Pedaço de papel parcialmente amassado com linhas onde estão escritas as frases ‘negro na senzala, gay no armário, retardado na apae’, além da sigla B17
Amauri Nolasco Sanches
Junior
O preconceito está começando a ganhar “corpo” com a eleição desse
ano e a polarização. Agora imagina você ter uma filha com Síndrome de Down e você
mexendo na mochila e pegando um bilhete dizendo: “negro na senzala, gay no
armário, retardado na apae”. O que você sentiria? Você iria gostar desses
dizeres? Isso se chama, empatia. Você pode se colocar no lugar do outro e se vê
um mundo muito mais evoluídos. Quando você vê um bilhete como esse, com dizeres
nazistas (sim, extrapolou o nível do preconceito e chegou ao nível nazista), ou
essas pessoas gostam de morar nas cavernas, ou essa gente tem que ser preza
para ter uma empatia social. Por que negros incomodam? A mim acho que não incomodam
e são cidadãos como outro qualquer. Por que gays incomodam tanto? A mim não incomodam
e tenho amigos gays e nunca virei gay, porque quem quer “gay no armário”, não se
definiu sexualmente. Por que pessoas com deficiência, seja a deficiência que
for, incomoda tanto? Empatia.
Só para começar, “apae” é uma sigla e siglas são de letras maiúsculas
como “APAE”, só para corrigir o bolsominion. Outra coisa, se você é contra o PT
não deveria ser sinônimo de ser preconceituoso, e ninguém entendeu. Acho isso, além
de ser cafona, ainda pessoas ignorantes que não sabem que no mundo todo tem inclusão.
Pessoas com deficiência tem uma visibilidade muito mais lá fora, porque lá fora
existe muito mais cultura e menos fanatismo. Porque ao mesmo tempo que as
pessoas votam em algum candidato, se ele não fizer ou não ser o que apareceu na
campanha, também criticam o candidato e cobram eles daquilo que prometeram. Preconceito
contra negros, contra homossexual e contra pessoas com deficiência é crime,
leis não tem ideologias. Será que essas pessoas não sabem que essas coisas são crime?
Será que eles não sabem que o mundo evoluiu e tudo gira em torno dos direitos
dos homens? O ser humano é uma espécie só, todos são homo sapiens e ponto.
Preconceitos tem a ver com a ética, por ser tratar de
valores aprendido. Etimologicamente, vem de “pré”, que dará uma visão de uma
ideia de algo anterior, antecedente, que existe de forma primária. Com o “conceito”,
que é aquilo que se entende ou compreende em respeito de algo, derivado do
latim “conseptus”, o significado se refere a construção ideal do ser ou de
objetos apreensíveis cognitivamente. O preconceito é um conceito formato de
forma anterior ou antecedente a constatação dos fatos. Portanto, um sujeito que
tem preconceito é um sujeito que tem uma ignorância que se prendeu em ideias pré-concebidas,
que despreza um outro ponto de vista. Um
outro ponto de vista é ter empatia com o outro, ver o outro como um ser humano,
como um igual. Se um adolescente repete essas coisas num bilhete, ele ouviu e
aprendeu em algum lugar e esse lugar, é na sua casa.
Você cria seu filho dentro de sua casa, sem conviver com o
diferente, sem amigos e assim, você não convive com o diferente. O outro se
torna uma “coisa”, um “objeto” que não pode estar ali e esse filho, vai
ressonar aquilo que os pais dizem. Então, talvez, a ideia essencial do bilhete
seja exatamente a ideia central de uma educação errada, uma educação que por séculos,
olha as minorias como se fosse algo que se deveria varrer “de baixo do tapete”.
Isso é um atraso cultural. Temos uma elite ignorante que acha que essas políticas
são comunistas, sendo, que o comunismo era um governo que eliminava 10% da população,
por causa da comida. Não tinha homossexuais. Não tinha negros. Não tinha
pessoas com deficiência. Aliás, na Rússia, até hoje, é proibido se assumir homossexual.
Se temos uma elite ignorante – que teoricamente, tem possibilidade de ler e se informar
– imagina, um povo que não sabe nem o que gastou naquele mês.
Não vou me aprofundar sobre inclusão, porque todas as vezes que
eu escrevi sobre as pessoas com deficiência eu expliquei sobre. Só vou dizer,
para terminar, que inclusão não é uma pauta só de esquerda, porque essa pauta é
uma pauta mundial. O próprio Aristóteles dizia que é mais barato as pessoas com
deficiência trabalharem, do que serem sustentadas pelo governo. Ele disse isso
em dois mil anos atrás. Então, o mundo educa as pessoas com deficiência para
ter uma inclusão e colocar essas pessoas para trabalharem, produzirem, para ele
mesmo pagar tratamento e pagar suas coisas, até, escolher o que quer usar. Inclusão,
não é um luxo, mas, um direito.
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