagabunda, um aprendizado fraco e acho, porque faz anos que fiz, não segue a grade de ensino. Portanto, se o MEC quer facilitar para ele, porque adaptar leva trabalho e o governo não quer ter trabalho, leva grana (eles vão pegar o que, né?), leva tempo e ninguém quer pegar o “abacaxi”, no outro, as crianças com deficiência, no outro lado, vai ficar sem o convívio social. Em muito pouco tempo, os países estrangeiros arrumaram isso – também não vamos romantizar, os países da linha latina, como Portugal, Espanha e Itália, ainda tem dificuldade na inclusão de pessoas com deficiência. Outros países como a Índia e o continente africano, a questão é mais grave – e por que raios o Brasil não arrumou? Tiveram 20 anos para fazerem isso e não fizeram nada a respeito. E ainda, há uma pressão muito forte das entidades que claro, com as classes especiais, terão uma “boquinha” dentro do governo.

Mas vamos ser sinceros, num país que tem um programa que explora a imagem das pessoas com deficiência para pedir dinheiro para uma entidade particular (mais ou menos, né? Porque dinheiro público entra na tal entidade), num país onde existem “exemplos de superação” que só é o estereotipo do sujeito que superou sua deficiência para mostra que pode (como se isso fosse fora do comum); onde devemos nos recadastrar para receber uma “merrequinha” e o governo ainda dizer que isso quebra a previdência (não os bilhões roubados ou de funcionários públicos que recebem integral); você espera outra coisa? Um povo que apronta quando é jovem e quando entra na igreja vira santo e passa sermão nos jovens familiares; quando acham que pessoas com deficiência não podem namorar, mas, elas namoraram o mundo; quando pessoas acham que somos assexuados (sim, sentimos desejo); isso não é fruto de um capacitismo velado e a tendência é sim, o MEC fazer isso?  

Na verdade, não há nenhuma inclusão, o que há são resoluções sociais para conseguirem empréstimos no exterior (foi o que aconteceu para o Maluf ter inaugurado o ATENDE aqui em São Paulo), que caracteriza uma inclusão bastante vagabunda. Ponto.

Banda Punk da Finlândia que integrantes são de  Síndrome de Down 



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